Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Monday, June 29, 2009

O curioso caso de Michael Jackson.

Um homem que nasce maduro e morre jovem. Essa é a história de um dos filmes mais bem recebidos do último ano, O Curioso Caso de Benjamin Button. Todo mundo deve ter ouvido falar. Na produção, cuja ideia surgiu primeiramente no cérebro de F. Scott Fitzgerald, Brad Pitt interpretava o protagonista, um homem que, devido a alguma fantástica anomalia, chegava ao mundo com a aparência de velho e ia rejuvenescendo à medida que os anos passavam.

“Fantástica anomalia”, escrevi. "Um conto de ficção, longe de qualquer realismo", todos podem pensar. Talvez nem tanto. Talvez não precisemos ir muito longe para encontrar um caso semelhante na vida real. Basta pegar um jornal. Estarão estampadas na do periódico notícias e homenagens sobre a morte do Benjamin Button de nosso mundo: Michael Joseph Jackson, o Rei do Pop.

Rótulos da imprensa à parte, Michael Jackson foi grande. Imenso. Poucos em toda a história da música tiveram tanta influência. Dançarino, cantor, compositor, coreógrafo, produtor, showman. Um talento completo. Quando no auge, ninguém chegou perto. Na última semana, com sua trágica morte, ganhou um ingresso para o Olimpo. Para o verdadeiro panteão. Sentará ao lado de Elvis, John Lennon e outros em uma mesa com pouquíssimos lugares.

Confesso que nunca fui muito fã de Jacko. Simplesmente não era meu estilo de música. Mas reconheço sua importância no mundo musical e admiro muita coisa que fez. Michael Jackson era um verdadeiro artista, uma mente inovadora e extremamente original. Quebrou barreiras. Ousou ousar. Ao invés de seguir os outros, trilhou seu próprio caminho. Foi único. Tal qual o seu passo mais famoso, teimou em ir na direção contrária ao que era feito.

Infelizmente, sua vida fez o mesmo. Começou pelo fim e terminou no início. Michael Jackson era uma estrela antes dos dez anos. Nasceu gênio. Nasceu adulto, tendo que encarar as pressões de uma carreira. Não brincou. Não teve amigos. Seu brinquedo era um microfone. Seus amigos, apenas colegas de profissão. Não corria por correr. Corria para não se atrasar para um show. Não se machucava brincando na rua. Machucava-se pela mão do pai durante os ensaios. Foi gente grande quando ainda era pequeno.

E o relógio de sua vida continuou girando no sentido inverso. Ao longo dos anos, foi se infantilizando. Perdeu o vigor, a exuberância, a beleza. Perdeu a si próprio. A infância adulta cobrou seu preço. Na última década, Michael Jackson era um ser frágil, delicado. Cirurgias, doenças ou sabe-se lá o quê acabaram com seu corpo. A mente, enquanto isso, buscava o tempo perdido. Transformou-se na mente de uma criança. Queria brincar. Queria ter um zoológico. Queria ser Peter Pan. Virou criança quando não mais poderia ser.

Com a morte, Michael Jackson deixa de ser a figura excêntrica como era visto nos últimos tempos. A sua partida o transforma em mito. Nada mais justo. Será lembrado pelo que produziu. Pelo que criou. Saem os problemas, fica a arte. Evaporam-se as perturbações, eleva-se o talento. O talento de um verdadeiro artista. O talento de um homem que viveu a vida ao contrário. O Benjamin Button longe da ficção.

Ou, simplesmente, Michael Jackson: o homem que nasceu adulto, morreu criança e, nesse meio tempo, conseguiu ser o maior.

5 Comments:

Blogger PAULA SALOMÃO said...

Sim, Michael era grande, um artista e tanto. Mas o coração do Peter Pan não aguentou que lhe tirassem a sua Neverland.
Dá uma olhadinha no meu texto http://cronicasdefolhetim.blogspot.com/2009/06/you-are-never-be-alone-king-of-pop.html.

Beijo

6:10 AM  
Blogger   said...

Parabéns pelo excelente texto...Muito bem escrito e articulado...

8:06 PM  
Blogger Daniel said...

Muito bom teu blog, Pilau.

Fora a precisão logo abaixo, hehehe.

Abraço.

9:09 AM  
Blogger Isa Araujo said...

Oi Silvio adorei seu texto...

Parabéns!!!

Estou repassando o link para todo meus amigos e aproveito para te dizer que coloquei um trecho do seu texto na minha homenagem tb ao MJ. http://migre.me/4adF

Mas uma vez Parabéns pela sua linda homenagem ao MJ.

Abs

7:25 PM  
Anonymous Guilherme Dias said...

Belo texto, Pilau... Muito boa a comparação.
Abraço

12:55 PM  

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