Os Estranhos.
Existe na antropologia um conceito chamado pelo feio nome de etnocentrismo. De forma mais feia ainda, a definição simplista é a de que temos a tendência de julgar o grau de evolução e civilidade de outros povos e comunidades comparando-os com o ambiente no qual vivemos. Ou seja, para mim e para você, vivemos em um mundo urbano e repleto de facilidades, o que faz com que vejamos uma comunidade indígena como selvagem e atrasada.
Quem disse, porém, que a vida correta é a nossa? Quem disse que os atrasados são eles, e não nós? Para tal comunidade nativa, a existência em harmonia com o meio ambiente e vivendo unicamente com aquilo que é necessário pode ser ideal. Uma vida sem maiores preocupações além de ter o alimento e, possivelmente, um abrigo para passar a noite. Nada de necessidades supérfluas como enriquecer, ter o carro do ano ou viver sempre na correria de acordo com horários estabelecidos.
Não sou um especialista no assunto (e provavelmente qualquer antropólogo que ler essa minha definição de etnocentrismo acima vai se revirar fora do túmulo), mas acho esse um campo de estudo fascinante. Buscar a compreensão de como ainda podem existir conceitos de sociedade tão diferentes em mundo cada vez menos é algo que realmente pode fazer com que tenhamos outro olhar para nós mesmos e, principalmente, vejamos o próximo com mais tolerância.
Na capa do Terra, hoje, vi um caso desses que me deixou maravilhado. Era a foto tirada de avião de um pedaço de terra no meio da floresta. Em uma pequena clareira, um nativo pintado de vermelho apontava seu arco e flecha na direção da câmera/avião, provavelmente amedrontado/deslumbrado com aquele barulhento e imenso pássaro de metal. Uma imagem que parecia congelada no tempo, daquelas difíceis de encontrar ainda hoje no século XXI.
Se eles jamais tiveram contato com a civilização do “homem branco”, não sei dizer. O trecho da matéria, sobre a invasão do local na busca por petróleo e madeira, não deixava muito claro. Era, porém, o que parecia. O sentimento que a imagem passava era a de que dois mundos completamente opostos estavam colidindo ali mesmo, naquele instante. De um lado, uma sociedade intocada pela corrupção, vivendo apenas do essencial. Do outro lado, nós, impregnados de conceitos e ideias tão inúteis que chegamos a nos achar superiores aos tais “selvagens”. O encontro de um mundo que está destruindo o outro.
Quem está certo? Quem é mais evoluído? Não são essas as questões que deveriam ser levantadas diante de imagens como essa. Cada um vive ao seu modo e julgar a vida de outra pessoa – quanto mais uma comunidade inteira – não é papel nosso. Ao olhar de quem vive lá, os estranhos somos nós. Para nós, os anormais são eles. Cada um na sua. A grande questão é que eles não precisam de nós e do que nós temos. Então, por que pensamos que podemos tirar o que eles têm?
E essa pergunta, infelizmente, nunca teve e talvez nunca terá uma resposta.
Quem disse, porém, que a vida correta é a nossa? Quem disse que os atrasados são eles, e não nós? Para tal comunidade nativa, a existência em harmonia com o meio ambiente e vivendo unicamente com aquilo que é necessário pode ser ideal. Uma vida sem maiores preocupações além de ter o alimento e, possivelmente, um abrigo para passar a noite. Nada de necessidades supérfluas como enriquecer, ter o carro do ano ou viver sempre na correria de acordo com horários estabelecidos.
Não sou um especialista no assunto (e provavelmente qualquer antropólogo que ler essa minha definição de etnocentrismo acima vai se revirar fora do túmulo), mas acho esse um campo de estudo fascinante. Buscar a compreensão de como ainda podem existir conceitos de sociedade tão diferentes em mundo cada vez menos é algo que realmente pode fazer com que tenhamos outro olhar para nós mesmos e, principalmente, vejamos o próximo com mais tolerância.
Na capa do Terra, hoje, vi um caso desses que me deixou maravilhado. Era a foto tirada de avião de um pedaço de terra no meio da floresta. Em uma pequena clareira, um nativo pintado de vermelho apontava seu arco e flecha na direção da câmera/avião, provavelmente amedrontado/deslumbrado com aquele barulhento e imenso pássaro de metal. Uma imagem que parecia congelada no tempo, daquelas difíceis de encontrar ainda hoje no século XXI.
Se eles jamais tiveram contato com a civilização do “homem branco”, não sei dizer. O trecho da matéria, sobre a invasão do local na busca por petróleo e madeira, não deixava muito claro. Era, porém, o que parecia. O sentimento que a imagem passava era a de que dois mundos completamente opostos estavam colidindo ali mesmo, naquele instante. De um lado, uma sociedade intocada pela corrupção, vivendo apenas do essencial. Do outro lado, nós, impregnados de conceitos e ideias tão inúteis que chegamos a nos achar superiores aos tais “selvagens”. O encontro de um mundo que está destruindo o outro.
Quem está certo? Quem é mais evoluído? Não são essas as questões que deveriam ser levantadas diante de imagens como essa. Cada um vive ao seu modo e julgar a vida de outra pessoa – quanto mais uma comunidade inteira – não é papel nosso. Ao olhar de quem vive lá, os estranhos somos nós. Para nós, os anormais são eles. Cada um na sua. A grande questão é que eles não precisam de nós e do que nós temos. Então, por que pensamos que podemos tirar o que eles têm?
E essa pergunta, infelizmente, nunca teve e talvez nunca terá uma resposta.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home