Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Tuesday, September 26, 2006

Na Minha Casa Não

Fazia tempo que queria reformar minha casa. Foi-me indicado um profissional que diziam fazer um bom trabalho. Não apoiei, mas toda a minha família ficou satisfeita com a contratação dele. Diziam que, mesmo sem muita experiência, era um cara honesto e coisa e tal. E ele quase me convenceu com seus argumentos, devo dizer a verdade. Encheu-me de promessas, disse que faria isso, que resolveria tal problema, que mexeria nos alicerces. Em suma, que tudo ficaria como novo.

Mas, de uma hora pra outra, começaram a sumir coisas lá de casa. Uma caneta, alguns DVD’s, um rádio. Depois as coisas foram crescendo. Quando me dei conta, tinham-me levado até o carro. Confrontei o homem a quem havia contratado. Ele acusava seus ajudantes. Dizia que não sabia de nada, que estava focado apenas no trabalho.

Descobriu que as desconfianças em relação à sua equipe eram verdade mandou todos embora. Trouxe novos ajudantes. A reforma continuava, ainda que a passos curtos e lentos. Com mais problemas do que acertos. Nesse momento, já estávamos nos irritando. No entanto, as coisas continuaram a sumir de casa, mesmo com a nova equipe. O chefe seguia se eximindo da culpa sempre que pegava algum dos seus roubando. “Não sabia de nada”, dizia ele.

Um dia, acabou o prazo que ele tinha me prometido para entregar a casa. Faltou muito para ele chegar ao menos perto do que havia prometido. O pior é que, ao longo do tempo de trabalho, ele foi mudando tudo o que havia dito. Se tinha dito fazer uma coisa, ia lá e fazia outra. Se assumira compromisso com a minha família em relação a tal assunto, pouco depois parecia esquecer completamente.

Mesmo com tudo isso, o safado ainda teve a cara-de-pau de vir me pedir por mais tempo de trabalho. Sim, depois de todos os seus ajudantes terem me roubado, tanto os velhos quanto os novos, depois de ter me mentido descaradamente, depois de me prometer coisas que não chegou nem perto de cumprir, depois de se fazer de inocente frente a todas as acusações, ele ainda queria continuar dentro da minha casa com um contrato prorrogado.

Claro que eu jamais aceitaria isso. Não sou idiota. Minha família veio dizer que nas outras reformas isso havia acontecido também: coisas haviam sumido, as mentiras rolaram. Tudo bem, pode ter acontecido, mas nunca tão descarado quanto agora. Nunca mesmo. E, de qualquer forma, desde quando o erro do passado justificam o roubo de agora? Era só o que me faltava: deixar um ladrão, mentiroso e ignorante na minha casa por mais quatro anos porque “outros também fizeram”.

O problema é que combinei com a minha família que ninguém decidiria nada sozinho. O que a maioria decidir, será feito. A votação final ficou pra domingo. Só espero que as 180 milhões de pessoas que moram comigo mostrem-se mais inteligente do que parecem.

5 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Só uma dúvida: quem vais contratar agora? O velho ladrão pra substituir este? Se sim, não esqueça de fazer um seguro bem caro antes de começar a próxima fase da obra. Na minha opinião, a gente deveria é parar de chamar esta gente e botar a mão na massa.

Não critica sem apontar solução, rapaz.

Abraço.

10:44 AM  
Blogger Dinha said...

Caro Sílvio, como sempre estás de parabéns! Brilhante texto! Já mandei para meus amigos e familiares, indicando teu blog. É uma leitura imperdível! Bjs! Cláudinha (ainda redatora na Plenna)

10:59 AM  
Blogger Silvio Pilau said...

Gabriel, o negócio é que o contratado de agora já é o velho ladrão. Confirmado. Vou contratar alguém em quem tenho esperanças que não seja. Se vai se tornar um, isso vamos saber só adiante. Mas não vou dar outra chance a quem já fez merda.

E Claudinha, valeu pela força.

Abraços aos dois

11:30 AM  
Anonymous Anonymous said...

É ISSO AÍ...ACORDA BRASIL , FORA LULAAAAAAAAA!
beijocas com voto de PROTESTO!

1:55 PM  
Anonymous Anonymous said...

É, talvez seja o mesmo, sim. Mas quem, dos que aí estão, não é mais do mesmo? (se é que me permites a quebra do sigilo da tua escolha ou ainda o escrutínio antecipado da tua urna pessoal)

Abraço, companheiro.

12:20 AM  

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