A motivação - Parte 2
2.
Na manhã seguinte, Tomas Berger estava cansado. A festa do prêmio havia se alongado e os drinques se excederam, como de hábito. Tomas dormira pouco e chegara na agência mais tarde que o usual.
Tinha recém começado a ler seus e-mails quando o telefone da mesa tocou:
- Sr. Berger – era Joana, sua secretária. – Tenho uma ligação aqui de um senhor chamado Rogério Silva. Posso passar?
- Rogério Silva? – Tomas perguntou, sem reconhecer o nome. – De onde ele é?
- Ele não quis informar. Apenas disse que precisa do melhor profissional da área e que ficou sabendo que o senhor é o melhor.
Tomas não se impressionava quando outros o diziam que era o melhor, até porque já sabia que o era. Mas ficou admirado com a objetividade do tal Rogério. Disse:
- Nisso ele está certo. Passe para mim.
- Sim, senhor.
Aproveitou os poucos segundos para tossir e limpar a garganta. Assim que ouviu o clique, falou.
- Sr. Rogério Silva, aqui é Tomas Berger. Em que posso ajudá-lo?
- É Tomas Berger de verdade ou algum assistente? Quero falar com Tomas Berger e nenhum outro.
- Pode ficar tranquilo que, até onde lembro, eu sou o verdadeiro Tomas Berger. Em que posso ajudá-lo?
- Sr. Berger, preciso dos seus serviços pra divulgar o meu negócio.
- Entendo. E que tipo de negócio o senhor possui?
- Prefiro explicar para o senhor pessoalmente. Mas posso dizer que é um ramo novo, ainda não explorado.
Tomas já falara centenas, talvez até milhares de vezes, com possíveis clientes que solicitavam seu trabalho. Sua reputação de Midas fazia com que muitos o buscassem para alcançar o sucesso. Por isso, essa conversa repleta de mistérios apenas o entediava. Prometera a si mesmo não assumir compromissos com clientes despreparados e, até onde ele sabia, Rogério Silva poderia ser mais um deles.
- Sr. Silva, o senhor deve saber quem eu sou e, consequentemente, também deve ter a consciência de que sou um homem ocupado. Não posso ficar perdendo meu tempo com joguinhos. Se o senhor quer meus serviços, afirmo que preciso compreender a natureza do seu negócio agora mesmo.
A reprimenda pareceu surtir efeito do outro lado da linha. Por alguns instantes, Tomas nada ouviu do outro lado da linha exceto o silêncio e Rogério Silva respirando. Então, finalmente, o homem falou.
- Sua condição é justa. Eu preciso do homem mais capaz em todo o seu ramo e, pela minha pesquisa, tenho a certeza de que o senhor é o melhor. Sei que o seu tempo deve ser curto e por isso peço desculpas por não revelar o que faço neste momento. Mas preciso que me entenda. Não posso explicar pelo telefone. Somente o que posso informar, agora, é que se trata de um novo campo de atuação, no qual acredito ser um pioneiro. Tenho dinheiro, um bom dinheiro, que certamente será acima daquilo que a maioria dos seus clientes pagam. Porém, tenho certeza de que apenas isso não fará com que o senhor aceite me encontrar. O que fará isso é o desafio. Um homem criativo e vencedor como o senhor deve ser movido a desafios. Pois afirmo agora que o que tenho a oferecer é um verdadeiro desafio. Talvez o maior de sua vida. Pode não ser um desafio sobre o qual o mercado ficará sabendo e, certamente, não é um desafio que renderá mais prêmios à sua estante, mas é algo que, garanto, oferecerá a novidade que falta à sua já vitoriosa carreira.
Foi a vez de Tomas ficar calado. Os argumentos de Rogério Silva conseguiram massagear o imenso ego do publicitário, que ainda se sentia seduzido pelo mistério que aquele homem oferecia. Pensava se esse desconhecido seria capaz de proporcionar o desafio que buscava.
Tomas refletiu por alguns instantes, enquanto Rogério Silva aguardava. Depois, disse, com firmeza:
- Sr. Silva, onde e quando iremos nos encontrar?
Na manhã seguinte, Tomas Berger estava cansado. A festa do prêmio havia se alongado e os drinques se excederam, como de hábito. Tomas dormira pouco e chegara na agência mais tarde que o usual.
Tinha recém começado a ler seus e-mails quando o telefone da mesa tocou:
- Sr. Berger – era Joana, sua secretária. – Tenho uma ligação aqui de um senhor chamado Rogério Silva. Posso passar?
- Rogério Silva? – Tomas perguntou, sem reconhecer o nome. – De onde ele é?
- Ele não quis informar. Apenas disse que precisa do melhor profissional da área e que ficou sabendo que o senhor é o melhor.
Tomas não se impressionava quando outros o diziam que era o melhor, até porque já sabia que o era. Mas ficou admirado com a objetividade do tal Rogério. Disse:
- Nisso ele está certo. Passe para mim.
- Sim, senhor.
Aproveitou os poucos segundos para tossir e limpar a garganta. Assim que ouviu o clique, falou.
- Sr. Rogério Silva, aqui é Tomas Berger. Em que posso ajudá-lo?
- É Tomas Berger de verdade ou algum assistente? Quero falar com Tomas Berger e nenhum outro.
- Pode ficar tranquilo que, até onde lembro, eu sou o verdadeiro Tomas Berger. Em que posso ajudá-lo?
- Sr. Berger, preciso dos seus serviços pra divulgar o meu negócio.
- Entendo. E que tipo de negócio o senhor possui?
- Prefiro explicar para o senhor pessoalmente. Mas posso dizer que é um ramo novo, ainda não explorado.
Tomas já falara centenas, talvez até milhares de vezes, com possíveis clientes que solicitavam seu trabalho. Sua reputação de Midas fazia com que muitos o buscassem para alcançar o sucesso. Por isso, essa conversa repleta de mistérios apenas o entediava. Prometera a si mesmo não assumir compromissos com clientes despreparados e, até onde ele sabia, Rogério Silva poderia ser mais um deles.
- Sr. Silva, o senhor deve saber quem eu sou e, consequentemente, também deve ter a consciência de que sou um homem ocupado. Não posso ficar perdendo meu tempo com joguinhos. Se o senhor quer meus serviços, afirmo que preciso compreender a natureza do seu negócio agora mesmo.
A reprimenda pareceu surtir efeito do outro lado da linha. Por alguns instantes, Tomas nada ouviu do outro lado da linha exceto o silêncio e Rogério Silva respirando. Então, finalmente, o homem falou.
- Sua condição é justa. Eu preciso do homem mais capaz em todo o seu ramo e, pela minha pesquisa, tenho a certeza de que o senhor é o melhor. Sei que o seu tempo deve ser curto e por isso peço desculpas por não revelar o que faço neste momento. Mas preciso que me entenda. Não posso explicar pelo telefone. Somente o que posso informar, agora, é que se trata de um novo campo de atuação, no qual acredito ser um pioneiro. Tenho dinheiro, um bom dinheiro, que certamente será acima daquilo que a maioria dos seus clientes pagam. Porém, tenho certeza de que apenas isso não fará com que o senhor aceite me encontrar. O que fará isso é o desafio. Um homem criativo e vencedor como o senhor deve ser movido a desafios. Pois afirmo agora que o que tenho a oferecer é um verdadeiro desafio. Talvez o maior de sua vida. Pode não ser um desafio sobre o qual o mercado ficará sabendo e, certamente, não é um desafio que renderá mais prêmios à sua estante, mas é algo que, garanto, oferecerá a novidade que falta à sua já vitoriosa carreira.
Foi a vez de Tomas ficar calado. Os argumentos de Rogério Silva conseguiram massagear o imenso ego do publicitário, que ainda se sentia seduzido pelo mistério que aquele homem oferecia. Pensava se esse desconhecido seria capaz de proporcionar o desafio que buscava.
Tomas refletiu por alguns instantes, enquanto Rogério Silva aguardava. Depois, disse, com firmeza:
- Sr. Silva, onde e quando iremos nos encontrar?
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