Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Wednesday, July 13, 2005

Dia Mundial do Rock

Em homenagem a esse dia, aí vai um texto que eu escrevi há algum tempo atrás e pouca gente leu.

Luzes, câmera e rock n’ roll

Segundo uma das definições mais conhecidas, cinema é imagem em movimento. Não está completamente equivocada, mas resumir a sétima arte dessa forma é simplificar demais, principalmente se for levado em conta que cinema e música caminham lado a lado já há algum tempo. E não apenas por causa das trilhas sonoras. Alguns dos grandes filmes de todos os tempos têm música como parte essencial de sua narrativa, como os grandes musicais das décadas de 50 e 60 e o consagrado Amadeus (1984).

Entretanto, não há como negar que, dentre todos os gêneros musicais, aquele com o qual o cinema possui a maior afinidade é o bom e velho rock n’ roll. Desde que os Beatles filmaram Os Reis do Iê-Iê-Iê em 64 até o recente Escola de Rock (School of Rock), telas e platéias de todo o mundo foram contagiadas pela energia e pelo espírito contestador do rock.

A faísca que deu início à explosão do rock nas telas aconteceu no ano de 1969, com Sem Destino (Easy Rider). Quando os então jovens Peter Fonda e Dennis Hopper surgiram sobre suas motos Harley Davidson, vestindo jaquetas de couro e com os longos cabelos levados pelo vento, ao som de Born to Be Wild, do Steppenwolf, pode-se resvalar no clichê e dizer que o cinema nunca mais foi o mesmo. Ainda que o hoje o filme não mantenha o mesmo vigor, Sem Destino virou o clássico de uma geração e o símbolo de uma época, promovendo valores como a busca pela liberdade e a contestação dos padrões da sociedade. E o que é o rock’ n’ roll senão exatamente isso?

A partir daí, filmes sobre e com rock se tornaram comuns. Assim como Sem Destino, obras hoje consideradas clássicas devem grande parte de seu sucesso às suas trilhas. A de Forrest Gump, por exemplo, vende até hoje graças à sua impecável seleção que continha nomes como Lynyrd Skynyrd, The Doors e Elvis Presley. E quem pode esquecer de Ferris Bueller eletrizando uma cidade inteira ao som de Twist and Shout, no final de Curtindo a Vida Adoidado?

Não demorou para que cineastas elegessem o mundo do rock como fonte de inspiração. Dezenas de produções sobre bandas fictícias fizeram a alegria dos fãs deste gênero musical, começando pelo hilário “rockumentário” Isto é Spinal Tap (This is Spinal Tap), de 84, uma impagável sátira aos bastidores do rock dirigida por Rob Reiner. Em Ainda Muito Loucos (Still Crazy) e The Wonders­ – O Sonho não Acabou (That Thing You Do!), os diretores Brian Gibson e Tom Hanks também se utilizaram deste artifício para declarar ao mundo sua paixão pelo gênero.

Mas talvez a maior declaração de amor ao rock já produzida pelo cinema seja Quase Famosos (Almost Famous), de 2000. Neste belíssimo filme, o diretor Cameron Crowe narrou suas próprias experiências na juventude como repórter da revista Rolling Stone, quando acompanhou ninguém menos do que o Led Zeppelin em uma turnê (dizem que a cena onde o vocalista do Stillwater grita “Eu sou um Deus dourado” realmente aconteceu, com Robert Plant como protagonista). O resultado é um filme imperdível, que contagia tanto pelos personagens quanto pela forma apaixonada com que o cineasta retrata esse mundo.

Se o mundo do rock já é uma fonte de inspiração, os inusitados personagens que habitam esse lugar são um prato cheio para os cineastas. Oliver Stone percebeu isso ao apresentar ao público o “rei lagarto” Jim Morrison e sua banda em The Doors, um filme cujo principal destaque era, indubitavelmente, a interpretação possuída de Val Kilmer no papel principal. Sid e Nancy, de 1986, era a cinebiografia do polêmico baixista do Sex Pistols, Sid Vicious, e sua problemática relação com a namorada. Outra personalidade polêmica a ir parar nos cinemas foi Jerry Lee Lewis, em um filme chamado A Fera do Rock (Great Balls of Fire!), que tinha Dennis Quaid e Winona Ryder nos papéis principais. Já Backbeat – Os Cinco Rapazes de Liverpool (Backbeat) resgatava uma história pouco conhecida sobre um quinto integrante dos Beatles, antes de os garotos de Liverpool alcançarem fama e sucesso.

Basta? Pois nem foram citados Rock Star, Alta Fidelidade, Jovens, Loucos e Rebeldes, Os Irmãos Cara-de-Pau, The Wall, Velvet Goldmine, apenas para lembrar alguns. E vem mais por aí. Foi recém lançado Ray, sobre a vida de Ray Charles, está em produção uma biografia de Janis Joplin com Renée Zellweger no papel principal e Keith Richards já garantiu sua participação na seqüência de Piratas do Caribe.
Parece que cada vez mais as palavras de Neil Young se fazem verdade: o rock n’ roll nunca morre. Pelo menos no cinema.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Se ninguém publica, a gente publica. Bem-vindo ao mundo literário paralelo, Pilau. Grande abraço.

4:59 AM  
Blogger Pree said...

Querido, adorei isso. Continue assim, e ah, seja bem-vindo.
Vamos no cinema ou não?!
bjus!

1:30 PM  

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