O GÂNGSTER
O ano começou muito bem para o cinema. Em menos de dois meses, o espectador brasileiro já pôde acompanhar uma série de filmes capazes de figurar em listas de melhores do ano, como O Caçador de Pipas, Desejo e Reparação e Onde os Fracos Não Têm Vez. Pois O Gângster é mais um deles. Dirigido por Ridley Scott, o filme é um épico grandioso sobre o crime, uma saga que acompanha o duelo entre dois homens em lados opostos da lei. De certa forma, é semelhante a Fogo Contra Fogo, conquanto inferior ao trabalho de Michael Mann. O que não tira os méritos de O Gângster. A obra de Scott, escrita por Steven Zaillian (responsável por A Lista de Schindler) consegue apresentar um personagem fascinante e construir uma narrativa clássica e eficiente, pontuada por cenas bem-construídas e ótimas atuações. A intenção de Scott é desenvolver a história como duas tramas paralelas que acabam se cruzando quando as vidas dos protagonistas convergem. É uma abordagem que resulta em um filme desenvolvido com cuidado, dando espaço para que o espectador conheça mais os personagens. Assim, quando o detetive Richie Roberts começa a perseguir o traficante Frank Lucas, a platéia conhece os dois, o que dá maior dimensão à caçada. Ainda assim, a história do criminoso é infinitamente mais interessante que a do policial, o que tira alguns pontos do filme. Lucas é um personagem complexo, cruel e frio quando necessário, mas que freqüenta a missa e ama a família. Denzel Washington captura com perfeição essa dualidade, fazendo o espectador gostar e temer Lucas ao mesmo tempo. Por outro lado, Roberts tem uma vida bagunçada e o roteiro pouco faz para deixá-la mais clara ao espectador. Russel Crowe está ótimo como sempre no papel, mas a vida de seu personagem é menos interessante que a de Lucas. Ainda assim, O Gângster jamais perde o ritmo. São duas horas e meia de projeção com o espectador completamente imerso na trama, sem a menor vontade de olhar para o relógio. Algumas cenas são fabulosas, como o momento da prisão de Lucas, e os diálogos são ótimos (“Ou você é rico e tem inimigos, ou é pobre e tem amigos”), sempre conduzidos sem afetações por Scott. Um belíssimo filme, prejudicado somente pelo fato da história de Roberts ser mais insípida que a de Lucas e pela da clara tentativa de Scott em fazer a platéia acreditar que o traficante é um cara bonzinho ao final.
Nota: 8.0
Nota: 8.0
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