Ripley Subterrâneo
Apesar de saber que Tom Ripley era, em sua origem, um personagem literário, apenas o conhecia de suas aparições no cinema, mais precisamente em O Talentoso Ripley, onde foi interpretado por Matt Damon, e em O Retorno do Talentoso Ripley, quando foi encarnado por John Malkovich. Sempre o achei um personagem fascinante e tive a curiosidade de ler alguma das obras de Patricia Highsmith protagonizadas por ele. Finalmente tive a chance quando caiu em minhas mãos Ripley Subterrâneo, a mais recente obra do personagem adaptada ao cinema, ainda que em uma versão meio desconhecida dirigida por Roger Spottiswoode. O fato é que Tom Ripley é, nas páginas e na descrição de Highsmith, um personagem ainda mais complexo e interessante do que nas telas. Em Ripley Subterrâneo, a autora o coloca em meio a uma trama envolvente sobre falsificação de quadros, na qual Ripley precisa usar a sua astúcia e amoralidade para sair ileso. A narrativa de Highsmith e a própria história são sempre elegantes e refinadas, transmitindo com facilidade a atmosfera da alta sociedade européia, inclusive com o jogo de aparências típico. Apesar da trama funcionar, não há como negar que é Tom Ripley o aspecto mais fascinante da obra. Um personagem ambíguo, que mantém certa ética para determinados assuntos, mas não hesita em assassinar um homem quando necessário, sem sentir o menor remorso. Arguto, Ripley tem pensamento rápido e tranqüilidade para se livrar dos problemas, ainda que não sem algumas dúvidas a respeito da finalidade daquilo. Ripley Subterrâneo é, sem dúvida, um belo romance policial. Tem uma trama elaborada e bem contada (apesar do final decepcionar um pouco), com cenas que fogem do fantástico, primando pelo realismo dos acontecimentos. Mas, no final, é Tom Ripley quem conquista o leitor. Funciona como romance, mas é ainda melhor para quem quer conhecer um dos mais fascinantes personagens que a literatura policial já produziu.
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