Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Wednesday, November 04, 2009

A motivação - Parte 4

4.

Não importava o que os outros pensassem, Rogério não se considerava um assassino. Sim, ele tirava vidas de outros seres humanos, mas jamais contra a vontade deles. Fazia somente quando solicitado. Fazia pura e simplesmente porque pediam.

Sempre que refletia sobre sua profissão, Rogério gostava de se considerar um “Auxiliador Terminal”. Sentia orgulho dessa definição, criada por ele próprio. Ele não era um assassino de aluguel. Não era um psicopata. Rogério apenas matava aquelas pessoas que queriam se matar, mas não tinham coragem. Nada mais do que um ofício.

Era um campo de atuação novo. Jamais ouvira falar de alguém que trabalhasse com isso. Seu último serviço, por exemplo, foi de uma senhora da terceira idade que não aguentava mais viver sozinha após a morte dos filhos e do marido. Rogério ouviu sobre o caso na fila do supermercado e entrou em contato com a idosa, para apresentar seu trabalho. Ela se interessou e o contratou.

Rogério a matou com dois tiros na testa.

A profissão, porém, tinha seus problemas. Não era o peso na consciência. Rogério era desprovido disso. Não chegava a sentir prazer, mas também não se extasiava ao matar. Sempre repetia uma frase de Michael Corleone no instante anterior ao liquidar seus clientes. Era uma frase que acreditava resumir o seu trabalho:

- São apenas negócios, nada pessoal.

Não, a consciência não era o problema. O grande empecilho que impedia a carreira de Rogério deslanchar era o fato de ser uma profissão ilegal. Secreta. Não era possível divulgar seu trabalho nos classificados de algum jornal: “Quer se matar? Pergunte-me como!” Da mesma forma, também não podia contar com a promoção boca-a-boca – até porque as bocas de seus clientes estavam cheias de vermes.

Apesar de ser um homem inteligente, Rogério não conseguiu chegar a qualquer solução sobre esse empecilho. Sabia que precisava fazer publicidade. Necessitava divulgar seus serviços, fazer com que as pessoas o procurassem. Mas não foi capaz de descobrir como fazer isso sem chamar a atenção da lei.

Precisava de ajuda. Precisava de alguém conhecedor do assunto, capaz de criar novas formas de se vender. Precisava de um publicitário de reconhecida qualidade. Do melhor de todos.

Precisava de Tomas Berger.

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