HOMEM-ARANHA 3
Em poucas palavras, Homem-Aranha 3 é uma decepção. Gosto do primeiro filme da série e adoro o segundo, colocando-o lado a lado com X-Men 2 como a melhor adaptação de quadrinhos para o cinema. No entanto, apesar de a equipe envolvida ser a mesma, a terceira aventura do aracnídeo é a mais irregular delas. Não é um filme ruim, que fique claro. Sam Raimi continua acertando ao trabalhar o personagem de Peter Parker, jamais esquecendo suas características humanas. Em certo momento do filme, por exemplo, o próprio Parker diz: "No fundo, ainda me considero apenas um nerd do Queens", um exemplo de como o roteiro busca tirar do Homem-Aranha a imagem de um herói indestrutível. Claro que, para isso, Tobey Maguire tem grande função, com sua cara de vizinho boboca que jamais passaria por defensor dos fracos e oprimidos. Além disso, Homem-Aranha 3 apresenta uma série de cenas bacanas, como a primeira aparição do Homem de Areia (talvez a melhor cena do filme) e o clímax. Mas, há diversas coisas a reclamar. A primeira delas é o excesso de personagens. Há, no mínimo, cinco que podem ser considerados protagonistas: Parker/Aranha, Mary Jane, Harry/Duende, Marko/Areia e Brock/Venon, isso sem contar as dezenas de outros, como J. J. Jameson, Gwen Stacy, Tia May e o policial Stacy. Com essa caravana de personagens, é óbvio que não há possibilidade de desenvolvê-los de forma satisfatória, o que deixa a sensação de que estão lá apenas para agradar aos fãs mais ardorosos (leia-se: nerds). Além do desperdício de talento de atores como James Cromwell e Bryce Dallas Howard, este excesso de personagens importante impede que Raimi crie um foco na trama, perdendo-se em subtramas que soam superficiais e desnecessárias. Com isso, Homem-Aranha 3 chega a excessivamente longos 150 minutos de projeção, com uma história repleta de altos e baixos. Outro problema é a abrodagem na questão do simbionte. O que parecia ser o aspecto mais interessante da trama (a luta de Peter contra seu "lado negro") acaba sendo tratado de maneira errônea por Raimi. As cenas de conflito interior proporcionadas pelo "invasor alienígena" são poucas - ainda que eficientes -, porque o diretor prefere criar seqüências incrivelmente embaraçosas e completamente fora de tom com Parker virando uma espécie de bad boy sedutor. São momentos constrangedores e que desperdiçam o grande potencial da obra (é impossível não rir quando Maguire aparece com aquela franjinha e os olhos maquiados de preto). Tudo isto acaba prejudicando a apreciação de um filme que, com um pouco mais de objetivo e seriedade, tinha tudo para dar certo. Não é uma obra ruim e vai continuar lotando os cinemas. Mas não é o que poderia ser. Não é, por exemplo, um Homem-Aranha 2.
Nota: 6.0
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