Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Thursday, March 30, 2006

Crash - Estranhos Prazeres


Antes de qualquer coisa, vou esclarecer: este Crash não tem nada a ver com o filme que acabou de ganhar o Oscar. Crash, o livro escrito por J. G. Ballard, já foi adaptado para o cinema, mas pelas mãos de David Cronenberg, em 1996. Não sei qual foi o resultado da obra cinematográfica, mas o livro é uma grande porcaria. Ballard utiliza o escudo de “escritor maldito” para tentar contar uma história pretensiosa, tediosa e, o pior de tudo, vazia. Se era para existir metáforas na trama das pessoas que se excitam com acidentes de carro, elas simplesmente passaram em branco por mim, perdidas em meio ao estilo sem graça e a repetição das cenas criadas por Ballard. A história de Crash não evoluiu e os personagens não têm o menor apelo junto ao leitor. Sabe-se que não é preciso gostar de um personagem para ser “levado” por ele na história – Ballard nem pede isso –, mas os tipos que desfilam em Crash permanecem nas análises superficiais, parecendo todos com as mesmas fobias e fetiches, em uma insuportável e interminável repetição. Na verdade, Ballard parece ter tentado, com Crash, alcançar aquilo que Chuck Palahniuk conseguiu em Clube da Luta: chocar o público em uma obra com contornos psico-sociais, mandando um recado pungente e reflexivo. Mas Crash está a anos-luz da obra-prima de Palahniuk. Em uma definição rápida, o livro de Ballard não passa de pornografia gratuita disfarçada de obra inovadora e transgressora. E, pornografia por pornografia, recomendo A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro. Este sim um livro com estilo, conteúdo e nem um pouco chato.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Olha onde eu vim parar, e sem querer! Abraços Pilau!

4:37 AM  

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