HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO
HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO (HARRY POTTER AND THE GOBLET OF FIRE) ***
De Mike Newell. Com Daniel Radcliffe. Rupert Grint, Emma Watson, Brendan Gleeson, Michael Gambon, Robbie Coltrane, Alan Rickman, Jason Isaacs, Ralph Fiennes, Timothy Spall, Maggie Smith e Miranda Richardson.
18/12/05 – Silvio Pilau
Foram necessárias três tentativas para que o bruxinho mais famoso do mundo ganhasse um filme à altura das expectativas que o cercam. Após as duas primeiras realizações de Chris Columbus, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, terceiro episódio da saga, deu outro rumo à série, tornando-a mais sombria, mais empolgante e mais voltada aos personagens, características de seu novo diretor, Alfonso Cuáron. Harry Potter e o Cálice de Fogo, a mais recente adaptação cinematográfica do mundo criado por J. K. Rowling, não decepciona como os filmes de Columbus, mas fica muito aquém da qualidade alcançada na obra anterior.
De Mike Newell. Com Daniel Radcliffe. Rupert Grint, Emma Watson, Brendan Gleeson, Michael Gambon, Robbie Coltrane, Alan Rickman, Jason Isaacs, Ralph Fiennes, Timothy Spall, Maggie Smith e Miranda Richardson.
18/12/05 – Silvio Pilau
Foram necessárias três tentativas para que o bruxinho mais famoso do mundo ganhasse um filme à altura das expectativas que o cercam. Após as duas primeiras realizações de Chris Columbus, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, terceiro episódio da saga, deu outro rumo à série, tornando-a mais sombria, mais empolgante e mais voltada aos personagens, características de seu novo diretor, Alfonso Cuáron. Harry Potter e o Cálice de Fogo, a mais recente adaptação cinematográfica do mundo criado por J. K. Rowling, não decepciona como os filmes de Columbus, mas fica muito aquém da qualidade alcançada na obra anterior.
Desta vez Harry está envolvido em um concurso chamado Tribuxo, uma espécie de competição de magia entre alunos representantes de diversas escolas. Enquanto enfrenta os problemas decorrentes das tarefas do concurso, Harry ainda deve arranjar tempo e coragem para convidar uma garota para o baile de Hogwarts e enfrentar a ameaça do retorno de seu maior inimigo.
A primeira coisa que se percebe em Harry Potter e o Cálice de Fogo é o fato da adaptação ser mais longa do que o necessário. Sabe-se que o livro é o maior de toda a série, mas diversas cenas presentes no filme poderiam ser reduzidas – ou até mesmo excluídas – sem prejuízo algum para a narrativa. É, por exemplo, o que acontece na cena inicial no campeonato mundial de Quadribol ou a briga entre Harry e Ron. Livre destes momentos que pouco contribuem à história, Harry Potter e o Cálice de Fogo adquiriria um ritmo mais fluído, ao contrário do andamento irregular que acabou assumindo.
Da mesma forma, outros elementos da história poderiam ser melhor aproveitados. Por que inserir a questão do baile em uns vinte minutos na metade da obra se isso nem é mencionado antes ou depois? Por que não aproveitar mais a questão da adolescência dos personagens e como isso poderia influenciar os outros elementos da trama? As histórias do campeonato Tribuxo, do baile e a que envolve Lorde Voldemort parecem três tramas diferentes dentro do mesmo filme, uma vez que uma não ressoa na outra.
Em outras palavras, há pouco desenvolvimento dos personagens em Harry Potter e o Cálice de Fogo, especialmente quando comparado à obra anterior da série. Muito tempo de projeção é destinado ao campeonato Tribuxo, particular deste episódio, e pouco aos personagens ou à trama envolvendo o retorno de Lorde Voldemort, relacionados à série como um todo. Assim, pouco daquilo que é visto neste filme acrescenta algo à, digamos, mitologia de Harry Potter.
Outro problema que a obra enfrenta, algo comum a filmes com tantos personagens, é a incapacidade de dar tempo suficiente para todos eles. Desta forma, grande parte deles tem uma ou duas cenas e poucos diálogos, inclusive aqueles representados por atores renomados. O que parece é que são participações de luxo, e não personagens essenciais a um filme. Como não há espaço para o desenvolvimento dos personagens, as relações e conflitos presentes na obra soam superficiais e, mais do que isso, bobocas. É o caso da já citada briga entre Harry e Ron, que apenas ocupa tempo em tela e parece ter sido escrita por crianças de primeiro grau.
Em contrapartida, o universo concebido por Rowling continua fascinante quando visto nas telas. Se a construção da narrativa enfrenta percalços, tecnicamente Harry Potter e o Cálice de Fogo é irrepreensível. Além dos efeitos especiais que criam cenas visualmente impactantes, são as pequenas idéias que, quando somadas, criam este mundo maravilhoso no qual os personagens de Harry Potter vivem. Idéias como a pena que ajuda a jornalista a registrar as entrevistas, o baú que se revela um calabouço ou a bota que, na verdade, é um portal para outro mundo.
E, justiça seja feita, mesmo que, no geral, a direção de Mike Newell falhe no desenvolvimento da história, diversas cenas funcionam brilhantemente quando analisadas em separado. O duelo entre Harry e um dragão e a tarefa passada debaixo d’água são empolgantes, bem como o final com a presença de Lorde Voldemort.
Newell ainda merece créditos por seguir no caminho trilhado por Alfonso Cuarón no filme anterior e colocar Hogwarts sob um tom sombrio e nervoso, ao contrário da alegria juvenil das duas primeiras obras da série. Sente-se, tanto em O Prisioneiro de Azkaban quanto em O Cálice de Fogo, que algo perigoso circula pelo corredores da escola, e o clima pesado parece ser voltado a um público maior do que o dos filmes de Columbus.
Enquanto isso, os três atores principais parecem cada vez mais seguros em seus papéis. Mais do que isso, os rostos de Radcliffe, Watson e Grint tornaram-se indissociáveis de Harry, Hermione e Rony: é impossível pensar nos personagens sem lembrar dos atores. Já o restante do elenco é prejudicado pelo já comentado fraco desenvolvimento dos personagens. Os únicos que ganham algum destaque são Brendan Gleeson, que acerta ao construir seu personagem do olho maluco entre a loucura e a comicidade, Michael Gambon, como o sábio professor Dumbledore, e Ralph Fiennes, em uma rápida, mas marcante, aparição como Lorde Voldemort.
Harry Potter e o Cálice de Fogo é um bom filme, que traz tudo aquilo que se espera de uma obra da série (inclusive a reviravolta envolvendo algum personagem no final), mas jamais adquire um vôo mais alto. Certamente vai agradar aos fãs, mas, para aqueles que jamais se empolgaram muito com o mundo de Harry Potter, não passa de uma diversão inofensiva.
1 Comments:
Silvio,
Parabens! Hoje li teu anuncio do premio e fiquei bastante feliz por saber que outros tambem tem a mesma opiniao que eu em relaçao ao teu trabalho. Valeu cara!
Feliz Natal e que 2006 seja O an!
Abraço,
Fernando
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