Baudelaire
Ano passado, um parceiro meu foi fazer uma baixaria lá naquela festa à fantasia de Lajeado e acabou virando amigo do guia do ônibus. Pouco depois, adicionou o cara no orkut e viu um texto no perfil do magrão, que falava sobre como era bom ser bêbado. Esse meu parceiro me enviou o texto, que achei fantástico. Idiota, não me atinei de ir atrás e descobrir se o cara era mesmo o autor. Acabei deixando por isso mesmo, acreditando que tinha achado um talento perdido da literatura. Eis que dia desses, circulando pelos blogs de gente conhecida, caio no da Fala Garoto, Fala Garota da Andressa e encontro o texto do tal do guia, dessa vez com assinatura. Quem? Ninguém menos que Charles Baudelaire, poeta francês do século XIX. Seguem as linhas, uma verdadeira ode à boêmia, que, sim, leva acento.
É necessário estar sempre bêbado. Tudo se reduz a isso: eis o único problema. Para não sentirdes o fardo horrível do tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar. Mas - de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contudo que vos embriagueis. E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de responder: - É a hora de embriagar-se! Para não serdes os martirizados escravos do tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.
BAUDELAIRE (1869)
Quem sou eu pra discordar?
É necessário estar sempre bêbado. Tudo se reduz a isso: eis o único problema. Para não sentirdes o fardo horrível do tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar. Mas - de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contudo que vos embriagueis. E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de responder: - É a hora de embriagar-se! Para não serdes os martirizados escravos do tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor.
BAUDELAIRE (1869)
Quem sou eu pra discordar?
1 Comments:
Ai, que saudades de vir ler tuas doces palavras!hehe
Sério Pi, saudadona tuaaa!!!
Adorei o texto!!!
Beijãooo
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