Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

Name:
Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Monday, November 26, 2007

Gotas

Como tinha gente me achando mórbido demais pelos últimos posts, vai um textinho sobre as pequenas coisas boas da vida.

O som expelido pelos alto-falantes do carro reverberava por todo o veículo, mas ele não o escutava. Guiava em velocidade média, em sintonia com o ritmo do tráfego, alheio às nuvens, relâmpagos e trovões ao redor. A chuva ameaçava dar suas caras desde manhã, mas preguiçosamente, arrastara a sua apresentação por toda a tarde quente de verão. Parecia ter esperado o pior momento para cair.

Não se poderia dizer que ele, ao volante, estava cansado. Mesmo sendo o final do expediente, seu corpo nada demonstrava em termos de fatiga. Mesmo assim, continuava dirigindo sem animação. Em sua mente, nada além do desejo de uma dose, com gelo, do companheiro Jack, enquanto sentava na poltrona ainda não paga, com um cigarro pendendo na outra mão e a televisão ligada.

Estes eram seus planos para o final do dia. Para o restante daquela quarta-feira. Depois, dormir e acordar às seis e meia do dia seguinte, para a mesma rotina do trabalho. Desempenhar as funções de sempre enquanto ansiaria, mais uma vez, pelo companheiro Jack, a poltrona e o cigarro.

Nem percebeu quando a chuva apaziguadora do calor começou, da mesma forma que não percebeu o momento em que ligou o limpador de pára-brisa. Ainda assim, acompanhava hipnotizado o movimento do limpador, aquele vai-e-vem sem mudanças, preso, cíclico, quando ouviu um estampido. Fraco e abafado pelo som do rádio, mas claro. O automóvel começou a puxar para um lado. Não teve alternativa a não ser encostar e parar.

Por três minutos, continuou sentado dentro do carro, costas encurvadas e as duas mãos no volante. A chuva caía lá fora e o rádio continuava emitindo sons sem destino. Como a água não diminuía, tirou a gravata e a dobrou, colocando-a sobre o encosto do banco do passageiro. Fez o mesmo com o paletó. Abriu a porta e saiu do carro.

A chuva atingiu-o com força. Instintivamente, tentou se proteger levando o próprio braço à altura da testa. Falando consigo mesmo, praguejava contra o infortúnio de um pneu furado em meio a um temporal. Caminhou até o porta-malas e, no exato instante em que abriu o bagageiro, foi assomado por uma torrente de lembranças.

Subitamente, viu-se como uma criança, em frente à sua própria casa. Seu pai lavava o humilde carro da família com esmero, enxaguando-o com água saída de uma mangueira, como se o veículo fosse o bem mais valioso que possuíam. O sol quente daquela tarde de janeiro castigava a pele ainda inexperiente do garoto. Nesta lembrança, aproximou-se de seu pai, que percebeu o sofrimento do filho no cálido clima daquela tarde.

O pai esboçou um sorriso e virou o jato da mangueira na direção do garoto. A princípio, ele fugiu. Em seguida, parou e aceitou receber aquele refrescante jato de água em seu corpo. O menino ficou parado na calçada em frente à casa, sorrindo, enquanto o pai sentia prazer ao ver a felicidade estampado no rosto do filho.

Foram rápidos instantes de lembrança, como um flash. Reviveu a sensação daqueles momentos enquanto abria o porta-malas do carro. Nestes breves segundos, teve a consciência de como, uma única vez, há mais de trinta anos, viveu a vida em todo o seu êxtase. Relembrou a aprazível sensação de ser feliz.

Agora, aquela sensação começava a dominar novamente seu corpo. Em movimentos lentos, deu alguns passos para trás e deixou as gotas escorrerem por seus cabelos e seu rosto. A chuva, que até então era alvo de injúrias, começou a assumir ares refrescantes e agradáveis. Mas o que mudava não era a água. Era ele.

Uma espécie de nervosismo o arrebatou, provavelmente por sentir algo há muito preso em seu peito. Um frêmito de satisfação que nem lembrava que existia. Inclinou levemente a cabeça para trás, deixando as pesadas e carinhosas gotas virem diretamente ao encontro de seu rosto. Abriu os braços, da mesma forma que fizera aquela vez na companhia de seu pai e, pela primeira vez em muitos anos, sorriu verdadeiramente.

Sorriu não como uma conseqüência de uma piada ou por um fato engraçado. Também não foi um sorriso forçado, cínico, do tipo que estava acostumado a presenciar todos os dias. Não sorria para os outros. Aquele sorriso era para si mesmo. Era um sorriso íntimo, que nem ele conseguia compreender a razão. Um sorriso de plenitude, de encontro consigo mesmo. Era um sorriso de pura beleza, com vida e destinado à vida.

Naquele momento, soube que compreendeu algo. Algo que ainda não estava bem claro, mas que, com certeza, teria grande importância. Quando abriu os olhos, era uma pessoa diferente. Liberou-se da anestesia que tinha dominado sua existência por langorosos anos e, enquanto voltava para o carro, pôs-se a admirar cada pequeno detalhe do mundo que o cercava. Uma nova percepção sobre todas as coisas o dominava.

Novamente, ficou alguns instantes parado dentro do carro. Ironicamente, na mesma posição de antes, mãos no volante e costas encurvada. Mas havia duas diferenças. A roupa, agora encharcada, e ele próprio. Deu a partida no carro e dirigiu para casa, mais uma vez com o rádio ligado.

Desta vez, porém, cantava.

Monday, November 19, 2007

À moda antiga

O relógio marcava três horas da manhã quando Lúcio bateu na porta do apartamento ao lado do seu. Ao contrário do vizinho, que dormia há tempos, Lúcio ainda não pregara o olho. Estivera em casa, bebendo, pensando em Mariana e em como ela continuava dominando sua alma.

- Davi! – berrava, jogando o punho contra a porta. – Davi, abre! Davi!

Depois de alguns segundos, a porta foi aberta por um jovem magro, com os cabelos desgrenhados e vestindo pijama azul.

- Que é isso, Lúcio? Tá maluco? Sabe que horas são?

- Não importa. Preciso da tua ajuda.

- Você está bêbado, vai dormir.

- Não! – disse enfaticamente Lúcio. – Preciso do teu violão.

- Meu violão? Pra quê? – Davi perguntou, surpreso.

- Vou reconquistar a Mari.

- Com um violão?

- Com uma serenata.

- Mas você nem toca, Lúcio.

- Você se surpreenderia.

Davi conhecia o amigo e sua forma de lidar com os assuntos relacionados às mulheres. Sabia tratar-se de um sedutor irreparável, de um homem que sabia valorizar o sexo feminino. E admirava isso. Existiam poucos como Lúcio. Davi apenas sorriu e disse:

- Você não muda mesmo – e virou-se para buscar o violão.

Poucos minutos depois, Lúcio dirigia pelas ruas vazias da madrugada, com o violão no banco do carona. Em sua mente, tentava escolher uma música que se adequasse ao momento, uma que levasse Mari à loucura. Mas nada vinha. Chegou à conclusão de que o melhor seria decidir na hora. Deixar o momento agir sobre ele. Permitir que a inspiração viesse diretamente do amor que não o abandonava.

Estacionou em frente ao edifício de Mari e desceu do carro. Na calçada, perdeu alguns segundos procurando a melhor posição para tocar. Posicionou o violão junto ao corpo e começou a passar o dedo pelas cordas. Em poucos segundos, um homem que dormia enrolado em jornais perto de onde Lúcio se encontrava levantou-se e veio em sua direção. Lúcio parou, encarando o mendigo. Este o olhou de volta e sorriu, como se tivesse compreendido Lúcio em todo o seu ser. Depois, voltou para sua cama feita de lixo e continuou observando.

Lúcio tentou concentrar-se novamente no violão. Vez ou outra, carros passavam a toda velocidade pela rua, emitindo ruídos que atrapalhavam sua concentração e eliminavam toda a beleza do momento e da canção que pretendia cantar. Mas ele não desistia. Focando-se unicamente no instrumento, voltou a tirar algumas notas.

Finalmente começou a cantar. Sabia que sua voz não era das melhores, mas isso não importava. O que impressionaria Mari era o gesto. Era a atitude de amor que só continuava existindo em livros e filmes. Pôs-se a interpretar mais alto, para que ela o ouvisse.

A música acabou e nada de Mari aparecer. Determinado, Lúcio iniciou outra. Uma luz foi acesa. Mas na janela do segundo andar, que não era o de Mari. Na janela, apareceu um senhor gordo, de bigode. Gritava furiosamente:

- Você está louco!? O que quer aqui!? Caia fora! Cala essa boca senão eu chamo a polícia!

Lúcio, porém, não pretendia se entregar. Embriagado após dezenas de latas de Skol e com os limites do bom senso arruinados pela paixão, encarnou Romeu e dirigiu-se ao homem:

- Ó, alma infame! Como ousas colocar-te no caminho do amor? Que forças tens quando comparado à grandiosidade do sentimento que a tudo cria? Limita-te, ser pequeno, aos teus aposentos e deixa esta alma destruída buscar o único alimento capaz de sustê-la!

O homem não soube o que dizer ou fazer por alguns instantes. Cogitou estar diante de um louco, de um doente, mas não deixaria que esse psicótico impedisse sua noite de sono.

- Você está louco, guri! Tem cinco segundos para dar o fora daqui!

Outras pessoas já apareciam nas janelas acompanhando o que acontecia. O mendigo também observava a tudo, fascinado.

- Pois faças o que tiveres que fazer, homem insólito – exclamava Lúcio. – Nada em teu poder será capaz de me parar!

O gordo da janela desapareceu dentro do apartamento. Quando Lúcio acreditava ter vencido o embate, o homem ressurgiu. Desta vez, empunhando um revólver preto na mão direita. Apontava diretamente para Lúcio, que ficou com medo pela primeira vez.

- Saia já daqui antes que eu te dê um tiro!

- Calma, meu senhor – Lúcio pediu, mudando o tom. Seus devaneios shakesperianos sucumbiram diante da ameaça e falou com a maior sinceridade: – Só quero que a mulher a quem amo me escute.

- Não me interessa. Eu tenho que acordar cedo pra trabalhar o dia inteiro amanhã. Já inventaram o telefone, sabia?

- Mas, senhor...

O homem deu um tiro pra cima.

- Se não quiser que o próximo seja na sua cara, vá embora.

Lúcio ficou parado por alguns segundos, pensando no que fazer. Cabisbaixo, virou-se e foi em direção ao carro. Ouviu a janela do homem fechando atrás de si.

Algo parecia prestes a estourar em seu peito. Dentro do carro, pôs as duas mãos no volante e encheu os olhos de lágrimas. Não teve tempo de começar a derramá-las. Um leve som metálico ao seu lado chamou a atenção. Virou a cabeça e viu três homens apontando armas diretamente para sua cabeça.

- Desce – disse um deles.

Como um robô anestesiado, Lúcio obedeceu. Pegou o violão e saiu do carro. Não sabia se era o fato de não ter conseguido chegar até Mari, o medo por ter quatro armas apontadas para si em poucos minutos ou tudo o que bebera antes, mas sentia-se desolado. Impotente, viu os três homens saírem dirigindo seu carro, enquanto ficava na calçada, com o violão na mão direita.

Percebeu um olhar fixo em si. Era o mendigo. Lúcio olhou para aquela criatura rejeitada pela sociedade. Os olhares se fixaram um no outro por alguns segundos.

- É, meu amigo – falou o homem com roupas esfarrapadas, dormindo em meio a jornais velhos –, não há mais lugar para nós nesse mundo. Não há mais lugar para amantes à moda antiga.

Monday, November 12, 2007

Pergunta

E o que contariam os criados-mudo se fossem apenas criados?

Tuesday, November 06, 2007

Para fora da bolha.

Uma das primeiras coisas que a gente aprende é que a vida não é fácil. Saímos da completa despreocupação da infância e temos que encarar um mundo que, muitas vezes, parece não nos querer. Começam a surgir as decepções, as responsabilidades, a luta pelo sustento. As coisas param de cair do céu e começamos a aprender que existe algo que faz tudo funcionar e agora é chegada a nossa vez de agir. É inevitável. Não adianta fugir. A não ser que você dê uma de James Dean e caia fora daqui ainda jovem, vai descobrir que o mundo não é feito só de flores.

Digo isso porque, alguns dias atrás, minha mãe disse algo que me fez pensar. Falávamos sobre Tropa de Elite quando ela afirmou veementemente que não iria assistir ao filme. O motivo? Diz ela que está cansada de ver violência, corrupção e todas essas coisas. Completou ainda com a colocação de que não lê mais jornal ou assiste Fátima Bonner e William Bernardes pelo mesmo motivo. Quer distância de todas as coisas ruins que a mídia mostra.

De certa forma, não a culpo. Este é o sonho de todos. Ninguém quer viver em um mundo dominado pela barbárie e pela intolerância, onde é possível roubar sem ser punido simplesmente por estar vestindo um terno de milhares de reais. Eu gostaria que escândalos de corrupção e mortes por bala perdida não aparecessem na TV nas poucas horas de descanso que tenho. Adoraria poder abrir o jornal e ler sobre a felicidade de uma criança ao tomar banho de chuva com os irmãos.

Mas, infelizmente, o mundo em que estamos não é assim. Ou, pelo menos, não está assim no momento. Mães perdem seus filhos por motivos idiotas. Ética tornou-se qualidade, quando deveria ser requisito básico de alguém. Crianças morrem de fome enquanto outros aumentam seus próprios salários. O desrespeito – pelas necessidades, pelos mais velhos, pelos mais novos, pelos sentimentos, pelo ser humano – impera. Vivemos em um mundo cheio de problemas. E virar a cara para isto não é a solução.

Na verdade, não sei qual é a solução. Acho que ninguém sabe ou, pelo menos, ainda não a descobriu. Mas tenho certeza de que ela só virá se estivermos consciente de tudo o que acontece. A gente precisa ver e assistir sobre as mortes, sobre as drogas, sobre a corrupção. Para não esquecer. É fácil criar uma bolha e se mandar junto com Alice para um ilusório país das maravilhas. Qualquer um consegue. Porém, de que adianta? Cedo ou tarde, o mundo à volta vai nos alcançar e é melhor que estejamos preparados.

É por isto que precisamos estar sempre sendo lembrados. A cada minuto, a cada hora, todos os dias. Saber que existe muito podre por aí, muito mais do que gostaríamos. Assim, talvez, a gente possa fazer alguma coisa. Por menor que seja. Pode ser devolvendo ao atendente aquele troco que ele deu a mais. Pode ser levantando a bunda do ônibus para dar lugar a um idoso. Pode parecer pouca coisa, mas a soma de atitudes pequenas faz muita diferença.

De nada ajuda colocar uma venda nos olhos e não querer enxergar o cancro da sociedade. A consciência é o primeiro passo para a mudança. Dela, vem a reflexão. Da reflexão surgem as idéias e, destas, a atitude. Eu não quero mais ver notícias sobre mortes. No entanto, preciso. Sei que existem coisas belas no mundo. Ainda tenho a capacidade de me extasiar com uma bela risada e de encher os olhos com folhas voando sem rumo. Mas não vivemos apenas com isso. E quem quiser pensar assim, quem quiser fechar os olhos, não vai estar somente enganando a si mesmo. Estará enganando a todos nós.

Sunday, November 04, 2007

Desejos

Precisava comê-la.

Foi este o meu pensamento quando a vi saindo do mercadinho. Era jovem, talvez ainda mais jovem do que eu. Os cabelos loiros, reluzentes, estavam presos por um rabo-de-cavalo bem no topo da cabeça, exceto por alguns fios insinuantes que teimavam em balançar-se à frente do rosto. Um rosto branco, quase pálido, de traços perfeitos.

Toda esta beleza encimava um corpo simplesmente deslumbrante, que despertou em mim desejos que há algum tempo não me possuíam. Coxas delicadas, mas com carne suficiente para me saciar. Seios pequenos, daqueles que cabem em uma mão, mas o bastante para minha boca ansiar por aquele contato.

Precisava comê-la.

Claro que não disse isto a ela. Já nos conhecíamos de vista, algo a meu favor para ela não fugir confundindo-me com um maníaco sexual. Abordei-a, falando alguma bobagem sem sentido. Despertei risos, quebrando o gelo. Ofereci-me para acompanhá-la ao seu apartamento. Relutou a princípio, mas acabou cedendo.

No dia seguinte, nos vimos no ônibus. Trocamos mais algumas palavras e convidei-a para jantar no meu apartamento, à noite. Talvez pela suavidade de minha voz, talvez pela hábil escolha de palavras, ela topou. Disse-lhe onde eu morava e que a aguardaria à noite. Perguntou-me qual seria o jantar e eu respondi que, se revelasse, iria estragar o mistério de nossa noite.

Fui para casa feliz. Ou melhor, aliviado. Finalmente sairia do atraso.

Cheguei em casa e iniciei os preparativos. Lavei os pratos, fiz uma rápida limpeza no lugar e preparei a mesa. Vela, cálice, talheres. A toalha de mesa usada apenas uma vez. Na minha última vez. Tomei um banho e coloquei uma roupa decente. O ritual completo. Meia hora antes do horário marcado, eu estava pronto.

Ansioso por aquele momento especial, tentei me ocupar com outros afazeres. Não me foi necessário. Ela chegou quinze minutos antes, evitando minha longa espera.

Parada à porta, sob o efeito da luz da lua que escapava em feixes pelo corredor, ela estava arrasadora. Parecia brilhar naquele vestido preto que ia até metade das coxas e deixava seus seios maiores do que eram.

Deliciosa.

Precisava comê-la.

Chegaria a hora.

Ela entrou, sentamos no sofá e conversamos sobre amenidades. Perguntei se ela queria alguma música e, à sua anuência, levantei-me.

Perguntou qual seria o jantar. Respondi que já estava quase pronto, era só ela aguardar alguns instantes.

Dei play no CD e pulei sobre ela com a agilidade que sempre me deu vantagem nessas horas. Com os movimentos treinados durante noites, quebrei seu pescoço antes que pudesse gritar.

Espalhei jornais pelo chão e despi-a. Com a faca de meu avô, abri sua barriga, retirando fígado, estômago e demais órgãos, colocando-os cuidadosamente em uma bacia.

Cortei-a em pedaços. Tiras, para ser mais exato. Levei ao prato sobre a mesa. Enchi o cálice com um pouco de sangue e saboreei suas carnes, experimentando um prazer que há muito não sentia.

Comi-a, já pensando nos órgãos dentro da bacia para a sobremesa.