QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?
Grande vencedor do Oscar 2009 (levou os carecas de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro e outros cinco), Quem Quer Ser um Milionário? está destinado a entrar no rol de produções injustamente premiadas com a láurea mais importante do mundo do cinema. Não que seja um filme ruim; não o é. No entanto, mesmo com diversas qualidades, Quem Quer Ser um Milionário? é uma obra com alguns problemas e que jamais faz algo além de deixar um sorriso no rosto do espectador. Danny Boyle e o roteirista Simon Beaufoy adotam uma estrutura narrativa interessante, fazendo com que cada pergunta do jogo que o protagonista participa leve a um flashback para contar sua história. A opção oferece um certo dinamismo ao filme e oportuniza um trabalho mais destacado de edição, especialmente nas transições entre os tempos paralelos. No entanto, se ganha destaque após algumas primeiras idas e vindas no tempo, essa estrutura acaba se tornando óbvia a partir da metade, já que não surpreende mais. Danny Boyle é bem-sucedido ao imprimir uma direção enérgica a Quem Quer Ser um Milionário?, especialmente nas cenas passadas na favela (e os cortes rápidos e ângulos inusitados justificam, sim, a lembrança a Cidade de Deus, de Fernando Meirelles). Mais do que isso, porém, o grande mérito do trabalho de Boyle é o tom de esperança que coloca na trama. É difícil para o espectador sentar-se passivo na cadeira diante da jornada de Jamal – inevitavelmente irá torcer por ele. Por essa razão, as críticas ao fato de Meirelles glamourizar e suavizar a miséria e a pobreza são meras altercações sem sentido. O objetivo do cineasta e do próprio filme é exatamente transmitir essa mensagem de amor e de esperança, de que mesmo nas piores condições é possível acreditar em seus sonhos, ainda que este esteja no destino. Quem Quer Ser um Milionário? apresenta a pobreza e as terríveis condições de milhões de pessoas na Índia, mas, acima de tudo, é um filme para cima, que transmite à platéia uma sensação de felicidade e bem-estar. A direção de Boyle consegue isso, mas é uma pena que o faça através de um roteiro simplista e maniqueísta. A abordagem a diversos personagens é unidimensional – os vilões são apenas malvados e os mocinhos são apenas bonzinhos –, provavelmente com o objetivo de reforçar o aspecto de vítima de Jamal. Além disso, algumas soluções encontradas são fáceis demais, sem qualquer fundamento, como a súbita e incompreensível transformação de um personagem que ajuda Latika no final da história. O próprio romance é previsível e, de certa forma, cafona, pontuado por alguns diálogos pavorosos, como quando Latika pergunta a Jamal: “Viveremos de quê?”. Ele apenas responde: “De amor”. Ainda assim, Quem Quer Ser um Milionário? é um filme que cativa e faz bem ao espectador, que se vê torcendo por Jamal e emocionado no final. Uma pena que use de uma breguice exagerada e deslizes do roteiro para chegar a isso.
P.S.: Freida Pinto, a Latika, é absurdamente linda.
Nota: 7.0
P.S.: Freida Pinto, a Latika, é absurdamente linda.
Nota: 7.0
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