Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Monday, March 13, 2006

Filmes de fevereiro

MUNIQUE (MUNICH) – EUA, 2005 *****
De Steven Spielberg. Com Eric Bana, Daniel Craig, Ciáran Hinds, Mathieu Kassovitz e Geoffrey Rush.
Para resumir, Munique é um dos melhores filmes dos últimos anos e talvez o melhor de toda a carreira de Spielberg. Narrativamente complexo, emocionalmente devastador e politicamente relevante, a obra conta com um roteiro impecável para contar a degradação moral do personagem principal, tendo como pano de fundo um conflito ainda atual. Com cenas orquestradas de forma magistral por Spielberg, Munique é um verdadeiro soco no estômago, levantando questões e fazendo pensar.

WOOD & STOCK – SEXO, ORÉGANO E ROCK N` ROLL – Brasil, 2006 **
De Otto Guerra. Com as vozes de Sepé Tiaraju, Zé Vitor Castiel, Rita Lee e Tom Zé.

Os personagens de Angeli definitivamente não funcionam nas telas da mesma forma que nas tiras de quadrinhos. Lento demais e com poucas piadas engraçadas, o filme abusa da boa vontade do espectador em rir do estilo de vida dos personagens. Pouco inspirado, apesar de algumas idéias serem interessantes, como o porco vocalista.

O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN (BROKEBACK MOUNTAIN) – EUA, 2005 ***1/2
De Ang Lee. Com Heath Ledger, Jake Gyllenhaal, Michelle Williams, Anne Hathaway e Randy Quaid.

O filme mais superestimado do ano. Está longe de ser tudo aquilo que foi pintado, mas O Segredo de Brokeback Mountain ainda é uma bela história de amor, contada de forma sensível e delicada por Ang Lee. Os personagens são muito bem construídos, encontrando intérpretes à altura em Heath Ledger e Jake Gyllenhaal. Mas o roteiro se enrola demais no andamento da história, tornando o filme arrastado em diversos momentos.

NÃO TENHO MEDO (IO NON HO PAURA) - Itália, 2003 ****
De Gabriele Salvatores. Com Giuseppe Cristiano, Mattia Di Pierro, Adriana Conserva e Fabio Tetta.

Não Tenho Medo é um gilme muito eficiente que consegue combinar diversos gêneros de forma harmoniosa. Contada pelo ponto de vista de uma criança, a história surpreende o espectador e mantém-se interessante graças à direção segura de Salvatores. Apesar do final decepcionar um pouco, o saldo é positivo.

MELINDA E MELINDA (MELINDA AND MELINDA) – EUA, 2004 ***
De Woody Allen. Com Radha Mitchell, Will Ferrel, Amanda Peet e Chloe Sevigny.

Apesar de trazer alguns relances da genialidade de seu diretor, Melinda e Melinda ainda não é Woody Allen em sua melhor forma. O ponto de partida é interessante, mas o desenvolvimento é pouco satisfatório. A parte dramática não empolga e o lado cômico funciona somente quando Will Ferrel está em cena. Há algumas boas sacadas no roteiro, mas apenas isso.

PROCURA-SE UM AMOR QUE GOSTE DE CACHORROS (MUST LOVE DOGS) **1/2
De Gary David Goldberg. Com Diane Lane, John Cusack, Elizabeth Perkins, Christopher Plummer, Dermot Mulroney e Stockard Channing.

Este filme tinha tudo para ser uma comédia romântica interessante, mas a direção de Gary David Goldberg joga tudo a perder. O roteiro tem bons diálogos e Lane e Cusack são carismáticos e talentosos, mas o romance não convence e algumas cenas parecem brincadeira de tão embaraçosas, como o final no lago.

BOA NOITE E BOA SORTE (GOOD NIGHT, AND GOOD LUCK.) – EUA, 2005 ****
De George Clooney. Com David Strathairn, George Clooney, Frank Langella, Robert Downey Jr., Patricia Clarkson e Jeff Daniels.

George Clooney comprova seu talento na direção com este que é considerado um dos melhores filmes do ano. Mesmo que não seja pra tanto, Boa Noite e Boa Sorte tem muitas qualidades para ser considerado acima da média, como um bom roteiro, a direção segura e sutil e boas atuações. Há algumas digressões desnecessárias e falta de envolvimento com os personagens, mas Clooney mostra a que veio e ainda oferece algumas questões pertinentes sobre o papel da mídia.

O COZINHEIRO, O LADRÃO, A MULHER E O AMANTE (THE COOK, THE THIEF, HIS WIFE AND HER LOVER) ***
De Peter Greenaway. Com Michael Gambon, Helen Mirren, Richard Bohringer, Alan Howard e Tim Roth.

Um delírio absurdo e surreal, esta obra de Peter Greenaway consegue causar estranheza e admiração ao mesmo tempo. A história não faz muito sentido, mas é tão maluca e original que é impossível desgrudar o olho. O final é de uma bizarrice extrema, fechando com chave de ouro esta obra visual e conceitualmente diferente.

JOHNNY E JUNE (WALK THE LINE) – EUA, 2005 ***
De James Mangold. Com Joaquin Phoenix, Reese Whiterspoon, Ginnifer Goodwin, Robert Patrick e Dallas Roberts.

A cinebiografia de Johnny Cash sofre do mesmo mal que acometeu Ray. Diversas passagens parecem inseridas apenas para “constar”, sem auxiliar no desenvolvimento da trama ou dos personagens. Este problema e a direção burocrática de James Mangold são compensadas pela boa trilha sonora e pelas intocáveis atuações de Phoenix e Whiterspoon, que possuem ótima química (e ainda cantam).

CRASH – NO LIMITE (CRASH) – EUA, 2004 *****
De Paul Haggis. Com Don Cheadle, Terrence Howard, Brendan Fraser, Sandra Bullock, Jennifer Esposito, Ryan Phillipe, Thandie Newton e Matt Dillon.

Talvez a maior surpresa cinematográfica do ano passado, Crash faz jus à reputação que construiu. São diversas histórias interligadas, tendo como ponto de partida o preconceito racial, formando um impressionante mosaico de intolerância e violência. O roteiro é genial, conseguindo tornar críveis os diversos personagens, sem jamais cair no clichê. Um belo e importante filme.

NO DIRECTION HOME: BOB DYLAN (NO DIRECTION HOME) – EUA, 2005 ****
De Martin Scorsese.

Fascinante retrato dos primeiros anos de carreira de um dos maiores nomes da música mundial. Apesar de excessivamente longo, o filme de Scorsese funciona muito bem, pintando Dylan como um ser humano, sem jamais idolatrá-lo. Entrevistas com quem viveu aquela época e com o próprio cantor fazem de No Direction Home não apenas uma bela interpretação de quem é Dylan, mas um documento sobre uma época importante.

UM AMOR PARA RECORDAR (A WALK TO REMEMBER) – EUA, 2002 ***
De Adam Shankman. Com Mandy Moore, Shane West, Peter Coyote e Daryl Hannah.

Um Amor para Recordar é um filme que surpreende o espectador à medida que a narrativa se desenvolve. Se a primeira metade é lamentável, repleta de clichês de filmes adolescentes, a segunda parte funciona e realmente comove. O romance entre os jovens ganha força e chega um momento em que o espectador se descobre realmente interessado nos dois personagens. Uma boa surpresa.

COACH CARTER – TREINO PARA A VIDA (COACH CARTER) – EUA, 2005 ****
De Thomas Carter. Com Samuel L. Jackson, Rob Brown, Robert Richard e Rick Gonzalez.

Não há nada de inovador em Coach Carter. A história já foi contada diversas vezes e a trama acumula um clichê atrás do outro. Mas o filme é feito com extrema sinceridade e competência, funcionando como uma obra inspiradora. As mais de duas horas passam voando e não há como não se sentir bem ao final. Um filme que fala diretamente ao coração.

CONTRA CORRENTE (UNDERTOW) – EUA, 2004 **
De David Gordon Green. Com Jamie Bell, Josh Lucas, Dermot Mulroney e Devon Alan.

Apesar da opção pelo realismo na narrativa funcionar, Contra Corrente acaba sendo prejudicado pela fraca direção de Gordon Green, que dilui o interesse do espectador à medida que a obra se desenvolve. Há bons momentos e um roteiro eficiente, mas os personagens não cativam e a obra não oferece tensão.

OS IRMÃOS GRIMM (THE BROTHERS GRIMM) – EUA, 2005 **1/2
De Terry Gilliam. Com Heath Ledger, Matt Damon, Monica Bellucci, Peter Stormare, Jonathan Pryce e Lena Headley.

Os Irmãos Grimm traz aquilo que se espera de um filme de Terry Gilliam: roteiro maluco misturando fantasia e realidade e alto cuidado visual, ao menos na direção de arte. Pena que a história seja confusa demais, arruinando a boa premissa inicial. Além disso, os efeitos visuais são terríveis, parecendo de anos atrás. Alguns bons diálogos e situações e as divertidas atuações dos protagonistas garantem o interesse desse filme que poderia ser mais do que é.


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