Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Thursday, August 09, 2012

MARTYRS


Quem gosta de um bom filme de terror não pode deixar de ver “Martyrs”. É uma produção francesa de 2008 que, a princípio, parece ser apenas mais uma a explorar o “torture porn” e trazer violência gratuita, como “O Albergue” do sádico Eli Roth. Ledo engano. “Martyrs” é extremamente violento, sim, há sangue por todo o lado e algumas cenas são de revirar o estômago, mas por trás de tudo isso existe uma ideia de cinema. A narrativa é claramente bem pensada e construída por Pascal Laugier, surpreendendo com diversas reviravoltas e mudanças de foco. Quando o filme parece ir para um caminho, ele vai por outro, surpreendendo o espectador. Além disso, não resvala em clichês do gênero e até evita de mostrar alguns dos momentos mais grotescos, tornando-se uma experiência sempre original e angustiante, que apela também para o terror psicológico para causar desconforto. Definitivamente, não é um filme para qualquer um ou de fácil apreciação. É grotesco, é por vezes gráfico e é extremamente violento. Mas é, também, sempre tenso, nervoso e inteligente ao brincar com as expectativas do espectador. Um dos grandes filmes de terror dos últimos anos.

Nota: 8.0

Friday, August 03, 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge

Vou afirmar sem medo: a trilogia Batman do Christopher Nolan é uma das maiores do cinema. “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, último da série, é mais uma impressionante realização do cineasta, que não apenas mantém o nível de qualidade dos filmes anteriores como também fecha de forma coesa o universo criado por Nolan para a jornada de Bruce Wayne. Não é um filme perfeito (como os outros também não o são), prejudicado às vezes por um excesso de personagens e subtramas e ocasionalmente fugindo um pouco da abordagem realista que propõe, mas as suas qualidades superam quaisquer eventuais deslizes. Mais uma vez, Nolan orquestra sua narrativa de maneira admirável, construindo tudo gradativamente, passo a passo, desenvolvendo seus personagens, discorrendo sobre seus conflitos, amarrando a teia de sua trama, até o grandioso terceiro ato, no qual a história se conclui de forma apoteótica. O Batman de Nolan não é sobre um super-herói. É sobre um homem atormentado, moribundo, psicologicamente quebrado, que usa uma máscara e uma capa para exorcizar seus próprios demônios. Mais uma vez, impera a tom sombrio, realista, versando sobre temas pouco comuns a filmes do gênero. Se o primeiro era sobre o medo e o segundo sobre o caos, este terceiro é sobre a dor e sobre a capacidade de superá-la para se levantar novamente (o que também se amarra tematicamente com uma frase do pai de Bruce no primeiro filme) – sendo que todos eles tratam sobre a questão da identidade. O Bane de Tom Hardy não é tão magnético quanto o Coringa de Heath Ledger, mas é um grande vilão, sempre imponente e ameaçador, enquanto a ambiguidade de Selina Kyle é deliciosa de assistir. Ainda que traga algumas boas cenas de ação (nem tão espetaculares, uma vez que não é a especialidade de Nolan), “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” é mais do que isso: é o encerramento de um forte estudo de personagem, que ousou oferecer mais do que os blockbusters usuais, inclusive trazendo alguns belíssimos momentos mais íntimos, como as cenas envolvendo Alfred. Um grande filme, com uma ou outra derrapada, mas a coroação de uma saga que, querendo ou não, estabeleceu novos padrões para o cinema do gênero. Bravo, Nolan.

Nota: 8.5