Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Wednesday, June 11, 2008

Paranóia.

Ontem, a primeira coisa que fiz quando cheguei em casa foi procurar um gravador escondido. Verdade. Revirei papéis, jogueis pijamas no chão e olhei dentro do bocal do telefone. Parecia o Gene Hackman naquele filme meio desconhecido do Coppola. Só não quebrei a parede porque, bom, porque aí seria loucura demais e no momento eu sou apenas paranóico. Por enquanto.

A questão é que com toda essa história aí de gravações escondidas, Busatto, Yeda, Feijó, Detran e R$ 44 milhões que não vieram parar no meu bolso, não custa ser um pouco precavido. Pó, até tomar um choppinho é perigoso. Melhor prevenir. Eu, agora, só falo sussurrando em casa. Sussurrando e com um MC Créu ligado no máximo volume. Velocidade: cuidado. Ninguém vai me ouvir e eu ainda faço o cara que estiver me espionando sofrer um pouco. Nada de brindar os ouvidos dele com música de qualidade, como naquele filme da vida dos outros que nada têm a ver com Lost.

Mas, admito: estou ficando, sim, um pouco paranóico. Além de falar tão baixo que ninguém em casa me escuta e ter dado trabalho para a empregada hoje por ter buscado ontem um microfone invisível, começo a ter idéias malucas, de quem está perdendo a sanidade. As faculdades mentais parecem estar me abandonando, porque, na minha cabeça, os políticos estão parecendo todos corruptos. Imaginem a loucura: achar que aqueles caras de gravata eleitos por mim querem apenas o meu dinheiro.

Estou ou não doido de dar dó? Sério, começo a pensar que tudo que os políticos falam é mentira e que eles não estão com vontade de me ajudar, mas apenas de exercer mais e mais poder. Em minha mente desconectada da realidade, imaginei deputados e senadores mentindo para o público, líderes dizendo que não sabiam das falcatruas de seus asseclas e parlamentares usando meu dinheiro para fazerem viagens com a família. Cheguei até a imaginar que o meu país tinha uma das maiores taxas de juros do mundo! Já pensaram?

Sei lá, acho que é hora de eu procurar alguma espécie de ajuda. Esta minha doença está tão fora da realidade que tenho até imaginado a possibilidade de o homem ter pisado na lua, a Terra ser redonda e um senador ter sustentado a amante com dinheiro público. É paranóia demais. Sorte que, por enquanto, sei que é tudo loucura minha. Um fio tênue de consciência me tranqüiliza dizendo que as ovelhinhas de terno repletas de bondade jamais seriam capazes disso. É um alívio, até porque muita gente tem a mesma paranóia que eu.

Bando de loucos.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Adorei!! Como não se apavorar com essas falcatruas infinitas, né
Grande beijo

11:34 AM  

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