Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Thursday, January 05, 2006

BALANÇO 2005


Como já é tradição em final de ano velho/início de ano novo, aqui está a minha lista dos melhores e piores filmes que chegaram ao Brasil em 2005. Dessa vez, vou cortar todo o papinho que eu fazia antes da lista, por dois motivos: primeiro, por falta de tempo mesmo; segundo, porque eu perdi uns dois meses de filmes por causa da monografia. Então, essa lista está longe de ser completa. Alguns filmes que, pelos comentários, certamente entrariam em algumas dessas listas (Crash, O Jardineiro Fiel, Marcas da Violência) acabaram ficando de fora pelo simples fato de eu não ter assistido a estas produções. Lembrando, mais uma vez, que aqui só estão compilados os filmes que eu assisti que chegaram ao Brasil este ano. Eis a lista:

PIORES FILMES DO ANO (o número 10 é o 10o pior, o 9 é o 9o pior e assim por diante, até o número 1, que é o pior de todos)

10) Reencarnação (Birth) – EUA
Pior do que um filme ruim, só um filme ruim que tenta passar por obra-prima. É o caso desta porcaria. O diretor Jonathan Glazer busca dar um significado que não existe a todas as cenas, fazendo uma obra vazia e pretensiosa. De bom, só a presença de Nicole Kidman, sempre ótima.

9) Refém (Hostage) – EUA
Poderia ser um enlatado de ação suportável, mas Refém se perde na tentativa de ser algo mais. A construção do personagem de Bruce Willis é lamentável, com um trauma que só enrola a trama. Cenas de ação sem graça e um roteiro idiota que nem o carisma de Willis consegue salvar.

8) O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre) – EUA
Esta refilmagem de um clássico de terror dos anos 70 não chega nem aos pés do original. Todo o clima angustiante que existia na obra anterior se perdeu nesta versão, que prefere colocar Jessica Biel fugindo durante quase toda a projeção. Até a família bizarra de Leatherface perdeu sua bizarrice. No final, gritaria e correria sem a menor tensão.

7) Vozes do Além (White Noise) – EUA
Um filme que parte de um princípio interessante, mas que pouco a pouco vai se desmoronando até o final inacreditável de tão ruim. Michael Keaton atinge o fundo do poço em sua carreira neste terror/drama/nada que insulta a inteligência do espectador.

6) A Sogra (Monster In-Law) – EUA
Jennifer Lopez continuar insistindo em ser atriz é algo que não entra na minha cabeça. Ela parece pior a cada filme e A Sogra é o mais recente exemplo disso. Uma comédia sem a menor graça e com cenas constrangedoras para os atores, especialmente Jane Fonda, que merecia um veículo melhor para o seu retorno às telas.

5) Elektra – EUA
Tenho uma simpatia por Jennifer Garner. Apesar de ela nada ter feito de bom no cinema, acredito que ela seja uma boa atriz. Mas Elektra ainda não foi o filme que fez a bela estourar. E com justiça. A produção é lamentável, com uma história que não faz o menor sentido e cenas de ação de fazer bocejar. Para piorar, há a tentativa em realizar um drama na relação entre Elektra e a garotinha, algo que, como era de se esperar, chega quase ao ponto do risível de tão mal conduzido.

4) O Chamado 2 (The Ring 2) – EUA
Continuação que em nada lembra o assustador filme original. Na verdade, pouco tem de continuação, uma vez que a história é completamente distorcida em relação à primeira obra. Naomi Watts faz o que pode, mas O Chamado 2 não causa medo, não prende a atenção e não faz o menor sentido.

3) Operação Babá (The Pacifier) – EUA
Além de copiar descaradamente o conceito de Um Tira no Jardim de Infância, este filme não consegue se sustentar com suas próprias pernas. Vin Diesel tem carisma, sim, mas revela não possuir timing para a comédia. É uma comédia que não faz rir em nenhum momento e isso basta para colocar Operação Babá nesta lista.

2) Blade: Trinity – EUA
É surpresa para mim colocar o terceiro capítulo da série Blade nesta lista. Gosto dos dois primeiros, especialmente do segundo, mas Blade: Trinity é intragável. Toda a aura, digamos “cool” que envolvia o personagem foi dissipada, restando um filme sem personalidade alguma e, pior, totalmente sem graça. Um pena a trilogia Blade encerrar dessa forma.

1) O Grito (The Grudge) – EUA
Estreou no início do ano esta refilmagem de um filme japonês de terror, mas conseguiu se manter no topo da lista dos piores até o final. O Grito não é nada, não tem história, não tem sustos, não tem tensão, não tem sentido. É uma coletânea de sustos baratos sem a menor coesão. Uma bagunça que merece a honra da liderança nessa lista.

Menções Honrosas

Meu Vizinho Mafioso 2 (The Whole Ten Yards) - EUA
O Vôo da Fênix (The Flight of the Phoenix) - EUA
Amigo Oculto (Hide and Seek) - EUA
O Casamento de Romeu e Julieta - Brasil
Be Cool – O Outro Nome do Jogo (Be Cool) - EUA
Sahara - EUA
Cruzada (Kingdom of Heaven) - EUA
Guia do Mochileiro das Galáxias (The Hitchhiker’s Guide to the Galaxy) - EUA

MELHORES FILMES DO ANO (o número 10 é o 10o melhor, o número 9 é o 9o melhor e assim por diante, até o número 1, que é o melhor filme do ano)

10) Vozes Inocentes (Voces Inocentes) – México/EUA/Porto Rico
Uma belíssima e pouco assistida produção, Vozes Inocentes conta uma história com forte mensagem social sem jamais esquecer dos personagens. Mostrando a guerra através dos olhos de uma criança (o excelente Carlos Padilla), o diretor Luis Mandoki encontra o equilíbrio certo entre a emoção e a angústia, revelando ainda um pedaço da História pouco conhecida. Uma pérola a ser descoberta.

9) O Aviador (The Aviator) – EUA
O Aviador marca o retorno de Martin Scorsese ao rol dos grandes cineastas após alguns anos de trabalhos irregulares. Com uma suntuosidade insuspeitada para o diretor, o filme retrata brilhantemente a personalidade de Howard Hughes, em uma narrativa impecável pontuada por cenas inesquecíveis.

8) Em Busca da Terra do Nunca (Finding Neverland) – EUA
É simplesmente o filme que mais me fez chorar no cinema nos últimos anos. Simples assim. E isso graças a uma belíssima e inspiradora história, contada com sensibilidade exacerbada pelo diretor Marc Foster. Johnny Depp está perfeito no papel principal e sua dinâmica com o garotinho Freddie Highmore é brilhante. A meia hora final é de deixar a cara inchada de qualquer pessoa com um coração.

7) A Queda – As Últimas Horas de Hitler (Der Untergang) – Alemanha/Itália/Áustria
Contundente produção sobre os momentos finais do nazismo e de seu maior líder, A Queda hipnotiza o espectador em quase duas horas e meia de projeção, especialmente graças à interpretação sobrenatural de Bruno Ganz no papel principal. O desespero e a insanidade de Hitler são capturados de forma magistral pelo diretor Oliver Hirschbiegel, que ainda aproveita o clima claustrofóbico do bunker para criar cenas de forte impacto.

6) Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith (Star Wars: Episode III – The Revenge of the Sith) – EUA
Finalmente os fãs não puderam reclamar. O último capítulo recuperou toda a magia da maior saga do Cinema, em uma produção de encher os olhos. Lucas acertou ao deixar de lado o clima juvenil das duas obras anteriores e fez de A Vingança dos Sith uma tragédia sombria e empolgante. Apesar de uma ou outra pieguice, o roteiro encaixou e as cenas de ação funcionaram. Um verdadeiro presente para os fãs.

5) Closer – Perto Demais (Closer) – EUA
Closer é uma análise devastadora das relações amorosas. Com uma crueza impressionante, o diretor Mike Nichols constrói uma teia entre dois casais cujos integrantes não hesitam em machucar uns aos outros quando decepcionados. Atuações exemplares, roteiro impecável e direção segura fazem de Closer um dos melhores e mais surpreendentes filmes do ano.

4) Hotel Ruanda (Hotel Rwanda) – EUA/Inglaterra/Itália/África do Sul
Incrivelmente poderoso, Hotel Ruanda é capaz de assombrar o espectador por um bom tempo após o término da sessão. Baseado em uma história real, a história de Paul Rusesabagina (interpretado de forma fabulosa por Don Cheadle) é inspiradora, sem jamais apelar para soluções fáceis e momentos melodramáticos. Méritos do diretor Terry George, que consegue chocar e emocionar em doses corretas, além de realizar uma crítica à comunidade internacional.

3) Maria Cheia de Graça (Maria Full of Grace) – Colômbia/EUA
O que mais impressiona Maria Cheia de Graça é a segurança com que o diretor Joshua Marston conta sua história. Sem excessos, clichês ou qualquer apelo excessivamente dramático, o filme é um retrato realista e emocionante da vida de uma personagem baseada em diversas histórias semelhantes. A construção da protagonista é cuidadosa, resultando em uma das personagens mais tridimensionais do ano graças à brilhante atuação de Catalina Sandino Moreno. Impactante e real.

2) Antes do Pôr-do-Sol (Before Sunset) – EUA
O filme mais mágico do ano. O trio Richard Linklater, Ethan Hawke e Julie Deply acertaram novamente na continuação de Antes do Amanhecer. Baseado quase que unicamente em diálogos entre os dois protagonistas, Antes do Pôr-do-Sol atinge níveis poucas vezes igualados de sensibilidade e inteligência. Os personagens são reais e a relação é palpável – sente-se a paixão crescendo entre os dois. Um filme simples, singelo e extremamente recompensador.

1) Sin City – A Cidade do Pecado (Sin City) - EUA
O melhor filme do ano é completamente diferente do segundo colocado, mas tão imperdível e espetacular quanto. A adaptação da HQ é um projeto visionário de Robert Rodrigues, que transpôs para as telas o mesmo visual e tom do trabalho gráfico de Frank Miller. O resultado é um filme esteticamente arrebatador, que enche os olhos a cada segundo. Mais do que isso, porém, Sin City tem com um roteiro brilhante, oferecendo diálogos impecáveis e personagens inesquecíveis, com atuações inspiradas de todo o elenco. Uma obra-prima em todos os sentidos: violenta, sanguinária e deliciosa de assistir.

Menções Honrosas

Clã das Adagas Voadoras (Shi mian mai fu) – China/Hong Kong
A Intérprete (The Interpreter) - EUA
Hora de Voltar (Garden State) - EUA
King Kong - EUA
Batman Begins - EUA
Mar Adentro – Espanha/França/Itália
2 Filhos de Francisco - Brasil
Casa de Areia e Névoa (House of Sand and Fog) - EUA
Sideways – Entre Umas e Outras (Sideways) - EUA
Menina de Ouro (Million Dollar Baby) - EUA
Herói (Ying Xiong) – China/Hong Kong

PIOR ATRIZ

1) Téa Leoni (Espanglês)
2) Sarah Michelle Gellar (O Grito)
3) Jennifer Lopez (A Sogra)

MELHOR ATRIZ

1) Julie Delpy (Antes do Pôr-do-Sol)
2) Catalina Sandino Moreno (Maria Cheia de Graça)
3) Hillary Swank (Menina de Ouro)

PIOR ATOR

1) Cary Elwes (Jogos Mortais)
2) Michael Keaton (Vozes do Além)
3) Orlando Bloom (Cruzada)

MELHOR ATOR

1) Jamie Foxx (Ray)
2) Don Cheadle (Hotel Ruanda)
3) Bruno Ganz (A Queda)
4) Johnny Depp (A Fantástica Fábrica de Chocolates)

MELHOR DIRETOR

1) Richard Linklater (Antes do Pôr-do-Sol)
2) Robert Rodriguez (Sin City)
3) Joshua Marston (Maria Cheia de Graça)
4) Martin Scorsese (O Aviador)
5) Peter Jackson (King Kong)

MELHOR CENA

1) Anakin Skywalker colocando a máscara de Darth Vader (Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith)
2) Kong vs. T-Rex (King Kong)
3) Magda Goebbels envenenando os filhos (A Queda – As Últimas Horas de Hitler)
4) Natalie Portman caminhando ao som de The Blower’s Daughter (Closer – Perto Demais)
5) Viagem de avião para os EUA (Maria Cheia de Graça)
6) Paul Rusesabagina deixando colocando a família no caminhão da ONU (Hotel Ruanda)
7) Jantar com marido e mulher desconfiando um do outro (Sr. e sra. Smith)




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