O Dom da Cozinha
Comer é um dos grandes prazeres da vida. Tudo bem, uma afirmação dessas não é nada surpreendente vinda de um semi-gordo (ênfase no semi) como eu, mas o fato é que pessoas sem quilinhos a mais também concordam. Tirando aquelas crianças chatas e outros poucos seres humanos incompreensíveis para os quais se alimentar nada mais é do que uma obrigação, a imensa maioria sente prazer ao saber que vai comer algo saboroso.
Só que estes pratos não surgem em passe de mágica. Existe uma ciência por trás de todos os víveres deliciosos que ansiamos por fazer a digestão. Cozinhar é, sim, uma arte. Na verdade, é mais do que uma arte, posto que ninguém consegue sobreviver por muito tempo sem comida. Por tudo isso, os cozinheiros são mais que artistas; são deuses, que merecem a nossa reverência e adoração.
Estou exagerando? Talvez. Mas vejam o meu caso. Como afirmei no início desse texto, acho comer um dos grandes prazeres da vida. Só que quem definiu as minhas habilidades e dons como ser humano (seja minha mãe, meu pai, Deus, Papai Noel ou quem quer que seja) simplesmente esqueceu de colocar “dotes culinários” na lista. Como resultado, minha habilidade na cozinha resume-se a abrir a geladeira com a velocidade necessária para criar aquela expectativa sobre o que este eletrodoméstico esconde. Nada mais.
Então, o que seria de mim sem estas pessoas fabulosas que transformam pedaços de comida grotescos em objetos de desejo? Empregadas, mães, chefs de restaurante, amigos, parentes, seja o que for. Entrou na cozinha e saiu com um prato saboroso na mão, pode ter a certeza de que acaba de ganhar o meu respeito por muitos anos. E, claro, se o destino do prato for o meu estômago, já tem o meu respeito por toda a eternidade.
Ainda tem outra coisa. Todo e qualquer cozinheiro, além de um ser iluminado por colocar o prazer em paladares alheios, é uma pessoa de paciência admirável. Isso porque o tempo despendido em produzir uma refeição é, no mínimo, três vezes maior do que o tempo levado para devorá-la de forma completa.
Imaginem a cena. Um jantar em família. Irmãos, primos e sei lá mais quem vem à sua casa num domingo. Animado com aquilo, você decide cozinhar um daqueles pratos que a sua mãe lhe ensinou o segredo e que ninguém jamais conseguiu fazer igual. Vamos dizer que você passe pelo menos duas horas na cozinha, sujando a si mesmo, sujando o chão, sujando quem passa ao seu lado. Suando com o calor, desejando estar rindo e conversando junto com os outros, amaldiçoando sua mãe por ter lhe ensinado o segredo desse prato.
Até que a refeição fica pronta. E toda a animação volta quando se enxerga aquele prato esteticamente lindo e – provavelmente – saboroso. Desejoso em agradar o bando, você coloca o prato na mesa, esperando que eles saibam apreciar o esforço e a dedicação colocados ali. Só que, em menos de quinze minutos, o mesmo prato que havia sido o recipiente de tanto amor e carinho é devorado como se aquelas pessoas fossem uma horda de bárbaros que jamais comeram algo além de lebres no meio da floresta. Uma lágrima corre pelo canto do seu olho ao ver que ninguém lembrou de quem fez tudo aquilo. Em seguida, todos voltam ao que estavam fazendo antes, deixando de lado a refeição que agora parece ter sido atropelada por um tornado.
Digam-me: como não deificar uma pessoa dessas? Como não tratar um ser que se sacrifica tanto por nosso paladar como uma encarnação divina, digna da mais alta adoração? Sim, este texto é exatamente isso. Uma homenagem, uma ode aos seres superiores que são os cozinheiros. Jamais, em toda a minha existência, ousarei me comparar a uma destas criaturas. Perto deles, sou um nada.
Se você é um destes anjos sobre a Terra, este texto é para você. Se você consegue fazer algo mais do que um sanduíche de presunto, um miojo ou um cachorro-quente (cachorro-quente como eu faço, que fique bem claro, só pão e salsicha), este texto é para você. Até mais do que uma homenagem, é um agradecimento. Um muito obrigado por tornar a vida mais agradável.
Na próxima vez que alguém cozinhar para você, vá até esta pessoa e aperte a sua mão. De preferência, abrace-a entusiasticamente. Lembre-se que, se não fosse por ela, você poderia estar comendo rúcula.
Só que estes pratos não surgem em passe de mágica. Existe uma ciência por trás de todos os víveres deliciosos que ansiamos por fazer a digestão. Cozinhar é, sim, uma arte. Na verdade, é mais do que uma arte, posto que ninguém consegue sobreviver por muito tempo sem comida. Por tudo isso, os cozinheiros são mais que artistas; são deuses, que merecem a nossa reverência e adoração.
Estou exagerando? Talvez. Mas vejam o meu caso. Como afirmei no início desse texto, acho comer um dos grandes prazeres da vida. Só que quem definiu as minhas habilidades e dons como ser humano (seja minha mãe, meu pai, Deus, Papai Noel ou quem quer que seja) simplesmente esqueceu de colocar “dotes culinários” na lista. Como resultado, minha habilidade na cozinha resume-se a abrir a geladeira com a velocidade necessária para criar aquela expectativa sobre o que este eletrodoméstico esconde. Nada mais.
Então, o que seria de mim sem estas pessoas fabulosas que transformam pedaços de comida grotescos em objetos de desejo? Empregadas, mães, chefs de restaurante, amigos, parentes, seja o que for. Entrou na cozinha e saiu com um prato saboroso na mão, pode ter a certeza de que acaba de ganhar o meu respeito por muitos anos. E, claro, se o destino do prato for o meu estômago, já tem o meu respeito por toda a eternidade.
Ainda tem outra coisa. Todo e qualquer cozinheiro, além de um ser iluminado por colocar o prazer em paladares alheios, é uma pessoa de paciência admirável. Isso porque o tempo despendido em produzir uma refeição é, no mínimo, três vezes maior do que o tempo levado para devorá-la de forma completa.
Imaginem a cena. Um jantar em família. Irmãos, primos e sei lá mais quem vem à sua casa num domingo. Animado com aquilo, você decide cozinhar um daqueles pratos que a sua mãe lhe ensinou o segredo e que ninguém jamais conseguiu fazer igual. Vamos dizer que você passe pelo menos duas horas na cozinha, sujando a si mesmo, sujando o chão, sujando quem passa ao seu lado. Suando com o calor, desejando estar rindo e conversando junto com os outros, amaldiçoando sua mãe por ter lhe ensinado o segredo desse prato.
Até que a refeição fica pronta. E toda a animação volta quando se enxerga aquele prato esteticamente lindo e – provavelmente – saboroso. Desejoso em agradar o bando, você coloca o prato na mesa, esperando que eles saibam apreciar o esforço e a dedicação colocados ali. Só que, em menos de quinze minutos, o mesmo prato que havia sido o recipiente de tanto amor e carinho é devorado como se aquelas pessoas fossem uma horda de bárbaros que jamais comeram algo além de lebres no meio da floresta. Uma lágrima corre pelo canto do seu olho ao ver que ninguém lembrou de quem fez tudo aquilo. Em seguida, todos voltam ao que estavam fazendo antes, deixando de lado a refeição que agora parece ter sido atropelada por um tornado.
Digam-me: como não deificar uma pessoa dessas? Como não tratar um ser que se sacrifica tanto por nosso paladar como uma encarnação divina, digna da mais alta adoração? Sim, este texto é exatamente isso. Uma homenagem, uma ode aos seres superiores que são os cozinheiros. Jamais, em toda a minha existência, ousarei me comparar a uma destas criaturas. Perto deles, sou um nada.
Se você é um destes anjos sobre a Terra, este texto é para você. Se você consegue fazer algo mais do que um sanduíche de presunto, um miojo ou um cachorro-quente (cachorro-quente como eu faço, que fique bem claro, só pão e salsicha), este texto é para você. Até mais do que uma homenagem, é um agradecimento. Um muito obrigado por tornar a vida mais agradável.
Na próxima vez que alguém cozinhar para você, vá até esta pessoa e aperte a sua mão. De preferência, abrace-a entusiasticamente. Lembre-se que, se não fosse por ela, você poderia estar comendo rúcula.
1 Comments:
nossa não gostei, comecei a ler e esperava mais ,li na no meio o mesmo tom, esperava por uma viajem (g)astronômica
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