Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Wednesday, April 12, 2006

Filmes de março

O VIRGEM DE 40 ANOS (40 YEAR OLD VIRGIN) – EUA, 2005 ***1/2
De Judd Apatow. Com Steve Carrell, Catherine Keener, Paul Rudd e Romany Malco.

Steve Carrell é um gênio da comédia. Anotem esse nome, porque vai dar muito o que falar. Sua representação de um homem de quarenta anos que nunca fez sexo é irrepreensível. Além de um timing cômico fulminante, o ator ainda consegue fugir da caricatura, criando um personagem incrivelmente real. Claro que o roteiro do filme ajuda, com diálogos inspirados e situações hilariantes. A única ressalva de O Virgem de 40 Anos fica por conta da longa duração, que acaba fazendo o filme perder o ritmo.
Obs.: assisti a versão sem cortes do filme, com dezessete minutos a mais do que a que foi aos cinemas. Talvez a versão original tenha um ritmo melhor.

CAPOTE – EUA, 2005 ****
De Bennett Miller. Com Phillip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Chris Cooper, Bruce Greenwood e Clifton Collins Jr.

Belo estudo sobre a mente de um personagem fascinante, Capote se sustenta sobre os ombros da brilhante interpretação de Hoffman. Aproveitando um roteiro que lhe dá oportunidades para brilhar, o ator captura não apenas os trejeitos e o modo de falar de Truman Capote, mas o revive na tela como um ser humano completo, com todas as suas contradições e fraquezas. Um ótimo filme.

VÔO NOTURNO (RED EYE) – EUA, 2005 ***1/2
De Wes Craven. Com Rachel McAdams, Cillian Murphy e Brian Cox.

Vôo Noturno foi uma agradável surpresa do gênero suspense. Wes Craven demonstrou criatividade e talento mais uma vez ao criar um jogo interessante entre a mocinha e o vilão dentro do avião. Limitados pelo espaço, os dois personagens usam a inteligência para levar vantagem sobre o outro. Enquanto se passa dentro do avião, a obra mantém o alto nível. Pena que o terceiro ato caia no lugar-comum. Mas Rachel McAdams continua linda e talentosa, criando uma personagem crível que consegue manter o interesse em meio aos clichês.

CROSSROADS – A ENCRUZILHADA (CROSSROADS) – EUA, 1986 ***
De Walter Hill. Com Ralph Macchio, Joe Seneca, Jami Gertz, Joe Morton e Steve Vai.

Inegável que a grande qualidade de Crossroads seja a sua música. Ainda que tenha um ponto de partida interessante e o roteiro se aproveite da lendária história das encruzilhadas, aqueles que não gostam de blues certamente não irão apreciar o filme. A trama é mal desenvolvida e os personagens são rasos, resultando em relações artificiais. Mas os momentos musicais são geniais e empolgantes, como o estarrecedor duelo final entre Macchio e um Steve Vai ensandecido.

PASSAPORTE PARA A CONFUSÃO (EUROTRIP) – EUA, 2004 ***1/2
De Jeff Schaffer. Com Scott Mechlovicz, Jacob Pitts, Kristin Kreuk e Cathy Meils.

Comédia hilária e pouco conhecida, ao melhor estilo American Pie. As piadas são completamente nonsense e idiotas, mas resultam em momentos hilários, como a do italiano no trem e a do novo papa. Ainda que, no elenco, destaque-se apenas Jacob Pitts como o sensacional Cooper, o filme mantém o nível de risadas até o final, revelando um filme que é uma boa surpresa. Reparem nas participações especiais, como a de Matt Damon cantando o hino Scotty Doesn’t Know.

SHREK 2 – EUA, 2004 ****
De Andrew Adamson, Kelly Asbury e Conrad Vernon. Com as vozes de Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, Antonio Banderas, John Cleese e Julie Andrews.

Ainda que não tenha um roteiro tão inspirado quanto o do filme original, Shrek 2 é uma continuação de alta qualidade. Os personagens continuam adoráveis, com destaque para o sempre hilário Burro e o novo Gato de Botas. Há cenas muito engraçadas e outras nem tanto, sempre mantendo o sarcasmo o tom politicamente incorreto, o que o difere dos outros desenhos animados. O resultado final é positivo, ainda que inferior ao primeiro.

MATCH POINT – PONTO FINAL (MATCH POINT) – EUA/Inglaterra, 2005 ****1/2
De Woody Allen. Com Jonathan Rhys Meyers, Scarlett Johansson, Paul Kaye, Matthew Goode, Brian Cox e Emily Mortimer.

A volta de Woody Allen ao Olimpo dos cineastas se deu com um filme que tem pouco a ver com a filmografia do diretor. A verve cômica de Allen é deixada completamente de lado nesse conto de amor, obsessão e assassinato. Como é comum em seus filmes, os personagens são construídos de forma exemplar e complexa, beneficiando-se imensamente do ótimo elenco (Scarlett é uma diva). Se as duas primeiras partes da obra já são excelentes, o terceiro ato é praticamente irrepreensível, trazendo tensão, surpresas e momentos de pura genialidade. Um grande filme.

HOOLIGANS (GREEN STREET HOOLIGANS) – EUA/Inglaterra, 2005 ***
De Lexi Alexander. Com Elijah Wood, Charlie Hunnam, Claire Forlani e Leo Gregory.

Filme com diversas qualidades, mas que falha em um ponto crucial. Ainda que seja eficiente ao apresentar o dia-a-dia dos hooligans, a obra de Lexi Alexander parece aplaudir as ações deles, como se fosse algo necessário para estes jovens se tornarem homens. Além disso, os personagens parecem todos iguais, com a mesma personalidade. Hooligans conta com cenas bem filmadas e intensas e, se não fosse moralmente discutível, poderia ser recomendado com facilidade.

O PLANO PERFEITO (INSIDE MAN) – EUA, 2006 **1/2
De Spike Lee. Com Denzel Washington, Clive Owen, Jodie Foster, Willem Dafoe e Christopher Plummer.

O diretor e o elenco fazem o possível para tirar este filme do lugar-comum das obras do gênero, mas não conseguem. O roteiro, ainda que reserve algumas surpresas em relação ao assalto, perde-se em meio aos furos e situações imperdoáveis, como a burrice de todos os policiais. A obra ganha pontos com os contornos de crítica social ensaiados por Spike Lee, mas é muito pouco para uma produção da qual se esperava mais.

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