Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Friday, March 13, 2009

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?


Grande vencedor do Oscar 2009 (levou os carecas de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro e outros cinco), Quem Quer Ser um Milionário? está destinado a entrar no rol de produções injustamente premiadas com a láurea mais importante do mundo do cinema. Não que seja um filme ruim; não o é. No entanto, mesmo com diversas qualidades, Quem Quer Ser um Milionário? é uma obra com alguns problemas e que jamais faz algo além de deixar um sorriso no rosto do espectador. Danny Boyle e o roteirista Simon Beaufoy adotam uma estrutura narrativa interessante, fazendo com que cada pergunta do jogo que o protagonista participa leve a um flashback para contar sua história. A opção oferece um certo dinamismo ao filme e oportuniza um trabalho mais destacado de edição, especialmente nas transições entre os tempos paralelos. No entanto, se ganha destaque após algumas primeiras idas e vindas no tempo, essa estrutura acaba se tornando óbvia a partir da metade, já que não surpreende mais. Danny Boyle é bem-sucedido ao imprimir uma direção enérgica a Quem Quer Ser um Milionário?, especialmente nas cenas passadas na favela (e os cortes rápidos e ângulos inusitados justificam, sim, a lembrança a Cidade de Deus, de Fernando Meirelles). Mais do que isso, porém, o grande mérito do trabalho de Boyle é o tom de esperança que coloca na trama. É difícil para o espectador sentar-se passivo na cadeira diante da jornada de Jamal – inevitavelmente irá torcer por ele. Por essa razão, as críticas ao fato de Meirelles glamourizar e suavizar a miséria e a pobreza são meras altercações sem sentido. O objetivo do cineasta e do próprio filme é exatamente transmitir essa mensagem de amor e de esperança, de que mesmo nas piores condições é possível acreditar em seus sonhos, ainda que este esteja no destino. Quem Quer Ser um Milionário? apresenta a pobreza e as terríveis condições de milhões de pessoas na Índia, mas, acima de tudo, é um filme para cima, que transmite à platéia uma sensação de felicidade e bem-estar. A direção de Boyle consegue isso, mas é uma pena que o faça através de um roteiro simplista e maniqueísta. A abordagem a diversos personagens é unidimensional – os vilões são apenas malvados e os mocinhos são apenas bonzinhos –, provavelmente com o objetivo de reforçar o aspecto de vítima de Jamal. Além disso, algumas soluções encontradas são fáceis demais, sem qualquer fundamento, como a súbita e incompreensível transformação de um personagem que ajuda Latika no final da história. O próprio romance é previsível e, de certa forma, cafona, pontuado por alguns diálogos pavorosos, como quando Latika pergunta a Jamal: “Viveremos de quê?”. Ele apenas responde: “De amor”. Ainda assim, Quem Quer Ser um Milionário? é um filme que cativa e faz bem ao espectador, que se vê torcendo por Jamal e emocionado no final. Uma pena que use de uma breguice exagerada e deslizes do roteiro para chegar a isso.

P.S.: Freida Pinto, a Latika, é absurdamente linda.

Nota: 7.0

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