Jornada
Os caras lá da cidade em forma de avião estão avaliando reduzir a jornada de trabalho do pobre trabalhador brasileiro. Iria para 40 horas semanais, o que, para quem não trabalha finais de semana, dariam 8 horas de labuta diária. Claro que todos os trabalhadores devem estar curtindo a ideia, mas confesso que ainda não acho ideal. Pelo menos para mim.
Não que essa nova lei faça alguma diferença na minha vida. Na minha carreira de criativo publicitário, não existem horários. Juro que meu relógio arrebentou há uns quatro meses e não quis arrumar. Não faz diferença. A gente fica após o horário de saída sempre que preciso, o que é quase sempre, e sem ganhar hora extra por isso.
Mas pensemos em um mundo ideal, onde até os publicitários cumpririam horários. Seriam 8 horas diárias bastante ou pouco? Eu ainda acho que é muito tempo de trabalho para um só dia.
Acompanhem o raciocínio: 8 horas de trabalho mais, digamos, 1 hora de almoço. Somem isso ao tempo necessário para ir e voltar do serviço, o que vou colocar aqui como 1 hora e meia. Somente no tempo destinado ao trabalho, já se foram 10 horas e meia do dia.
Os doutores da medicina dizem que toda pessoa, para se sentir disposta, precisa de 8 horas de sono por dia. Aí já se vão 18 horas e meia. Acrescentemos meia hora de preparativos antes de dormir – como escovar os dentes e fazer quaisquer outras tarefas domésticas – e meia hora de tempo morto ao acordar – também escovando os dentes, tomando café, lavando o rosto, se vestindo e o que quer que se faça ao sair da cama. Só nessa minha conta já morreram 19 horas e meia do dia.
Claro que, exceto top models, também é preciso jantar. Então cortemos mais uns 45 minutos para o antes, durante e depois da janta. Já se vão 20 horas e 15 minutos. O que significa que, em um dia normal de trabalho, temos em média 3 horas e 45 minutos para nós mesmos.
3 horas e 45 minutos em um dia de 24 horas!
Nessa mísera parcela de tempo, temos que achar espaço para encaixar a parte boa da vida: sair com os amigos, assistir a um bom filme, ler um livro decente, namorar, passar tempo com a família e praticar hobbies como, sei lá, construir navios dentro de garrafas ou esculpir obras de arte.
Alguém tem a coragem de discordar que esse tempo é muito, mas muito exíguo? A vida de um adulto responsável não é fácil nem mesmo no descanso. Essas 3 horas e 45 minutos devem ser planejadas. Ou se assiste a um filme ou se sai para tomar uma cerveja. Ou se marca um encontro ou se dedica a um livro. Ou se joga videogame ou se joga futebol. É preciso selecionar. É injusto.
Não que essa nova lei faça alguma diferença na minha vida. Na minha carreira de criativo publicitário, não existem horários. Juro que meu relógio arrebentou há uns quatro meses e não quis arrumar. Não faz diferença. A gente fica após o horário de saída sempre que preciso, o que é quase sempre, e sem ganhar hora extra por isso.
Mas pensemos em um mundo ideal, onde até os publicitários cumpririam horários. Seriam 8 horas diárias bastante ou pouco? Eu ainda acho que é muito tempo de trabalho para um só dia.
Acompanhem o raciocínio: 8 horas de trabalho mais, digamos, 1 hora de almoço. Somem isso ao tempo necessário para ir e voltar do serviço, o que vou colocar aqui como 1 hora e meia. Somente no tempo destinado ao trabalho, já se foram 10 horas e meia do dia.
Os doutores da medicina dizem que toda pessoa, para se sentir disposta, precisa de 8 horas de sono por dia. Aí já se vão 18 horas e meia. Acrescentemos meia hora de preparativos antes de dormir – como escovar os dentes e fazer quaisquer outras tarefas domésticas – e meia hora de tempo morto ao acordar – também escovando os dentes, tomando café, lavando o rosto, se vestindo e o que quer que se faça ao sair da cama. Só nessa minha conta já morreram 19 horas e meia do dia.
Claro que, exceto top models, também é preciso jantar. Então cortemos mais uns 45 minutos para o antes, durante e depois da janta. Já se vão 20 horas e 15 minutos. O que significa que, em um dia normal de trabalho, temos em média 3 horas e 45 minutos para nós mesmos.
3 horas e 45 minutos em um dia de 24 horas!
Nessa mísera parcela de tempo, temos que achar espaço para encaixar a parte boa da vida: sair com os amigos, assistir a um bom filme, ler um livro decente, namorar, passar tempo com a família e praticar hobbies como, sei lá, construir navios dentro de garrafas ou esculpir obras de arte.
Alguém tem a coragem de discordar que esse tempo é muito, mas muito exíguo? A vida de um adulto responsável não é fácil nem mesmo no descanso. Essas 3 horas e 45 minutos devem ser planejadas. Ou se assiste a um filme ou se sai para tomar uma cerveja. Ou se marca um encontro ou se dedica a um livro. Ou se joga videogame ou se joga futebol. É preciso selecionar. É injusto.
Defendo a ideia de trabalhar apenas durante a tarde, das 14h às 18h. Claro que é impossível, mas a utopia é minha e eu dou a ela o tempo que quiser. Pelo menos, assim a gente teria mais tempo para realmente aproveitar a vida e fazer aquilo que gosta.
Hoje, por exemplo, tenho bem menos do que as 3 horas e 45 minutos. Quem mandou querer escrever esse texto?
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