A VINGANÇA DA PANTERA COR-DE-ROSA (THE REVENGE OF THE PINK PANTHER) – Inglaterra/EUA, 1978 **1/2
De Blake Edwards. Com Peter Sellers, Herbert Lom, Burt Kwouk, Dyan Cannon e Robert Webber.
Uma das mais fracas aventuras de Clouseau, embora ainda consiga arrancar risadas. A trama perde o ritmo diversas vezes e algumas piadas não funcionam, mas Sellers continua sensacional no papel do protagonista, salvando A Vingança da Pantera Cor-de-Rosa do desastre.
BUENA VISTA SOCIAL CLUB – Alemanha/Inglaterra/EUA/França/Cuba, 2002 **1/2
De Wim Wenders. Com Ry Cooder, Ibrahim Ferrer, Rubén González e Eliades Ochoa.
Buena Vista Social Club perde a chance de se transformar em um excelente documentário ao optar por extrair dos retratados depoimentos sem graça e não mostrar o caminho percorrido para reunir os músicos cubanos. Poderia ser uma bela análise do desleixe com a arte e a luta destes nomes da música, mas acaba sendo um filme entediante.
O GRANDE TRUQUE (THE PRESTIGE) – EUA/Inglaterra, 2006 ***1/2
De Christopher Nolan. Com Hugh Jackman, Christian Bale, Scarlett Johansson, Michael Caine, David Bowie e Andy Serkis.
Nolan mostra mais uma vez que é um dos grandes cineastas da atualidade, contando uma história difícil com extrema segurança. O bom roteiro desenvolve os personagens satisfatoriamente, dando espaço para que Jackman e Bale brilhem. Além disso, há surpresas que vão deixar o espectador boquiaberto, ainda que outras sejam bastante previsíveis. Há equívocos, como a história da “duplicidade” e o desperdício de Scarlett Johansson, mas O Grande Truque é uma obra de inteligência que homenageia o próprio cinema.
OS FUGITIVOS (LONELY HEARTS) – EUA, 2006 ***
De Todd Robinson. Com John Travolta, James Gandolfini, Scott Caan, Jared Leto, Salma Hayek e Laura Dern.
Filme independente com um bom elenco sobre a caçada a dois assassinos. Ainda que o desenvolvimento dos personagens seja capenga, há uma boa dinâmica entre o casal Hayek e Leto e a construção de uma atmosfera eficaz. Não enche os olhos, mas dá conta do recado.
TRISTÃO E ISOLDA (TRISTAN + ISOLDE) – Alemanha/República Tcheca/EUA/Inglaterra, 2006 ***1/2
De Kevin Reynolds. Com James Franco, Sophia Myles, Rufus Sewell, David O’Hara e Marc Strong.
Com uma boa recriação de época e direção eficiente de Reynolds, Tristão e Isolda é um filme que deve agradar platéias diferenciadas. A história, baseada em uma lenda, é até previsível, mas os personagens são bem construídos e as situações rendem bons conflitos. Pena que James Franco seja um ator limitado, prejudicando as cenas de romance e jamais conseguindo fazer a platéia acreditar que pode ser um líder.
DANDO O TROCO (DIRTY LOVE) – EUA, 2005 *
De John Mallory Asher. Com Jenny McCarthy, Eddie Kaye Thomas, Carmen Electra e Victor Webster.
Filme escrito, produzido e estrelado por uma ex-coelhinha da Playboy americana. Precisa dizer mais?
WOLF CREEK – VIAGEM AO INFERNO (WOLF CREEK) – Austrália, 2005 ****
De Greg McLean. Com John Jarratt, Cassandra Magrath, Kestie Morassi e Bem Mitchell.
Suspense australiano que surpreende por focar-se na história e nos personagens ao invés do sangue. O diretor e roteirista McLean dedica bom tempo apresentando os personagens e estabelecendo uma relação natural e crível entre eles, apoiado nas ótimas interpretações. Assim, quando o grupo entra em perigo, a platéia tem ligação suficiente com aquelas três pessoas para se preocupar e torcer por elas. Um filme interessante e assustador pelo realismo.
JOGOS MORTAIS 3 (SAW 3) – EUA. 2006 **1/2
De Darren Lynn Bousman. Com Tobin Bell, Shawnee Smith, Angus Macfadyen, Barrar Soomekh, Dina Meyer e Donnie Wahlberg.
Ao contrário da obra citada acima, Jogos Mortais 3 apóia-se única e exclusivamente no sangue e na violência. A história é de uma estupidez extrema, assim como os personagens não passam de produtos descartáveis. Além disso, a direção de Bousman abusa dos cortes rápidos e movimentos de câmera, criando uma linguagem videoclíptica que cansa. O que sobra é apenas a personalidade doentia de Jigsaw e sua criatividade ao bolar as armadilhas.
O CLUBE DOS CINCO (THE BREAKFAST CLUB) – EUA, 1985 ****
De John Hughes. Com Judd Nelson, Molly Ringwald, Anthony Michael Hall, Emilio Estevez, Allie Sheedy e Paul Gleason.
Um dos maiores clássicos do cinema adolescente dos anos 80. O mestre John Hughes (Curtindo a Vida Adoidado) propõe-se a colocar por terra todos os estereótipos do gênero, ao se aprofundar em um grupo de cinco personagens: o garoto e a garota mais populares do colégio, o rebelde, o nerd e a isolada. Cada um deixa o clichê de lado e revela seus medos, desejos e ambições, em uma abordagem inovadora. Inteligente, o filme conta com boas atuações do – na época – jovem elenco e, apesar de alguns deslizes no roteiro, continua um dos filmes mais icônicos de uma geração.
PARADISE NOW – Palestina/França/Alemanha/Israel/Holanda ***1/2
De Hany Abu-Assad. Com Lubna Azabal, Kais Nashif, Ali Suliman e Mohammad Bustami.
Por pior que fosse o desenvolvimento da história, o ponto de partida de Paradise Now já faria o filme merecer uma olhada. Acompanhando o último dia de dois homens-bomba, a obra de Abu-Asad peca por problemas de ritmo e digressões, mas levanta questões interessantes e revela-se um pungente retrato da influência da fé nestas pessoas.
OS INFILTRADOS (THE DEPARTED) – EUA, 2006 *****
De Martin Scorsese. Com Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Wahlberg, Martin Sheen, Vera Farmiga, Alec Baldwin e Ray Winstone.
A mais recente obra-prima de Scorsese é um brilhante exercício narrativo. Com um roteiro inteligente e personagens magistralmente construídos, o cineasta constrói um filme com a tensão à flor da pele, entregando momentos de puro domínio cinematográfico. Com interpretações magistrais do elenco (DiCaprio e Nicholson, principalmente) e diálogos perspicazes, Scorsese realizou um grande filme sobre o (sub)mundo do crime. Mais um para a sua carreira.
VOLVER - Espanha, 2006 ****
De Pedro Almodóvar. Com Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo e Yohana Cobo.
Dando continuidade a uma impressionante seqüência de grandes trabalhos, Almodóvar retorna ao universo feminino nesta história criativa e surreal que faz melhor do que ninguém. Penélope Cruz está absolutamente deslumbrante e entrega a melhor atuação de sua carreira como a protagonista, conquistando a platéia desde o início. O roteiro, como sempre, surpreende a cada momento, com reviravoltas constantes e completamente lógicas à história. Há apenas algumas subtramas desnecessárias que quebram o ritmo, mas nada que impeça Volver de figurar nas listas de melhores do ano.
A FEITICEIRA (BEWITCHED) – EUA, 2005 *
De Nora Ephron. Com Nicole Kidman, Will Ferrell, Michael Caine, Shirley MacLaine e Jason Schwartzman.
Um equívoco completo. O único aspecto interessante desta reinvenção da famosa série de TV é o ponto de partida, que trata de uma remontagem da famosa série de TV. Mas o desenvolvimento da trama é pífio, com personagens completamente imbecis e irritantes, piadas sem a menor inspiração e outras idéias ofensivas à inteligência. Nem os ótimos Ferrell conseguem livrar esta porcaria.
GAROTA DA VITRINE (SHOPGIRL) – EUA/Inglaterra/Suíça, 2005 ***1/2
De Anand Tucker. Com Claire Danes, Steve Martin, Jason Schwartzman e Bridgette Wilson.
Escrito por Steve Martin, Garota da Vitrine é uma obra sensível e inteligente. Contrapondo-se à atual linguagem cinematográfica, a história não tem pressa em desenvolver os personagens e em tornar as ligações entre eles reais. Repleto de pequenas boas idéias, a trama acaba derrapando em alguns estereótipos e irregularidade narrativa, mas é uma história singela e bem contada, que ainda oferece atuações dedicadas de todo o elenco – em especial Danes, que ilumina a tela.
CAMISA DE FORÇA (THE JACKET) – EUA/Inglaterra, 2005 ***
De John Maybury. Com Adrien Brody, Keira Knightley, Kris Kristofferson, Jennifer Jason Leigh, Kelly Lynch, Brad Renfro e Daniel Craig.
Ainda que seja por demais forçado e abuse da boa vontade do espectador, Camisa de Força oferece uma história intrigante o suficiente para prender a atenção até o final. Brody e Knightley estão bem nos papéis, embora não haja muito espaço para os personagens. Funciona, mas nada de especial.
PAPAI BATE UM BOLÃO (KICKING AND SCREAMING) – EUA, 2005 **
De Jesse Dylan. Com Will Ferrell, Robert Duvall, Mike Ditka e Kate Walsh.
Ferrel é a única atração desta comédia idiota. O histrionismo e timing cômico do ator conseguem arrancar algumas risadas do roteiro clichê e nada inspirado. Duvall também se diverte, mas é uma típica Sessão da Tarde sem grandes qualidades.
A CIDADE PERDIDA (THE LOST CITY) - EUA, 2005 ***
De Andy Garcia. Com Andy Garcia, Inés Sastre, Tomas Milian, Dustin Hoffman e Bill Murray.
Bela homenagem de Andy Garcia a Cuba, sua terra natal. A Cidade Perdida alonga-se desnecessariamente e oferece subtramas dispensáveis, mas conta uma história interessante, com bons personagens e momentos tocantes. A direção de Garcia é segura e a paixão pelo projeto transparece em cada fotograma. Destaque para um Bill Murray irônico como sempre.
FONTE DA VIDA (THE FOUNTAIN) – EUA, 2006 ***1/2
De Darren Aronofsky. Com Hugh Jackman, Rachel Weisz, Ellen Burstyn, Mark Margolis, Ethan Suplee e Sean Patrick Thomas.
Com a ambição artística que já se tornou sua característica, Aronofsky elabora uma trama fantástica sobre vida, morte e amor. Apresentando um visual estarrecedor e uma das melhores trilhas do ano, o cineasta consegue hipnotizar o espectador, que é carregado pelo filme ainda que a história se torne bastante confusa. Jackman demonstra talento na construção de três personagens diferentes, enquanto Weisz aparece com o magnetismo de sempre.
SEPARADOS PELO CASAMENTO (THE BREAK-UP) – EUA, 2006 ***
De Peyton Redd. Com Vince Vaughn, Jennifer Aniston, Jon Favreau, Joey Lauren Adams, Jason Bateman e Vincent D’Onofrio.
Separados pelo Casamento podia ter sido muito mais do que foi. Em alguns momentos, o filme de Peyton Reed aproveita a interessante premissa e demonstra inteligência ao analisar com sagacidade um relacionamento entre homem e mulher. Em outros, entrega-se a situações fáceis e clichês, resultando em um filme irregular. Mas Vaughn e Aniston têm carisma e química suficientes para agradar.
ANTES DO PÔR-DO-SOL (BEFORE SUNSET) – EUA, 2004 *****
De Richard Linklater. Com Ethan Hawke e Julie Delpy.
Simplesmente mágico. O trio Richard Linklater, Ethan Hawke e Julie Deply acertaram novamente na continuação de Antes do Amanhecer. Baseado quase que unicamente em diálogos entre os dois protagonistas, Antes do Pôr-do-Sol atinge níveis poucas vezes igualados de sensibilidade e inteligência. Os personagens são reais e a relação é palpável – sente-se a paixão crescendo (novamente) entre os dois. Um filme simples, singelo e extremamente recompensador.
OS DESAJUSTADOS (THE MISFITS) – EUA, 1961 ****
De John Huston. Com Clark Gable, Montgomery Clift, Marilyn Monroe, Eli Wallach e Thelma Ritter.
Ainda que não tenha uma trama propriamente dita, Os Desajustados revela-se um belo estudo de personagens. Repleto de metáforas (algumas inteligentes, outras óbvias), a obra tem a mão segura de John Huston, diálogos inteligentes e belas interpretação de grandes astros da época de ouro de Hollywood. Não é o melhor filme dos envolvidos, mas merece a alcunha de clássico.
O LABIRINTO DO FAUNO (EL LABERINTO DEL FAUNO) – México/Espanha/EUA, 2006 ****
De Guillermo Del Toro. Com Ivana Baquero, Maribel Verdú, Sergi López e Doug Jones.
Misturando fantasia e realidade na dose certa, Guillermo Del Toro cria um irmão de A Espinha do Diabo, até então seu melhor filme. Repleto de metáforas inteligentes, O Labirinto do Fauno traz uma galeria de personagens interessantes e cenas brilhantemente orquestradas para mostra a importância da imaginação e da fantasia. Belas atuações e momentos de pura beleza colaboram para posicionar O Labirinto do Fauno como um dos melhores filmes do ano.
CARROS (CARS) – EUA, 2006 ****1/2
De John Lasseter. Com as vozes de Owen Wilson, Paul Newman, Bonnie Hunt, Larry the Cable Guy, Cheech Marin e Tony Shalhoub.
Está se tornando repetitivo elogiar os filmes da Pixar, mas é impossível não se render à magia da empresa. Carros é mais um acerto da Pixar. Ainda que a estrutura da trama seja óbvia e a lição previsível, a criatividade da trama e a riqueza de detalhes encantam o espectador. Os personagens são adoráveis e com diálogos impagáveis, em um visual simplesmente deslumbrante. Divertido, emocionante e imperdível.