O Mergulho
O relógio devia marcar umas oito horas da manhã de domingo.
Dos mais de dez que partiram para a guerra, sobraram três – eu e mais dois.
Após caminhadas pelo telhado, carros abandonados em valas, doses de tequila, whisky e outras coisas que não lembro, chegávamos em casa.
Mas ainda não era hora de dormir.
Cantar Corazón Partido com todas as forças de uma garganta alcoolizada foi apenas o início.
O melhor ficaria para o final.
Circulei pela casa, gritei, comi pedaço de bolo, falamos bobagem.
E cansei.
Deitei-me na rede.
Lentamente, as pestanas começaram a baixar. A realidade foi sendo deixada para trás. O subconsciente dominava os pensamentos. O sono assumia controle.
Então, o barulho de algo caindo na água.
Um olho se abriu.
Logo em seguida, outra coisa caía na água.
O outro olho se abriu.
De súbito, compreendi.
A piscina.
Os outros dois soldados estavam na água.
Eles nos fundos e eu na frente da casa.
Era a hora do grand finale.
Minha mão direita foi em direção ao bolso direito. Nada.
A esquerda perscrutou o bolso esquerdo. Vazio.
Ambas apalparam as nádegas. Apenas gordura.
Celular e carteira já haviam sido guardados.
O resto secaria.
Perguntei-me: “Vale a pena?”
“Vale”, respondi.
Com esforço, levantei-me. Ninguém em volta.
Uma rápida alongada. Braço, perna, costas, pescoço.
Ainda que sozinho ali, não contive o sorriso.
E parti.
Uma perna depois da outra, em movimentos cada vez mais rápidos.
Corri pela varanda, pela garagem e cheguei à piscina.
À principio, não notaram minha presença.
Eu corria.
Subi os degraus que levavam à água em um só salto.
Correndo.
E pulei.
Ainda no ar, já ouvia os gritos de comemoração dos outros bêbados na piscina. Eles se deram conta do que eu fazia.
Entrei em contato com a água naquilo que se chama de “bombinha”. E já levantei com os braços para cima, comemorando e pronto para receber a ovação.
Ela veio.
Camisa, tênis, meia, calça, cinto.
Um dia inteiro para secar.
Por aqueles segundos que valeram a pena.
Dos mais de dez que partiram para a guerra, sobraram três – eu e mais dois.
Após caminhadas pelo telhado, carros abandonados em valas, doses de tequila, whisky e outras coisas que não lembro, chegávamos em casa.
Mas ainda não era hora de dormir.
Cantar Corazón Partido com todas as forças de uma garganta alcoolizada foi apenas o início.
O melhor ficaria para o final.
Circulei pela casa, gritei, comi pedaço de bolo, falamos bobagem.
E cansei.
Deitei-me na rede.
Lentamente, as pestanas começaram a baixar. A realidade foi sendo deixada para trás. O subconsciente dominava os pensamentos. O sono assumia controle.
Então, o barulho de algo caindo na água.
Um olho se abriu.
Logo em seguida, outra coisa caía na água.
O outro olho se abriu.
De súbito, compreendi.
A piscina.
Os outros dois soldados estavam na água.
Eles nos fundos e eu na frente da casa.
Era a hora do grand finale.
Minha mão direita foi em direção ao bolso direito. Nada.
A esquerda perscrutou o bolso esquerdo. Vazio.
Ambas apalparam as nádegas. Apenas gordura.
Celular e carteira já haviam sido guardados.
O resto secaria.
Perguntei-me: “Vale a pena?”
“Vale”, respondi.
Com esforço, levantei-me. Ninguém em volta.
Uma rápida alongada. Braço, perna, costas, pescoço.
Ainda que sozinho ali, não contive o sorriso.
E parti.
Uma perna depois da outra, em movimentos cada vez mais rápidos.
Corri pela varanda, pela garagem e cheguei à piscina.
À principio, não notaram minha presença.
Eu corria.
Subi os degraus que levavam à água em um só salto.
Correndo.
E pulei.
Ainda no ar, já ouvia os gritos de comemoração dos outros bêbados na piscina. Eles se deram conta do que eu fazia.
Entrei em contato com a água naquilo que se chama de “bombinha”. E já levantei com os braços para cima, comemorando e pronto para receber a ovação.
Ela veio.
Camisa, tênis, meia, calça, cinto.
Um dia inteiro para secar.
Por aqueles segundos que valeram a pena.
2 Comments:
Silvio! Beleza?
Passando pra te informar que, agora, sou seu vizinho de porta. O Taxitramas passou para o blogspot.
Se achar que mereço, atualize o teu link, que ainda aponta para o endereço antigo.
Há braços!!
Deixei um recado pra tu, lá!
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