Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Monday, February 09, 2009

O Mergulho

O relógio devia marcar umas oito horas da manhã de domingo.

Dos mais de dez que partiram para a guerra, sobraram três – eu e mais dois.

Após caminhadas pelo telhado, carros abandonados em valas, doses de tequila, whisky e outras coisas que não lembro, chegávamos em casa.

Mas ainda não era hora de dormir.

Cantar Corazón Partido com todas as forças de uma garganta alcoolizada foi apenas o início.

O melhor ficaria para o final.

Circulei pela casa, gritei, comi pedaço de bolo, falamos bobagem.

E cansei.

Deitei-me na rede.

Lentamente, as pestanas começaram a baixar. A realidade foi sendo deixada para trás. O subconsciente dominava os pensamentos. O sono assumia controle.

Então, o barulho de algo caindo na água.

Um olho se abriu.

Logo em seguida, outra coisa caía na água.

O outro olho se abriu.

De súbito, compreendi.

A piscina.

Os outros dois soldados estavam na água.

Eles nos fundos e eu na frente da casa.

Era a hora do grand finale.

Minha mão direita foi em direção ao bolso direito. Nada.

A esquerda perscrutou o bolso esquerdo. Vazio.

Ambas apalparam as nádegas. Apenas gordura.

Celular e carteira já haviam sido guardados.

O resto secaria.

Perguntei-me: “Vale a pena?”

“Vale”, respondi.

Com esforço, levantei-me. Ninguém em volta.

Uma rápida alongada. Braço, perna, costas, pescoço.

Ainda que sozinho ali, não contive o sorriso.

E parti.

Uma perna depois da outra, em movimentos cada vez mais rápidos.

Corri pela varanda, pela garagem e cheguei à piscina.

À principio, não notaram minha presença.

Eu corria.

Subi os degraus que levavam à água em um só salto.

Correndo.

E pulei.

Ainda no ar, já ouvia os gritos de comemoração dos outros bêbados na piscina. Eles se deram conta do que eu fazia.

Entrei em contato com a água naquilo que se chama de “bombinha”. E já levantei com os braços para cima, comemorando e pronto para receber a ovação.

Ela veio.

Camisa, tênis, meia, calça, cinto.

Um dia inteiro para secar.

Por aqueles segundos que valeram a pena.

2 Comments:

Blogger Mauro Castro said...

Silvio! Beleza?

Passando pra te informar que, agora, sou seu vizinho de porta. O Taxitramas passou para o blogspot.

Se achar que mereço, atualize o teu link, que ainda aponta para o endereço antigo.

Há braços!!

4:52 PM  
Anonymous Anonymous said...

Deixei um recado pra tu, lá!

12:55 PM  

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