Tá na mão, Marty
Em termos de premiação, acho que foi uma das premiações da Academia mais justas dos últimos anos. Apesar da boa qualidade dos outros indicados, Os Infiltrados ainda era meu filme favorito entre os concorrentes e fiquei feliz com sua vitória. Mais do que isso, o resultado ainda foi bastante coerente, com o melhor filme levando também os prêmios de montagem, roteiro e direção. Sempre é meio estranho quando estes prêmios (especialmente os de roteiro, direção e filme) são divididos em produções diferentes, o que não foi o caso este ano. Babel, outra belíssima obra de Alejandro González Iñárritu, acabou sendo o maior perdedor da noite. Com sete indicações, vencer apenas a de trilha sonora - justa, por sinal. Helen Mirren deu um show de classe ao receber o prêmio de atriz por sua brilhante caracterização da rainha Elizabeth em A Rainha - por sinal, um filme bastante competente, mas desnecessário de figurar na categoria principal ou até mesmo na de direção. A vaga de Stephen Frears, diretor de A Rainha, entre os indicados teria ficado melhor nas mãos de Alfonso Cuarón por Filhos da Esperança, um fantástico trabalho técnico e narrativo, ou Paul Greengrass, pelo excepcional exercício de tensão que é Vôo United 93. Claro que estes seriam só indicados, pois este ano o prêmio de melhor diretor tinha dono. No melhor momento da noite, a platéia inteira do Kodak Theatre aplaudiu em pé, com direito a gritos e assobios, quando Martin Scorsese recebeu o prêmio de melhor diretor. Uma das maiores injustiças da história do cinema estava sendo corrigida e finalmente o careca dourado foi parar nas mãos deste gênio. E o que é melhor, por um trabalho realmente merecido. Ponto para a Academia também por colocar Steven Spielberg, George Lucas e Francis Ford Coppola para apresentar o prêmio a Marty: foi bonito ver juntos no palco os quatro grandes que mudaram a forma de fazer cinema nos anos 70. Claro que a premiação foi longa demais, com diversos clipes e apresentações desnecessárias - sinceramente, dá pra fazer o Oscar em aproximadamente 3 horas sem maiores problemas. Os discursos também não se destacaram, resumindo-se ao básico "quero mandar um beijo pra minha mãe, meu pai e pra você". Mas valeu pela justiça da premiação e por ver aquele baixinho de sobrancelhas grossas e fala rápida finalmente com uma estatueta nas mãos.
1 Comments:
Concordo com tudo que tu disse... apesar de eu não ser um fã incondicional do Scorsese (que cometeu alguns absurdos na carreira, como o horroroso GANGUES DE NOVA IORQUE), admiro seu trabalho e sua figura. Ele já poderia ter vencido o prêmio com o fabuloso O AVIADOR, que inexplicavelmente foi preterido pelo comum MENINA DE OURO, filme para passar no Supercine sábado de noite na Globo. Agora com OS INFILTRADOS Scorsese acertou ainda mais e recebeu esse Oscar justíssimo.
OBS: Quanto aos indicados a melhor diretor, vale a retificação: o diretor de UNITED 93 foi sim indicado ao Oscar nessa categoria.
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