Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Tuesday, December 18, 2007

CONDUTA DE RISCO

Acessem www.cineplayers.com e confiram minha crítica para Conduta de Risco, o novo filme de George Clooney.

Sunday, December 09, 2007

A LENDA DE BEOWULF


Tem crítica minha de A Lenda de Beowulf em www.cineplayers.com. Confiram.

Wednesday, December 05, 2007

Filmes de Novembro

Após alguns meses de ausência, meus comentários sobre os filmes que vi no mês estão de volta. Divirtam-se e usem como possível referência (ou não).

EM BUSCA DA FELICIDADE (HAVE DREAMS, WILL TRAVEL) – EUA, 2007 **
De Brad Isaacs. Com AnnaSophia Robb, Cayden Boyd, Val Kilmer, Lara Flynn Boyle, Matthew Modine, Heather Graham e Dylan McDermott.

Historinha bem-intencionada, mas completamente sem graça sobre duas crianças descobrindo a vida. As situações são um acumulado de clichês e as soluções para os conflitos para a trama chegam a ser risíveis, de uma facilidade absurda. O destaque mesmo fica por conta da garotinha AnnaSophia Robb, mais uma vez interpretando uma jovem “professora” a um menino, papel semelhante ao desempenhado no ótimo Ponte para Terabítia.

O DESPERTAR DE UMA PAIXÃO (THE PAINTED VEIL) – EUA, 2006 ****
De John Curran. Com Edward Norton, Naomi Watts, Toby Jones, Live Schreiber e Sally Hawkins.

Cinema pode até ser diversão, mas é muito bom ver um filme adulto, maduro e que respeita a inteligência do espectador. Esta adaptação da obra de W. Somerset Maugham é um bom exemplo. O Despertar de uma Paixão desenvolve com cuidado os personagens e as relações entre eles, além de equilibrar com categoria o aspecto histórico. Norton e Watts demonstram a competência de sempre neste filme lento, mas nunca chato, e extremamente interessante.

ESCRITORES DA LIBERDADE (FREEDOM WRITERS) - EUA, 2007 ****
De Richard LaGravenese. Com Hilary Swank, Patrick Dempsey, Scott Glenn, Imelda Staunton, April Hernandez e Kristin Herrera.

Uma espécie de continuação de Mentes Perigosas (e dezenas de outros filmes sobre professores fazendo a diferença), Escritores da Liberdade não escapa da estrutura previsível. Desde o início, é possível saber tudo o que vai acontecer. Ainda assim, o filme consegue apresentar bons personagens, tornando a história mais realista. Hilary Swank está ótima e o diretor La Gravenese não exagera no melodrama, construindo uma obra nada original, mas emocionante e inspiradora.

ENTRE O CÉU E O INFERNO (BLACK SNAKE MOAN) - EUA, 2006 ***1/2
De Craig Brewer. Com Samuel L. Jackson, Christina Ricci, Justin Timberlake e John Cotran Jr.

Podem até não gostar de Entre o Céu e o Inferno, mas ninguém pode dizer que não é um filme original. Craig Brewer (que estreou com o ótimo No Ritmo de um Sonho) cria um cenário interessantíssimo ao juntar uma ninfomaníaca e um religioso fanático por blues. O melhor é que, durante a maior parte da obra, o cineasta explora com qualidade a inusitada premissa, o que rende algumas cenas memoráveis, prontas para virarem cult. O terceiro ato do filme acaba enfraquecendo a história, mas nada que prejudique o resultado final, que ainda ganha com as ótimas interpretações de Jackson e Ricci.

FELICIDADE (HAPPINESS) – EUA, 1998 ****
De Todd Solondz. Com Phillip Seymour Hoffman, Lara Flynn Boyle, Jane Adams, Dylan Baker, Jon Lovitz, Ben Gazzarra e Molly Shannon.

Não se enganem com o título. O nome da obra de Todd Solondz é uma profunda ironia, uma vez que seu filme trata de personagens tristes, tentando encontrar um significado para suas existências. O denso roteiro possui paralelos com o de Beleza Americana, ao desnudar a hipocrisia da sociedade americana, revelando a realidade por trás das aparências. São diversas histórias interligadas tratando de temas pesados, como pedofilia, suicídio e assassinato. Solondz mantém com habilidade o clima soturno, contando, para isso, com o apoio do ótimo elenco. O filme sofre por algumas histórias serem mais interessantes que outras, porém, ainda assim, permanece como uma obra perturbadora e essencial em sua visão crítica do mundo.

O BALCONISTA 2 (CLERKS 2) – EUA, 2007 ***1/2
De Kevin Smith. Com Brian O’Halloran, Jeff Anderson, Rosário Dawson, Kevin Smith, Jason Mewes, Jennifer Schwalbach, Ethan Suplee, Ben Affleck e Jason Lee.

O Balconista foi o filme que lançou Kevin Smith. Nada surpreendente, então, que o cineasta dê mais uma chance aos personagens que o consagraram. A obra não tem uma trama propriamente dita; são apenas os personagens discutindo sobre a vida e a cultura pop em uma lanchonete. Como sempre, os diálogos são o que há de melhor, repletos de referências. Há alguns exageros por parte de Smith (como o burro), mas O Balconista 2 entretém o suficiente e, de quebra, traz os sempre impagáveis Jay e Silent Bob.

MR. VINGANÇA (BOKSUNEUN NAUI GEOT) – Coréia do Sul, 2002 ***1/2
De Chan-Wook Park. Com Kang-ho Song, Ha-kyun Shin e Du-na Bae.

Primeiro filme da trilogia da vingança de Park (composta também por Oldboy e Sra. Vingança), Mr. Vingança é uma obra acima da média, cuja originalidade do enredo é o maior atrativo. À semelhança de uma história de Almodóvar, Mr. Vingança surpreende o espectador a cada poucos minutos, com diversas reviravoltas na trama. Somado a isso, o apuro técnico de Park constrói cenas belíssimas, repletas de poesia e violência. O problema fica por conta da narrativa, que por vezes deixa coisas sem explicação, jogando-as na história sem pretensão de fazer o público entender. É inferior a Oldboy, mas merece uma olhada.

A ÚLTIMA CARTADA (SMOKIN’ ACES) – EUA/Inglaterra, 2006 ***
De Joe Carnahan. Com Ryan Reynolds, Ray Liotta, Jeremy Piven, Ben Affleck, Andy Garcia, Alex Rocco, Peter Berg, Alicia Keys, Taraji P. Henson, Chris Pine e Matthew Fox.

Tentativa de Joe Carnahan (Narc) de seguir os passos de Guy Ritchie e Quentin Tarantino, A Última Cartada possui momentos suficientemente bons para garantir duas horas de diversão. Nada chega ao ponto do excepcional, com irregularidade tanto nos diálogos (alguns bons, outros sem graça) e nas situações (algumas boas, outras sem graça). O elenco de qualidade é desperdiçado em uma galeria de personagens que poderiam ser melhor explorados, mas a mistura de comédia e crime funciona para o espectador sem grandes expectativas.

PLANETA TERROR (PLANET TERROR) – EUA, 2007 ****1/2
De Robert Rodriguez. Com Rose McGowan, Josh Brolin, Freddy Rodriguez, Michael Bien, Bruce Willis, Naveen Andrews e Fergie.

Planeta Terror é a primeira parte de Grindhouse, o projeto duplo entre Rodriguez e Tarantino. Assumindo completamente as características de um filme B, Rodriguez consegue superar o amigo ao criar um filme divertido como poucos dos últimos tempos, em uma mistura sensacional de comédia e terror. A criatividade transborda em cada momento da obra, resultando em seqüências espetaculares e cenas que já nascem clássicas, como a da metralhadora na perna de Rose McGowan. Sangue, tripas e risadas nesta deliciosa brincadeira de Robert Rodriguez.

ALPHA DOG – EUA, 2006 ***1/2
De Nick Cassavetes. Com Emile Hirsch, Justin Timberlake, Shawn Hatosy, Bruce Willis, Ben Foster, Harry Dean Stanton, Sharon Stone, Anton Yelchin e Dominique Swain.

Produção surpreendentemente bem construída sobre o mais jovem procurado pelo FBI. Apesar de baseada em história real, a trama muda nomes e alguns fatos, o que não diminui o interesse pela obra. A eficiência de Cassavetes na direção e o bom roteiro criam um cenário realista, com situações naturais e bons personagens, que têm reações críveis diante dos eventos. O elenco está muito bem (inclusive Timberlake) e Alpha Dog prende a atenção até o final, deixando o espectador em dúvida sobre o que irá acontecer. Um filme eficiente e interessante.

CORRA QUE A POLÍCIA VEM AÍ (THE NAKED GUN) – EUA, 1988 *****
De David Zucker. Com Leslie Nielsen, Priscilla Presley, Ricardo Montalban, O.J. Simpson, George Kennedy e Ed Williams.

A comédia besteirol não fica melhor do que isso. Corra que a Polícia Vem Aì é a referência máxima do gênero, com piadas disparadas a torto e a direito a cada segundo de projeção. E o melhor é que todas são inspiradas, fazendo rir até quem já viu o filme diversas vezes. A trama é o de menos. O que importa são as idiotices e a quantidade de risadas proporcionadas por um Leslie Nielsen e sua turma. Espetacular.

PROTEGIDA POR UM ANJO (HALF LIGHT) – Alemanha/Inglaterra, 2006 **
De Craig Rosenberg. Com Demi Moore, Henry Ian Cusick, Beans Balawi, James Cosmo e Kate Isitt.

Esta produção pequena estrelada por Demi Moore até tem um início decente, mas perde-se em meio à previsibilidade e à falta de lógica. O diretor Rosenberg é bem-sucedido ao criar a atmosfera de suspense e na exploração do cenário, mas o roteiro pouco a pouco entra em colapso sozinho, deixando inúmeros furos e exigindo demais da boa vontade do espectador. Além disso, a construção da personagem de Moore e as cenas supostamente tensas geram apenas alguns bocejos.

O SEGREDO DAS JÓIAS (THE ASPHALT JUNGLE) – EUA, 1950 ***1/2
De John Huston. Com Sterling Hayden, Sam Jaffe, Louis Calhern, James Whitmore e Marilyn Monroe.

Ainda que o roteiro de O Segredo das Jóias não seja tão elaborado quanto outros de sua época, John Huston consegue fazer um filme sério e que prende a atenção. Os personagens são bem delineados, apesar de não haver profundidade, e o desenvolvimento da história nada mais é do que satisfatório. Ainda assim, há boas idéias, como a última cena, e a direção segura de Huston, que mantém o filme interessante até o final.

TOTALMENTE APAIXONADOS (TRUST THE MAN) – EUA, 2005 **1/2
De Bart Freundlich. Com David Duchovny, Julianne Moore, Billy Crudup, Maggie Gyllenhaal, Eva Mendes e Garry Shandling.
Escrito e dirigido por Bart Freundlich, Totalmente Apaixonados jamais atinge todas as suas pretensões. Apoiado em clichês e personagens estereotipados, o filme desperdiça o bom elenco, apresentando situações forçadas nos momentos sérios e piadas sem graça nas cenas cômicas. Há, ocasionalmente, observações pertinentes sobre a natureza dos relacionamentos, mas, ao final, Totalmente Apaixonados vale unicamente pelo talento de Julianne Moore.

PREMONIÇÕES (PREMONITION) – EUA, 2007 ***1/2
De Menan Yapo. Com Sandra Bullock, Julian McMahon, Nia Long, Peter Stormare, Amber Valletta e Jude Ciccolella.

Premonições é a grande surpresa da lista. Intrigante e bem dirigido, o filme de Menan Yapo é extremamente eficaz na elaboração do clima de mistério, montando pouco a pouco o quebra-cabeça do roteiro. Seu grande mérito é dar espaço para o espectador pensar, prendendo-o à história. Além disso, a tensão é mantida até o surpreendente clímax. Por outro lado, o roteiro tem sua parcela de furos e erra em algumas opções (como tentar explicar a razão dos acontecidos). Mas, no geral, Premonições é um filme que merece uma oportunidade.

METRÓPOLIS (METROPOLIS) – Alemanha, 1927 ***1/2
De Fritz Lang. Com Alfred Abel, Gustav Fröhlich, Rudolf Klein-Rogge e Fritz Rasp.

Clássico absoluto do Cinema, esta obra (uma das referências máximas do Expressionismo Alemão) não envelheceu tão bem quanto outras de sua época. A mensagem permanece atual como antes, uma crítica poderosa às classes sociais e à exploração, assim como os aspectos técnicos ainda impressionam, com diversas idéias que se tornaram referência a muitos cineastas. Pena que o ritmo é um pouco arrastado e a duração acima do necessário. Mesmo assim, Metrópolis é um filme de visão e revolucionário, digno de fazer parte da história da Sétima Arte.

ANTES SÓ DO QUE MAL CASADO (THE HEARTBREAK KID) ***
De Peter e Bobby Farrelly. Com Ben Stiller, Michelle Monaghan, Malin Akerman, Jerry Stiller e Carlos Mencia.

Ainda que Peter e Bobby Farrelly não consigam mais alcançar o mesmo nível do início de carreira (Débi e Lóide e Eu, Eu Mesmo e Irene), eles ainda sabem fazer rir. Os irmãos criam diversas cenas engraçadas em Antes Só do que Mal Casado, aproveitando-se, principalmente, da persona já estabelecida por Ben Stiller para seus papéis. Os problemas ficam por conta da história romântica, que não convence e toma tempo demais de projeção. Está longe dos politicamente incorretos e melhores trabalhos dos Farrelly, mas é um filme divertido e inofensivo.

Monday, December 03, 2007

Mano, irmão gremista.

Texto publicado originalmente na coluna “Sob a bênção da Imortalidade”, do site Final Sports.

Dois anos e sete meses. É tempo, Mano. Especialmente na tua profissão. Mas tu duraste. Nestes dois anos e sete meses, conquistaste muito mais do que títulos e reconhecimento. Conquistaste a confiança e o respeito de uma torcida que jamais esquece seus ídolos. Uma torcida que sabe reverenciar e agradecer a todos os fazem bem a ela e ao Grêmio.

Mano, sei que a mudança faz parte deste mundo. Mas não vai ser fácil olhar para aquela área limite no gramado e não enxergar a tua figura. Nos últimos tempos, ela me transmitia segurança. Eu olhava para ti e via, ali, um verdadeiro herói. Um profissional qualificado e um homem de coragem, que assumiu o comando de um clube no pior momento de toda a sua existência. Quando poucos ou ninguém queria, tu apareceste. E foste o líder que precisávamos na jornada que culminou com aquele milagre.

Não vamos esquecer disso, Mano. Podes ter certeza. Gremista algum irá esquecer tudo aquilo que fizeste pela nossa maior paixão. Superaste toda e qualquer expectativa que tínhamos para estes últimos anos. A ótima campanha no Brasileiro em 2006, os títulos regionais e, principalmente, a surpreendente caminhada na Libertadores. Isto será sempre lembrado.

Ainda assim, Mano, concordo que teu ciclo tenha se encerrado. Era mesmo a hora da mudança, tanto para ti quanto para o clube. Sinto-me na obrigação de dizer, também, que nem tudo foram flores. Acredito que tenhas cometido a tua parcela de erros ao longo deste tempo como nosso comandante. Felizmente, o número de acertos foi muito maior. E, Mano, é isto que será lembrado.

Sais, mas sais pela porta da frente. Sais com o respeito dos gremistas. E sais podendo voltar a qualquer hora. Daqui a alguns anos, ainda mais experiente. E, tomara, com uma equipe qualificada à disposição. Sais, Mano, com a possibilidade de retornar para algum dia conquistar todos aqueles títulos que não conseguiste nesta primeira passagem pelo Grêmio.

Mano, és um digno irmão gremista. Um homem que soube compreender a essência de nosso clube e fez o que pôde com o que tinha em mãos. Somos todos gratos por isso. Muito obrigado por assumir a liderança naquele momento. Muito obrigado pelos títulos. Muito obrigado por despertar, mais uma vez, o orgulho de ser gremista em cada um nós.

Segue teu rumo, Mano. Vás em frente como o profissional talentoso que és. Mas vás sem esquecer o que passaste aqui. O que viveste aqui. E vás, para um dia, retornar. Estaremos esperando de braços abertos.