Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

Name:
Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Thursday, January 29, 2009

AUSTRÁLIA


AUSTRÁLIA (AUSTRALIA)
De Baz Luhrmann. Com Hugh Jackman, Nicole Kidman, Brandon Walters, David Wenham, Bryan Brown e David Gulpilil.


Baz Luhrmann é um exagerado. Em seus três filmes anteriores, o cineasta australiano criou uma marca autoral para si, em produções que parecem se passar em um mundo paralelo, onde o realismo é deixado de lado para invenções narrativas, brincadeiras de câmera e edição e o forte uso das cores. Até então, especialmente no mágico Moulin Rouge, o estilo histriônico de Luhrmann havia funcionado, com obras empolgantes e emocionantes. Austrália, seu mais novo trabalho, ainda que possua as mesmas características, é o seu primeiro passo realmente em falso.

A história tem início em 1939, quando a aristocrata inglesa Sarah Ashley viaja à Austrália para convencer o marido a vender a propriedade que possuem por lá. Chegando no local, descobre que ele foi assassinado e decide seguir em frente com os objetivos do marido, tornando-se a principal fornecedora de carne de gado para o exército que se prepara a guerra. Para isso, une-se a um homem conhecido como capataz, que a ajuda a levar a manada até a cidade mais próxima e pelo qual acaba desenvolvendo uma afeição.

Esse, na realidade, é apenas o início do roteiro escrito por nada menos que quatro pessoas, incluindo aí o próprio diretor. Austrália, talvez exatamente por essa quantidade de roteiristas, parece construir diversas histórias, atirando para todos os lados. No início, posiciona-se como uma comédia, com interpretações caricatas e situações típicas de filmes cômicos. Em seguida, torna-se um faroeste, quando Lady Ashley leva a boiada para a cidade. Depois, vira um romance com toques familiares, nas relações entre a protagonista e o Capataz e entre ela e o garoto Nullah. E termina como um filme de guerra.

E aí mora o principal problema de Austrália. A obra tenta ser um pouco de tudo e Luhrmann não tem sucesso ao equilibrar esses diferentes gêneros. A impressão é de que são vários filmes dentro de um só, uma vez que a mudança de tom ocorre com certa frequência, na maioria das vezes a bel-prazer de Luhrmann. Por exemplo, a questão da guerra praticamente não ocupa qualquer espaço nos dois primeiros terços da trama. Na realidade, o filme poderia até se encerrar como um faroeste divertido na entrada da manada no barco. Mas Luhrmann parece ter dito para si mesmo: “Quero fazer um grande épico”, e estende a sua obra por mais de uma hora com temas que não haviam sido abordados até então, como a história da guerra.

Caso Luhrmann tivesse sido bem-sucedido ao mesclar diversos gêneros de forma mais coesa, o filme poderia caminhar por si só. No entanto, isso não acontece; o cineasta explora um gênero depois do outro, causando essa estranheza no espectador: somente após encerrar o “momento faroeste” começa o “momento guerra”, por exemplo. Nesse sentido, sua homenagem aos grandes clássicos da época de ouro de Hollywood (como ...E o Vento Levou, Assim Caminha a Humanidade, os faroestes de Howard Hawks e John Ford e, claro, a jornada de O Mágico de Oz) são claras, mas prejudicam ainda mais a apreciação da obra, uma vez que ela fica muito aquém destes filmes em termos de qualidade – ainda que nada deva a eles no quesito espetáculo.

Porém, nem mesmo nesse sentido Austrália funciona de forma correta. Obviamente, o exagero ao qual o público se acostumou a esperar de Baz Luhrmann está presente e faz do filme uma experiência visual arrebatadora, com quadros construídos de maneira impecável e um inspirado trabalho de câmera. Seus planos abertos, mostrando a imensidão desértica da Austrália são belíssimos, e a fotografia com cores que parecem reluzir (em uma clara, mas esteticamente deliciosa, utilização do chroma) ajudam a fazer de Austrália um filme no qual a plasticidade é o maior atrativo, o que sempre é algo perigoso para o resultado final de uma produção.

Se em Moulin Rouge essa estética funcionava, aqui ela entra em conflito com o aspecto mais “real” da história. Para que o espectador realmente embarque no mundo de Luhrmann, é preciso estar com os dois pés bem longe do chão, sem qualquer resquício de realismo. Era o que acontecia em seu filme anterior e não ocorre em Austrália. A artificialidade típica de sua direção briga com a lição histórica da trama e com o fato de os conflitos dos personagens se passarem no mundo real. É uma dualidade que, ao invés de engrandecer a obra, acaba diminuindo-a, pois impede que o espectador realmente mergulhe na história e nas jornadas daqueles personagens.

Dessa forma, o romance entre Lady Ashley e o Capataz, que deveria ser o coração e a “alma” do filme, jamais convence, um pouco pela própria fórmula batida do relacionamento (no início se odeiam e depois passam a se amar) e muito pela forma como os dois personagens são tratados pelo roteiro. Ainda que Hugh Jackman esteja bem, o papel nada oferece de desafiante, funcionando apenas como o estereótipo do machão que demonstra possuir bom coração. Enquanto isso, Nicole Kidman sofre com a inconstância de sua personagem dentro da miscelânea de gêneros e parece interpretar uma mulher diferente a cada novo instante.

Por outro lado, Luhrmann e seus roteiristas acertam na reverência com a qual tratam os aborígines australianos. Austrália é uma verdadeira declaração de amor do cineasta ao seu país e Luhrmann a apresenta como uma terra mística, mágica (acertadamente, nunca fica explícito que a magia funciona), aventureira e repleta de história. Nesse sentido, os personagens de Nullah (o ótimo Brandon Walters) e King George assumem o papel de representação dessa “verdadeira” Austrália, prejudicada pela ganância e insensatez dos povos que a dominaram. Essa idéia, aliás, é representada de forma brilhante naquela que provavelmente seja a melhor cena do filme, quando King George observa estupefato a destruição que a guerra causa ao seu redor, evaporando a identidade daquela terra.

É uma pena que essa reverência de Luhrmann para com o seu país não aconteça também no que se refere às opções narrativas. Além de todos os problemas já citados, o cineasta ainda comete erros que, isolados, podem até ser relevados, mas incomodam quando somados. Por exemplo, o recurso de fazer pensar que certo personagem está morto é utilizado nada menos do que três vezes ao longo da projeção, enquanto as cenas em câmera lenta que nada acrescentam e aqueles momentos manipulativos, na qual a trilha sobre para levar o espectador às lágrimas, igualmente se repetem à exaustão.

Austrália é um filme grandioso e espetacularmente bem filmado, mas com diversos problemas narrativos que tornam cansativas as quase três horas de duração. O exagero de Luhrmann, dessa vez, não vem em termos emocionais, mas apenas estilísticos. Por tudo o que se esperava e, principalmente, pelo que pretendia ser, Austrália pode ser considerado, desde já, uma das grandes decepções do ano.

Nota: 5.0

Monday, January 26, 2009

A primeira vez.

Faz três anos e meio anos que comecei a beber. Pra quem não me conheceu antes disso, é difícil acreditar que até a metade de 2005, eu não gostava de cerveja e não era muito chegado a sair naquilo que os caras de fora do território gaúcho chamam de balada. Hoje, é fácil demais me convencer para tomar um chopp ou ir a uma festa qualquer: basta convidar. Tô facinho, facinho.

Neste final de semana, em meio a um e outro gole em Atlântida, comentava exatamente isso com uns amigos. O fatídico momento que mudou a minha vida e me transformou em um alcoólatra foi a formatura de um vizinho. Tava todo mundo lá, gente que eu conhecia há mais de vinte anos, que cresceu junto comigo. No início da festa, um deles chamou o garçom para um canto.

- Tá vendo aquele cara lá? – disse, apontando para mim. – Não quero ver o copo dele baixar. Se ele der um gole, tu vai lá e enche. Ok? – e passou para o garçom uma nota de não sei quantos reais.

Primeiro, não sei porquê, aceitei tomar um gole. Um golinho, talvez só pra eles não ficarem me enchendo o saco a noite inteira. Não desceu bem, com aquele gosto ruim que pessoas não habituadas a beber sentem quando experimentam cerveja. Mal tinha acabado de tomar, o garçom veio e encheu o copo. Pra não deixar aquilo esquentando, logo dei outro gole. E o garçom voltou. Depois outro gole. E o garçom de novo. Mais um gole. E o carrasco da gravata borboleta. E assim foi a noite inteira.

O cara me perseguiu durante toda a festa. Toda a festa mesmo. Eu olhava para o lado e lá estava o maldito garçom, com uma garrafa na mão e de olho em qualquer movimento meu. Bastava o copo retornar da minha boca para a posição de Playmobil e o cidadão calibrava novamente o recipiente. Eu dava um passo, ele vinha atrás. Tive que pedir licença para poder ir ao banheiro, senão era bem possível o magrão entrar junto comigo.

Resultado? Fiquei bêbado, claro. Não passei mal, não vomitei, não fiz fiasco, mas fiquei bêbado. E aí veio a surpresa, a iluminação, a epifania, o Nirvana: curti muito mais a festa. Como nunca antes. Até então, era adepto do coro que dizia ser possível se divertir sem beber. Possível é, mas não é tão bom. Garanto. E, claro, acabei repetindo a dose. Ou melhor, as doses. Com o tempo, fui me tornando adepto no negócio. Hoje, como disse lá no início, quem me conhece nem imagina que até pouco tempo eu não bebia uma gota de álcool.

Mas tudo bem. As pessoas mudam e, pelo menos, não foi tão tarde. Juro que passei a curtir mais a vida, a fazer mais amigos, a dar mais risadas. Ainda que muito simplesmente tenha se apagado com a amnésia alcoólica. Esse é o lado ruim.

Ou não.

Friday, January 23, 2009

24 HORAS: REDENÇÃO


24 HORAS: REDENÇÃO (24: REDEMPTION)
De Jon Cassar. Com Kiefer Sutherland, Robert Carlyle, Powers Boothe, Cherry Jones, Peter MacNicol e Jon Voight.


Sou fã de 24 Horas. Fã mesmo. Tenho todas as temporadas da série e, sempre que começo a assistir uma delas, não consigo parar até que Jack Bauer salve mais uma vez os Estados Unidos de uma calamidade. Junto a Lost, considero 24 Horas a melhor série da atualidade. São enredos muito bem bolados, reviravoltas incríveis, personagens complexos e desenvolvidos com cuidado e, acima de tudo, coragem para fazer aquilo que o espectador menos espera. Claro que algumas situações são exageradas e inverossímeis, mas, em geral, 24 Horas é um programa magnífico.

Por isso, foi com certa expectativa que sentei para assistir este 24 Horas: Redenção. O filme, que chegou às locadoras brasileiras em janeiro, foi produzido para a televisão americana, com o objetivo de servir de ponte entre a sexta e a sétima temporada, que acaba de estrear em território ianque. Na produção, Jack Bauer encontra-se trabalhando em uma escola para crianças no fictício país africano de Sangala, após viajar por diversas partes do mundo tentando fugir de seu passado. Mas a Embaixada Americana o encontra e envia uma intimação para que Jack retorne aos EUA com o objetivo de responder sobre seus atos. O problema é que Sangala sofre um golpe de estado e cabe a Jack proteger as crianças da escola onde trabalha.

É inevitável comparar 24 Horas: Redenção com a série. Assim como ela, o filme também é realizado em tempo real, com a história ocorrendo nas mesmas duas horas de duração da produção, o que sempre traz uma interessante força dramática. Além disso, o diretor Jon Cassar, um dos produtores e responsável pela direção de boa parte dos episódios de 24 Horas, continua empregando alguns dos recursos utilizados na série, como a divisão da tela para mostrar acontecimentos simultâneos, muitas vezes em lugares diferentes do mundo, e os bastidores da Casa Branca, aqui ocorridos no momento da posse da primeira presidenta americana.

Enquanto isso, Jack Bauer continua sempre um personagem fascinante de acompanhar. Profundamente afetado pela culpa de todas as suas ações do passado (já perdeu a mulher, os melhores amigos, viu a filha rejeitá-lo, passou dois anos em uma prisão da China e muito mais), Jack tenta fugir de seus demônios em locais longe de tudo o que passou e onde possa ser de alguma ajuda para alguém. E Kiefer Sutherland, com toda sua vivência do personagem, equilibra com facilidade as facetas de Jack, desde o amigo compreensivo, passando pelo homem amargurado e chegando até ao assassino eficiente e letal quando necessário.

O grande problema é que 24 Horas: A Redenção nada acrescenta ao que já sabemos sobre Jack Bauer. Se o personagem está em conflito, é somente graças ao que aconteceu anteriormente, e o filme não se desenvolve além disso. Jack começa a produção questionando sua vida, mas logo em seguida a ação tem início e o assunto não é mais abordado. Da mesma forma, a produção conta uma história totalmente dispensável: a guerra civil de Sangala e a posse da presidente Taylor poderiam facilmente ser cobertos com duas linhas de diálogos no primeiro episódio da sétima temporada.

Dessa maneira, 24 Horas: Redenção acaba se posicionando como um filme totalmente sem razão de existir, uma vez que pouco traz de relevante. A curta duração (pouco mais de oitenta minutos) prejudica a criação de um enredo mais elaborado e a complexidade dos personagens, duas pontos que sempre estiveram entre os mais fortes da série. Assim, o trabalho de Jon Cassar não gera a emoção e as surpresas às quais o público está acostumado a acompanhar nas aventuras de Jack Bauer.

24 Horas: Redenção não é, em absoluto, um filme ruim. É uma produção enxuta e com roteiro certinho, que permite inclusive algumas críticas interessantes, a mais clara delas ao posicionamento da ONU em relação aos conflitos internacionais. Além disso, sempre é bom ver Jack Bauer em ação. Mas a história rápida e os personagens rasos jamais chegam a se conectar com o espectador, transformando as cenas que deveriam despertar comoção em momentos estéreis. Vale somente pela curiosidade ou para os fãs que, assim como eu, ainda não começaram a assistir a sétima temporada.

Nota: 6.0

Wednesday, January 21, 2009

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON


Que David Fincher e Brad Pitt são capazes de construir obras-primas, todos sabemos. Afinal, a parceria entre o diretor e o astro já havia rendido dois grandes filmes, Seven - Os Sete Crimes Capitais e o seminal Clube da Luta. Pois a dupla, em seu terceiro trabalho, acaba de entregar mais uma brilhante peça cinematográfica em O Curioso Caso de Benjamin Button. Um dos grandes vencedores da temporada de prêmios nos Estados Unidos – e provável indicado a várias das principais categorias do Oscar –, Benjamin Button é uma fantástica história sobre um homem que nasce velho e vai rejuvenescendo ao longo da vida. Baseado em um conto de F. Scott Fitzgerald (que li e é completamente diferente do filme), o roteirista Eric Roth construiu uma belíssima fábula repleta de lições de vida, contada com um lirismo e poesia até então inéditos na filmografia de Fincher. É, em suma, uma história de amor com tons épicos, que ocorre durante quase um século, mas pontuada por uma abordagem intimista, onde os efeitos especiais (impecáveis, especialmente os relacionados à forma de mostrar a idade dos protagonistas) estão lá como forma de contar a história daquele relacionamento, que é o verdadeiro coração da trama. Enquanto isso, ainda que não cheguem ao status de geniais, as atuações são ótimas, com Brad Pitt e Cate Blanchett optando por interpretações intimistas, perfeitamente adequadas à melancolia adotada por Fincher à obra. O cineasta, com o apoio do diretor de fotografia Cláudio Miranda, cria algumas cenas e quadros esplendorosos, tanto pela magia captada nos momentos quanto pela simples beleza estética dos planos. São cenas como Benjamin e seu pai assistindo ao pôr-do-sol, Daisy dançando em um parque à noite e a tocante sequência com a protagonista segurando um bebê no colo que comprovam o fato de estarmos diante de verdadeiros artesãos dentro da engrenagem hollywoodiana. Mas, mesmo com a irrepreensível parte técnica e as presenças de Pitt e Blanchett, é o roteiro de Eric Roth o grande trunfo de Benjamin Button. O escritor preenche a história com significados sobre a vida e a morte, fazendo de Benjamin e sua diferença uma verdadeira fonte de ensinamentos sobre como viver, versando sobre os mais diversos temas, como preconceito, a compreensão da mortalidade, a busca pela própria essência, a força do amor e, acima de tudo, a noção de que o tempo é feito por cada pessoa. Todas essas colocações são pontuadas com delicadeza por Fincher e pelo roteiro, de forma orgânica à história e não como lições de moral artificiais. Infelizmente, e aí cabem os únicos problemas da produção, Fincher recorre a certos clichês que não apenas são desnecessários, como também quebram o ritmo do filme: o maior deles é o fato de Daisy, já velhinha, contar toda a história através de um diário. Estas idas e vindas no tempo prejudicam a narrativa, que já é delicada por se tratar de quase três horas de produção. Assim, a longa duração por vezes se faz sentir, levantando a pergunta sobre se não seria possível contar a história em menos tempo – talvez sim, mas provavelmente sem a mesma grandiosidade. De qualquer forma, O Curioso Caso de Benjamin Button é um belíssimo filme, muito bem acabado visualmente e com uma história tocante, permeada por cenas que capturam o que o cinema pode oferecer de melhor. Eu já escrevi outras vezes que nada é mais decepcionante do que ver uma boa idéia desperdiçada. Felizmente, com David Fincher no comando, isso é quase impossível de acontecer.

Nota: 8.5

O tempo de Barack

Hoje, nos jornais, só se fala sobre a posse de Obama. É, sem qualquer sombra de dúvida, um momento histórico – não somente pelo fato de ser um negro com descendência árabe, mas também pelo novo presidente ter sido eleito com a promessa de limpar as cagadas que o caubói Bush fez ao longo de oito anos. As expectativas estão altas, quase estratosféricas, em relação aos mais diferentes assuntos, desde a atual crise econômica, passando pela questão ecológica e chegando até os conflitos no Oriente.

Obama prometeu uma solução para cada um desses e outros problemas. No entanto, falar é fácil. Temos aqui mesmo no Brasil o exemplo de um governo que chegou ao poder com determinado discurso de oposição e, em pouco tempo, estava fazendo aquilo que criticava. O novo homem mais poderoso do mundo encantou e gerou esperanças com discursos inflamados, carisma e posicionamento correto em relação aos temas mais relevantes ao planeta, mas – não se enganem – tudo, até agora, fazia parte da campanha para ser eleito. E sabemos que políticos são capazes de dizer qualquer coisa para chegar ao poder.

O verdadeiro teste de Obama começa agora. Até então, seu papel era somente o de inspirar e transmitir confiança. Agora, precisa demonstrar resultados. E, com a alta expectativa criada em torno de sua liderança, as pessoas cobrarão resultados rápidos, com eficiência imediata. Se estes não aparecerem logo nos próximos meses, podem ter a certeza de que os discursos poéticos inflando o espírito e a liberdade norte-americanos serão rapidamente esquecidos, e as lágrimas de esperança trocadas por vozes de impropérios.

Acredito, pessoalmente, que Barack Obama fará um governo decente, com respeito às diferenças, aos direitos humanos e capaz de gerar resultados não somente aos americanos, mas no cenário global – e sua primeira ordem a respeito dos julgamentos em Guantánamo já é um bom sinal. No entanto, também acredito que isso não será realizado da noite para o dia, como muita gente espera. E esse é o grande desafio do novo presidente norte-americano: convencer o mundo de que as expectativas que ele próprio ajudou a elevar demorarão certo tempo para serem alcançadas.

Yes, we can. But not right now.

Tuesday, January 20, 2009

Keep Running

Sábado à noite, praia de Atlântida, litoral do Rio Grande do Sul.

Um grupo de jovens entra na fila do Jimbaran, uma das casas noturnas mais badaladas do local. Subitamente, ao mesmo tempo, começam a fazer alongamentos, como se estivessem se preparando para praticar exercícios.

Diante da cena, uma garota da fila indaga a um deles:

- Por que vocês estão fazendo isso?

Eles trocam olhares uns com os outros antes de um responder:

- Porque vamos fazer uma correria lá dentro.

E no próximo sábado tem mais.

Thursday, January 15, 2009

Menina Arteira

Quem me conhece sabe que sou ligado nessa história de arte. Acho que tenho um gosto razoavelmente apurado para cinema, literatura e música, sendo capaz de apreciar uma obra de qualidade e até expor argumentos para corroborar minha opinião. Mas se há uma forma de arte que realmente não compreendo é a pintura. Nesse quesito, meu gosto é o mesmo da imensa maioria das pessoas. Simplesmente não consigo entender como certas pinturas, que parecem feitas por crianças do jardim, conseguem ser percebidas como expressões de um artista e valer centenas de milhões de dólares. Em um filme chamado “Mestre da Vida”, há uma discussão sobre isso, quando um jovem pintor leva desenhos de crianças com problemas mentais para a avaliação de um renomado crítico de arte. Daquele tipo pedante mesmo, metido a intelectual e com um suéter amarrado nos ombros. O cara acha tudo aquilo maravilhoso, o trabalho de um artista inovador, com uma visão diferenciada e aquela balela toda. O filme é supostamente baseado em fatos reais, mas não sei se essa história realmente aconteceu como filmada. Mesmo assim, ocorreu algo semelhante agora na Austrália. Uma mãe coruja, abismada com os desenhos da filha, decidiu levar ao dono de uma galeria para avaliação. O cidadão se apaixonou pelas pinturas e decidiu fazer uma exposição. Organizou tudo, enviou convites e, na hora, descobriu que a grande artista era uma criança de dois anos. Dois anos! A guria provavelmente nem fala e o cara já dizia que ela era um gênio. Que me desculpem os amantes da pintura, mas vou continuar sem entender o que realmente significa uma grande obra dessa arte.

Thursday, January 08, 2009

Melhores e Piores do Cinema em 2008


Então, pessoas, vamos lá. Depois de dois anos seguidos fazendo só uma lista rápida daqueles que considerei os melhores filmes do ano, dessa vez consegui montar um balanço mais elaborado e completo sobre o que passou nos cinemas brasileiros em 2008. Lembrando, claro, que não sou uma máquina e assistir filmes não é a única coisa que faço na vida, portanto, não consegui assistir diversos filmes lançados aqui. Então, como consequência (sem trema), o que coloco aqui abaixo é uma análise de tudo o que consegui ver que foi lançado nos cinemas brasileiros em 2008.

Antes de entrar nas listas, um comentário rápido: na minha opinião, esse foi o melhor ano do cinema em um bom tempo, com no mínimo cinco filmes que podem ser considerados obras-primas.

Divirtam-se e comentem abaixo.

--------------

Top 10 – Os melhores filmes lançados nos cinemas do Brasil

10) O Caçador de Pipas (The Kite Runner) – EUA, 2007
O diretor Marc Forster realizou uma fiel e bonita adaptação do grande sucesso de Khaled Hosseini. O filme, sem grandes ousadias, adota uma narrativa clássica e se sustenta pela força da história e dos personagens. De forma madura, a obra trata sobre sentimentos como culpa e amizade, contando com ótimas atuações e um olhar respeitoso e bem-vindo sobre os problemas do Oriente.

9) [REC] – Espanha, 2007
Esta produção espanhola, que segue a técnica empregada em A Bruxa de Blair, apresenta atuações naturais e uma tensão muito bem construída pelos diretores Jaume Balagueró e Paco Plaza. Os cineastas deixam muito do medo a cargo da imaginação da platéia e realmente surpreendem nos sustos. Os quinze minutos finais são simplesmente aterrorizantes. Um prato cheio para os fãs do terror bem realizado.

8) Apenas uma Vez (Once) – Irlanda, 2006
Delicado e sensível, Apenas Uma Vez captura de forma mágica a aproximação entre um músico irlandês e uma imigrante tcheca através da música, realmente trazendo o espectador para o coração dos personagens. Além disso, a trilha é marcante e o roteiro evita os clichês. O resultado é uma declaração sobre o poder da música e sobre as dificuldades do amor.

7) Desejo e Reparação (Atonement) – Inglaterra/França, 2007
A princípio um simples filme de época, Desejo e Reparação, pouco a pouco, vai se revelando uma obra extremamente ousada. O diretor Joe Wright foge do comum ao brincar com a própria linguagem do cinema de maneira magistral, ao mesmo tempo em que demonstra grande domínio técnico. As interpretações são ótimas e o roteiro, baseado em uma obra literária, mexe de forma inteligente com as percepções da platéia.

6) Na Natureza Selvagem (Into the Wild) – EUA, 2007
O grande apelo de Na Natureza Selvagem é o fato do personagem principal partir em busca de um sonho com o qual todos podemos nos identificar. Alicerçado em uma atuação talentosa de Emile Hirsch, o diretor e roteirista Sean Penn constrói um belo filme, repleto de grandes imagens e personagens bem desenvolvidos, mesmo aqueles com pouco tempo em tela. Uma obra riquíssima e inspiradora.

5) O Orfanato (El Orfanato) – Espanha/México, 2007
Essa produção de Guillermo del Toro é um exemplo de como realizar um filme de terror. O diretor Juan Antonio Bayona e o roteirista de Sergio Sanchez acertam ao desenvolver os personagens, construindo a relação entre estes e a platéia. Assim, as cenas mais tensas – dirigidas de forma impecável por Bayona – realmente geram nervosismo no espectador. De quebra, O Orfanato tem um final belíssimo e perfeito à história.

4) Onde os Fracos Não têm Vez (No Country For Old Men) – EUA, 2007
O filme que consagrou de vez os irmãos Coen é uma obra densa, que exige a interpretação do espectador para ser completamente apreciada. As atuações são perfeitas (destaque para o psicótico Javier Bardem) e a direção é segura, mas são as sutilezas do roteiro na reflexão sobre o mal que fazem de Onde os Fracos Não Têm Vez um grande filme, digno de todas as premiações que recebeu.

3) WALL-E – EUA, 2008
Novamente, uma animação da Pixar figura na lista dos melhores do ano. Wall-E é engraçado, tocante e mágico, com algumas cenas que capturam o que existe de melhor no cinema. Boa parte do filme é sem diálogos, uma ousadia do diretor Andrew Stanton. A relação entre o carismático protagonista e sua namorada é sensível e o roteiro ainda realiza críticas bem pontuadas sobre nossa sociedade. Impossível não se emocionar.

2) Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight) - EUA, 2008
A nova aventura do homem-morcego supera a definição de filme de super-herói para se tornar uma grandiosa saga sobre o crime aos moldes de Fogo Contra Fogo. Sombrio e reflexivo sobre a natureza do ser humano, Batman – O Cavaleiro das Trevas apresenta um enredo ambicioso e personagens bem construídos, como o protagonista atormentado e o fascinante Coringa, interpretado com maestria por Heath Ledger.

1) Sangue Negro (There Will Be Blood) - EUA, 2007
Contando com uma atuação primorosa de Daniel Day-Lewis, Sangue Negro é mais uma obra-prima de Paul Thomas Anderson. Tecnicamente impecável e narrativamente corajoso, o filme é profundo, ousado e ambicioso ao contar a história de um homem rumo à sua própria perdição. Mais do que um filme impecável, Sangue Negro é a história do Cinema sendo feita diante de nossos olhos.

--------------

Menções Honrosas – Filmes que quase entraram na lista dos melhores

O Gângster (American Gangster) – EUA, 2007
Trovão Tropical (Tropic Thunder) – EUA, 2008
Hellboy II - O Exército Dourado (Hellboy II – The Golden Army) – EUA, 2008
Ensaio sobre a Cegueira (Blindness) – Brasil/Canadá/Japão, 2008
Juno – EUA, 2007
Marley e Eu (Marley & Me) – EUA, 2008
Speed Racer – EUA, 2008
Senhores do Crime (Eastern Promises) – Canadá/EUA/Inglaterra, 2007


--------------

Bottom 10 – Os piores filmes lançados nos cinemas do Brasil

10) A Múmia: Tumba do Imperador Dragão (The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor) – Alemanha/Canadá/EUA, 2008
Seqüência totalmente desnecessária para a série de sucesso, que não chega nem aos pés do divertido filme original. Aqui, todas as piadas e situações soam forçadas e sem graça, enquanto Maria Bello não consegue preencher o lugar deixado por Rachel Weisz. Além disso, Rob Cohen não constrói uma única cena empolgante, usando e abusando de efeitos especiais nem sempre convincentes.

9) Star Wars: The Clone Wars – EUA, 2008
Pouco se esperava desse filme, mas ainda assim é uma decepção. Em primeiro lugar, Star Wars: The Clone Wars nada acrescenta à série, sendo totalmente dispensável. Em seguida, o roteiro não ambiciona algo mais além de funcionar como mera desculpa para cenas de batalha. O problema é que estes momentos também são fracos, prejudicados ainda pela animação sem recursos. Nem os fãs gostaram, o que já é um terrível sinal.

8) 10.000 a.C. – EUA, 2008
Se antes Roland Emmerich ainda conseguia fazer filmes idiotas, mas divertidos, agora eles ficam só na primeira definição. Sua mais nova atrocidade é esse absurdo fantasiado de épico, que apresenta personagens sem qualquer apelo e uma história que nem ao menos busca alcançar qualquer lógica. Um batalhão de efeitos especiais tenta mascarar o conteúdo vazio, mas 10.000 a.C. nada mais é do que um filme a ser esquecido.

7) As Duas Faces da Lei (Righteous Kill) – EUA, 2008
Dói colocar um filme protagonizado por Al Pacino e Robert De Niro em uma lista de piores, mas não tem como evitar. Os dois veteranos ainda são o que As Duas Faces da Lei oferece de melhor. O resto é uma série de clichês comandada por Jon Avnet a partir de um roteiro que se julga inteligente, mas é mais previsível do que o resultado das eleições venezuelanas. Uma mancha na carreira de Pacino e De Niro.

6) Awake - A Vida por um Fio ­(Awake) – EUA, 2007
Ainda que parta de uma premissa interessante, a idéia central não tem importância qualquer para a narrativa, soando totalmente descartável. O diretor Joby Harold até tenta achar uma função para ela, mas cria momentos ainda mais dispensáveis com o protagonista em uma espécie de limbo. Para piorar, Hayden Christensen e Jessica Alba são atores fracos, que não conseguem carregar o filme.

5) Jumper – EUA, 2008
Mais uma idéia promissora jogada pelo ralo. Jumper até inicia de forma bacana, com o protagonista aproveitando os poderes, mas se perde à medida que ele começa a ser perseguido por uma entidade ridícula. Como se não bastasse, Hayden Christensen novamente demonstra falta de talento, e sua química com Rachel Bilson é nula. A tentativa de criar uma série de sucesso ficou longe de dar certo.

4) Max Payne – EUA, 2008
Mesmo que o visual seja muito bem acabado, a história de Max Payne é um equívoco total, com personagens tomando atitudes sem sentido e um excesso de clichês que incomoda – inclusive aquele no qual o vilão conta todo o plano para o mocinho antes de falhar em matá-lo. Não há identificação entre personagens e platéia e a emoção é nula, além de subtramas completamente desnecessárias.

3) Fim dos Tempos (The Happening) – EUA, 2008
Se a carreira de M. Night Shyamalan já vinha em declínio, atingiu o fundo do poço com Fim dos Tempos. Uma história que beira o risível, com um final absurdamente ridículo, pontuado por cenas vergonhosas como a de Mark Wahlberg falando com uma planta. Os personagens são inconstantes e o clima de tensão é inexistente. Shyamalan só se salva por alguns momentos bem dirigidos, mas é pouco diante desse filme caótico e sem sentido.

2) Missão Babilônia (Babylon A.D.) – EUA/França, 2008
O que dizer de um filme que o próprio diretor rejeitou? O que ainda começa como uma ficção-científica promissora vai se tornando uma verdadeira bagunça sem qualquer lógica. Personagens sem personalidade, trama confusa e atuações vergonhosas tornam a experiência de assistir Missão Babilônia algo insuportável, culminando nos vinte minutos finais mais sem sentido do cinema em 2008.

1) Alien vs. Predador 2 – EUA, 2007
Não há muito o que dizer de Alien vs. Predador 2, porque isso não pode ser considerado um filme. O roteiro é inexistente e as cenas de ação incompreensíveis, realizadas no escuro e sem qualquer lógica. Soma-se a isso centenas de mortes de personagens sem graça, pelas quais agradecemos por não mais precisar ouvir os diálogos risíveis. Para piorar, joga toda a mitologia de ambas as séries no lixo.

--------------

Menções Desonrosas – Filmes que quase entraram na lista dos piores

O Som do Coração (August Rush) – EUA, 2007
Ensinando a Viver (The Martian Child) – EUA, 2007
Elizabeth: A Era de Ouro (Elizabeth: The Golden Age) – Alemanha/França/Reino Unido, 2007
O Olho do Mal (The Eye) – EUA, 2008
Um Amor de Tesouro (Fool’s Gold) – EUA, 2008
Jogos de Amor em Las Vegas (What Happens in Vegas) – EUA, 2008


--------------

Melhor Diretor

1) Paul Thomas Anderson (Sangue Negro)
2) Christopher Nolan (Batman – O Cavaleiro das Trevas)
3) John Carney (Apenas Uma Vez)
4) Andrew Stanton (Wall-E)
5) Joel e Ethan Coen (Onde os Fracos Não Têm Vez)

--------------

Pior Diretor

1) Colin Strause e Greg Strause (Alien vs. Predador 2)
2) John Moore (Max Payne)
3) Kristen Sheridan (Som do Coração)
4) Mathieu Kassovitz (Missão Babilônia)
5) Doug Liman (Jumper)

--------------

Melhor Ator

1) Daniel Day-Lewis (Sangue Negro)
2) Heath Ledger (Batman – O Cavaleiro das Trevas)
3) Javier Bardem (Onde os Fracos Não Têm Vez)
4) Robert Downey Jr. (Trovão Tropical)
5) Emile Hirsch (Na Natureza Selvagem)

--------------

Pior Ator

1) Mark Wahlberg (Fim dos Tempos)
2) Hayden Christensen (Jumper)
3) Steven Strait (10.000 a.C.)
4) Steven Pasquale (Alien vs Predador 2)
5) Vin Diesel (Missão Babilônia)

--------------

Melhor Atriz

1) Catherine Keener (Na Natureza Selvagem)
2) Belén Rueda (O Orfanato)
3) Manuela Velasco ([REC])
4) Ellen Page (Juno)
5) Penélope Cruz (Vicky Cristina Barcelona)

--------------

Pior Atriz

1) Jessica Alba (Awake – A Vida por um Fio)
2) Jessica Alba (O Olho do Mal)
3) Maria Bello (A Múmia: Tumba do Dragão Imperador)
4) Reyko Aylesworth (Alien vs. Predador 2)
5) Keri Russell (O Som do Coração)

--------------

Melhor Roteiro

1) Paul Thomas Anderson (Sangue Negro)
2) Joel e Ethan Cohen (Onde os Fracos Não Têm Vez)
3) Sergio G. Sánchez (O Orfanato)
4) Christopher Nolan, Jonathan Nolan e David Goyer (Batman – O Cavaleiro das Trevas)
5) Diablo Cody (Juno)
6) Christopher Hampton (Desejo e Reparação)

--------------

Pior Roteiro

1) M. Night Shyamalan (Fim dos Tempos)
2) Shane Salerno (Alien vs. Predador 2)
3) Mathieu Kassovitz, Joseph Simas e Eric Besnard (Missão Babilônia)
4) Shawn Ryan e Beau Thorne (Max Payne)
5) Roland Emmerich e Harald Kloser (10.000 a.C.)

--------------

Melhor Cena

1) Coringa explodindo o hospital (Batman – O Cavaleiro das Trevas)
2) Wall-E e Eve se reencontrando ao final (Wall-E)
3) Esconde-esconde (O Orfanato)
4) Personagens no apartamento do último andar ([REC])
5) Plano-seqüência com as tropas na praia (Desejo e Reparação)

--------------

Melhor Final

1) O Nevoeiro (The Mist) – EUA, 2007
2) O Orfanato
3) Apenas Uma Vez

--------------

Pior Final

1) Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (Indiana Jones and the Kingdom of the Crystall Skull) – EUA, 2008
2) Fim dos Tempos
3) Missão Babilônia

--------------

Troféu “Só Eu Gostei?”

Speed Racer – EUA, 2008
Divertido, empolgante e criativo, o novo filme dos Wachowski é tudo aquilo que se espera de um filme-pipoca. Tudo bem que o visual é exagerado, mas não cansa em momento algum, até porque a história dos personagens é interessante o suficiente – apesar de óbvia. Cada segundo exala a absurda originalidade dos cineastas e as cenas mais movimentadas deixam o espectador grudado na cadeira. Merece outra chance.

--------------

Troféu “Não É Pra Tanto”

Antes de Partir (The Bucket List) – EUA, 2008
Tire Jack Nicholson e Morgan Freeman de cena e nada mais resta a Antes de Partir. Este filme adorado por boa parte do público é uma imensa decepção, com um roteiro que não se decide entre a comédia e o drama. Para piorar, as viagens dos protagonistas são mal aproveitadas e as piadas se repetem sem o menor pudor. Vale somente pela dupla de astros e nada mais.

--------------

Troféu “Esperei Tanto pra Isso?”

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
A aguardada nova aventura do arqueólogo mais famoso no cinema não chega a ser um filme ruim, mas é, sem dúvida, decepcionante. A magia presente na trilogia original surge apenas em momentos escassos, que fazem valer a pena uma assistida. Mas Spielberg e Lucas exageraram nos absurdos, como o personagem de Shia Labeouf dando uma de Tarzan ou formigas brincando de pirâmide. Sem contar o incompreensível final, que joga o pouco que tinha dado certo por água abaixo.

--------------

Troféu “Melhor que a Encomenda”

Homem de Ferro (Iron Man) – EUA, 2008
O trabalho de Jon Favreau possui diversas qualidades que fizeram de Homem de Ferro mais do que um simples filme de super-heróis. A principal delas é que o diretor tornou a história crível, muito graças ao desenvolvimento do protagonista e à performance de Robert Downey Jr. A produção desliza de vez em quando nos clichês do gênero, mas é uma obra com muito a oferecer e uma boa partida para a série.

--------------

Troféu “Bem-Vindo de Volta”

Guy Ritchie, por Rocknrolla – A Grande Roubada (Rocknrolla) - Inglaterra, 2008
Depois de duas bombas monumentais (Destino Insólito e Revólver), Ritchie voltou à forma que o consagrou com essa divertida e engenhosa história aos moldes de seus primeiros filmes, Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch. Ainda que não esteja no nível destes, Rocknrolla possui bons personagens, diálogos e um enredo bem amarrado, além das brincadeiras visuais de Ritchie. Mostrou que dá pra voltar a confiar no trabalho do cara.

--------------

Troféu “Me Empresta um Lenço?”

Marley e Eu
Baseado no livro de sucesso, Marley e Eu é uma ótima surpresa de final de ano. Ao invés de tornar o cão o principal apelo do filme, o diretor Scott Frankel prefere contar a história da família dos donos e seus problemas, posicionando Marley como apenas mais um deles. A abordagem gera identificação entre personagens e platéia e culmina no mar de lágrimas ao final. Não é original e tem seus clichês, mas é honesto e realmente emocionante.

--------------

Troféu “Musa do Ano”

Isla Fisher, em Três Vezes Amor (Definitely, Maybe) - EUA, 2007
O filme pode ser uma comédia romântica sem grandes novidades, mas é difícil não ficar fascinado com a presença de Isla Fisher. A atriz, que surgiu com destaque em Penetras Bons de Bico, está apaixonante no papel de uma das namoradas do protagonista. Linda, carismática e talentosa, Fisher possui incrível presença em cena e é por ela que o espectador torce no final. Sem dúvida, uma estrela que está nascendo.

--------------

Troféu “Valeu Pela Tentativa”

Não Estou Lá (I’m Not There) – EUA, 2007
Diante da mesmice que se tornaram as cinebiografias recentes, é bom ver uma abordagem original como a do diretor Todd Haynes para a vida de Bob Dylan. Ao contar a história do músico através de histórias e intérpretes diferentes, o cineasta construiu um filme interessante e bastante criativo. A produção, porém, é bastante arrastada e por vezes fica difícil de acompanham, mas Haynes merece elogios pela visão e ousadia.