STAR WARS - THE CLONE WARS
STAR WARS – THE CLONE WARS
De Dave Filoni. Com as vozes de Matt Lanter, Ashley Eckstein, James Arnold Taylor, Tom Kane, Samuel L. Jackson, Anthony Daniels e Christopher Lee.
Por quê? Juro que essas duas minúsculas palavrinhas ficaram martelando meu cérebro durante toda a sessão de Star Wars – The Clone Wars. George Lucas já é multibilionário, já explorou a mitologia da saga de inúmeras formas e, inclusive, já perdeu diversos fanáticos pela ganância que demonstra em relação ao universo que ele mesmo criou. Se a nova trilogia ainda possuía razão para existir, The Clone Wars, primeiro longa em animação de Star Wars, é aquele filho perdido, com sérios problemas de identidade e que jamais encontra seu lugar no mundo.
O filme, que pretende funcionar como espécie de abertura para um novo programa da TV, situa-se entre o Episódio II e o Episódio III. Em outras palavras, Anakin Skywalker, ainda aprendiz de Obi-Wan Kenobi, está a caminho de se tornar Darth Vader e a Guerra dos Clones está em andamento. É quando o criminoso Jabba, que controla um ponto estratégico para a guerra, tem seu filho seqüestrado. Assim, Obi-Wan e Anakin, com a ajuda de uma nova aprendiz, partem para o resgate do infante, com o objetivo de ganhar a confiança de Jabba.
Star Wars – The Clone Wars não é de todo ruim. Na realidade, acho difícil que algo vindo da saga possa ser chamado de ruim. Por pior que seja a história, por mais mal-desenvolvidos que sejam os personagens e por menos empolgantes que sejam as cenas de ação, o universo de Star Wars continua bacana o suficiente para manter um mínimo de interesse. Ainda assim, a obra de Dave Filoni, com roteiro de Henry Gilroy, é incapaz de explorar com eficiência os pontos que fazem a mitologia da série tão cultuada, a começar pela não-utilização da clássica expressão “Que a Força esteja com você”.
E, mesmo não sendo o único, o roteiro é o principal problema de The Clone Wars. O filme nada acrescenta à série ou ao que se conhece sobre os personagens. Para piorar, possui uma história fraca e construída sem o menor cuidado. Alguns personagens conhecidos, por exemplo, aparecem com o único objetivo de marcar presença, desempenhando nenhum papel na trama – como o caso de Yoda, Mace Windu e Amidala. Além disso, The Clone Wars parece mal situado na cronologia, uma vez que Anakin Skywalker nem demonstra sinais do processo de transformação pelo qual deveria estar passando.
Na verdade, a trama simplista não passa de uma desculpa para a criação de cenas de ação pouco empolgantes, que se atropelam e preenchem quase toda a duração da obra. Assistir duelos de sabre de luz e as batalhas com os dróides continua sendo bacana, mas torna-se repetitivo se a história por trás não ajuda. The Clone Wars baseia-se exclusivamente na identificação entre personagens e público criada pelos outros filmes, o que enfraquece a produção. Da mesma forma, os novos personagens pouco acrescentam: ainda que a vilã Ventress demonstre certo potencial, a padawan Asohka é apenas irritante (ainda que não ao nível de Jar-Jar ou de Jake Lloyd). Além disso, onde ela se insere na mitologia? O destino da jovem fica limitado à série de TV e aqueles que não pretendem assisti-la – como é meu caso – ficarão perdidos sobre onde a aprendiz se encaixa no cenário completo.
Mas o roteiro ainda apresenta outros problemas. Além da tolice da história envolvendo o filho de Jabba, o roteirista Gilroy parece não saber como encerrar a trama que criou – mesmo que nada tenha de elaborada. Com diálogos rasos, que ocasionalmente surgem entre uma e outra batalha, The Clone Wars acaba apelando para piadinhas e soluções de enredo completamente sem sentido, como o já citado surgimento da senadora Amídala e a aparição de um tio estiloso de Jabba. Sim, vocês leram certo: um tio estiloso de Jabba.
Enquanto isso, a direção de Dave Filoni pouco faz para tornar o filme mais agradável. Ainda que um ou outro “movimento de câmera” gere quadros interessantes, tanto as cenas de batalha quanto a interação entre personagens não passam de clichê. Para piorar, a animação criada pela Lucas Animations é precária – impossível não se incomodar com a inexpressividade do rosto dos personagens, especialmente para quem está acostumado às obras da Pixar, que conseguiu tornar expressivo até o robozinho de Wall-E. O cineasta parece ciente disso e tenta outros artifícios para mostrar os sentimentos dos personagens, como dar closes nos olhos para deixar claro que são malvados.
Preguiçoso em sua estrutura narrativa e com pouco inspiradas cenas de ação, Star Wars – The Clone Wars só não é uma decepção porque ninguém esperava muito do filme. Ainda que o universo de Lucas sempre tenha um mínimo de magia, ela é praticamente inexistente aqui, uma vez que a produção não passa de mais uma maneira de gerar novos milhões para o bolso do outrora venerado criador. E que sirva de aviso para Lucas: quando os próprios fãs de Star Wars viram a cara para um longa da série, é hora de repensar algumas coisas.
Nota: 5.0
De Dave Filoni. Com as vozes de Matt Lanter, Ashley Eckstein, James Arnold Taylor, Tom Kane, Samuel L. Jackson, Anthony Daniels e Christopher Lee.
Por quê? Juro que essas duas minúsculas palavrinhas ficaram martelando meu cérebro durante toda a sessão de Star Wars – The Clone Wars. George Lucas já é multibilionário, já explorou a mitologia da saga de inúmeras formas e, inclusive, já perdeu diversos fanáticos pela ganância que demonstra em relação ao universo que ele mesmo criou. Se a nova trilogia ainda possuía razão para existir, The Clone Wars, primeiro longa em animação de Star Wars, é aquele filho perdido, com sérios problemas de identidade e que jamais encontra seu lugar no mundo.
O filme, que pretende funcionar como espécie de abertura para um novo programa da TV, situa-se entre o Episódio II e o Episódio III. Em outras palavras, Anakin Skywalker, ainda aprendiz de Obi-Wan Kenobi, está a caminho de se tornar Darth Vader e a Guerra dos Clones está em andamento. É quando o criminoso Jabba, que controla um ponto estratégico para a guerra, tem seu filho seqüestrado. Assim, Obi-Wan e Anakin, com a ajuda de uma nova aprendiz, partem para o resgate do infante, com o objetivo de ganhar a confiança de Jabba.
Star Wars – The Clone Wars não é de todo ruim. Na realidade, acho difícil que algo vindo da saga possa ser chamado de ruim. Por pior que seja a história, por mais mal-desenvolvidos que sejam os personagens e por menos empolgantes que sejam as cenas de ação, o universo de Star Wars continua bacana o suficiente para manter um mínimo de interesse. Ainda assim, a obra de Dave Filoni, com roteiro de Henry Gilroy, é incapaz de explorar com eficiência os pontos que fazem a mitologia da série tão cultuada, a começar pela não-utilização da clássica expressão “Que a Força esteja com você”.
E, mesmo não sendo o único, o roteiro é o principal problema de The Clone Wars. O filme nada acrescenta à série ou ao que se conhece sobre os personagens. Para piorar, possui uma história fraca e construída sem o menor cuidado. Alguns personagens conhecidos, por exemplo, aparecem com o único objetivo de marcar presença, desempenhando nenhum papel na trama – como o caso de Yoda, Mace Windu e Amidala. Além disso, The Clone Wars parece mal situado na cronologia, uma vez que Anakin Skywalker nem demonstra sinais do processo de transformação pelo qual deveria estar passando.
Na verdade, a trama simplista não passa de uma desculpa para a criação de cenas de ação pouco empolgantes, que se atropelam e preenchem quase toda a duração da obra. Assistir duelos de sabre de luz e as batalhas com os dróides continua sendo bacana, mas torna-se repetitivo se a história por trás não ajuda. The Clone Wars baseia-se exclusivamente na identificação entre personagens e público criada pelos outros filmes, o que enfraquece a produção. Da mesma forma, os novos personagens pouco acrescentam: ainda que a vilã Ventress demonstre certo potencial, a padawan Asohka é apenas irritante (ainda que não ao nível de Jar-Jar ou de Jake Lloyd). Além disso, onde ela se insere na mitologia? O destino da jovem fica limitado à série de TV e aqueles que não pretendem assisti-la – como é meu caso – ficarão perdidos sobre onde a aprendiz se encaixa no cenário completo.
Mas o roteiro ainda apresenta outros problemas. Além da tolice da história envolvendo o filho de Jabba, o roteirista Gilroy parece não saber como encerrar a trama que criou – mesmo que nada tenha de elaborada. Com diálogos rasos, que ocasionalmente surgem entre uma e outra batalha, The Clone Wars acaba apelando para piadinhas e soluções de enredo completamente sem sentido, como o já citado surgimento da senadora Amídala e a aparição de um tio estiloso de Jabba. Sim, vocês leram certo: um tio estiloso de Jabba.
Enquanto isso, a direção de Dave Filoni pouco faz para tornar o filme mais agradável. Ainda que um ou outro “movimento de câmera” gere quadros interessantes, tanto as cenas de batalha quanto a interação entre personagens não passam de clichê. Para piorar, a animação criada pela Lucas Animations é precária – impossível não se incomodar com a inexpressividade do rosto dos personagens, especialmente para quem está acostumado às obras da Pixar, que conseguiu tornar expressivo até o robozinho de Wall-E. O cineasta parece ciente disso e tenta outros artifícios para mostrar os sentimentos dos personagens, como dar closes nos olhos para deixar claro que são malvados.
Preguiçoso em sua estrutura narrativa e com pouco inspiradas cenas de ação, Star Wars – The Clone Wars só não é uma decepção porque ninguém esperava muito do filme. Ainda que o universo de Lucas sempre tenha um mínimo de magia, ela é praticamente inexistente aqui, uma vez que a produção não passa de mais uma maneira de gerar novos milhões para o bolso do outrora venerado criador. E que sirva de aviso para Lucas: quando os próprios fãs de Star Wars viram a cara para um longa da série, é hora de repensar algumas coisas.
Nota: 5.0
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