BANDIDAS – França/México/EUA, 2006 **
De Joachim Roenning e Espen Sandberg. Com Salma Hayek, Penélope Cruz, Steve Zahn, Dwight Yoakam, Sam Shepard e Dennis Arndt.
Tirando a beleza de Salma Hayek e Penélope Cruz, nada sobra nesse equívoco produzido pelo francês Luc Besson. O roteiro é uma bagunça, empilhando um clichê atrás do outro, com diálogos embaraçosos e personagens sem graça. Enquanto isso, a dupla de diretores pouco faz para melhorar o material, fazendo de Bandidas uma comédia que não faz rir e uma aventura que não empolga.
MATADORES DE ALUGUEL (SHADOWBOXER) – EUA, 2005 **1/2
De Lee Daniels. Com Cuba Gooding Jr., Helen Mirren, Stephen Dorff, Vanessa Ferlito, Joseph Gordon-Levitt e Macy Gray.
Apesar das boas atuações, especialmente de Gooding Jr. e Mirren, Matadores de Aluguel jamais conquista o espectador. A história ousa por seguir caminhos diferentes, mas há muitos excessos e cenas desnecessárias. Há bons momentos, mas a trama enrola sem chegar a lugar algum.
ANJOS DA VIDA – MAIS BRAVOS QUE O MAR (THE GUARDIAN) – EUA, 2006 **1/2
De Andrew Davis. Com Kevin Costner, Ashton Kutcher, Sela Ward, Melissa Sagemiller, Clancy Brown e Alex Daniels.
Aventura repleta de clichês e sem nenhuma surpresa, mas realizada com certa competência. Costner e Kutcher dividem bem a tela e as cenas de ação são bem construídas, mas o roteiro óbvio demais prejudica a apreciação. Um filme que funciona como passatempo para quem não for exigente e nada mais.
007 – CASSINO ROYALE (CASINO ROYALE) – EUA/Inglaterra/Alemanha, 2006 ****1/2
De Martin Campbell. Com Daniel Craig, Eva Green, Mads Mikkelsen, Judi Dench, Jeffrey Wright e Giancarlo Giannini.
A reformulação completa do personagem resultou no melhor filme de toda a série. Craig encarna o personagem como nenhum ator antes, transmitindo uma constante sensação de ameaça. Dessa vez, Bond é mais humano, capaz inclusive de fazer escolhas erradas e se machucar. A história de amor funciona, assim como as empolgantes cenas de ação e os brilhantes diálogos. Bond, James Bond, como nunca.
FILHOS DA ESPERANÇA (CHILDREN OF MEN) – EUA/Inglaterra, 2006 ****1/2
De Alfonso Cuarón. Com Clive Owen, Julianne Moore, Chiwetel Ejiofor, Michael Caine, Charlie Hunnam, Danny Huston, Claire-Hope Ashitey e Peter Mullan.
Mesmo com um trabalho de direção apenas razoável, Filhos da Esperança já seria uma bela obra. Mas o trabalho de Alfonso Cuarón atrás das câmeras é aburdamente fabuloso, mostrando um virtuosismo técnico de encher os olhos. O diretor cria algumas das seqüências mais fascinantes dos últimos tempos, que apenas dão mais força à bela, inteligente e poderosa história.
SE EU FOSSE VOCÊ – Brasil, 2006 **
De Daniel Filho. Com Tony Ramos, Glória Pires, Thiago Lacerda, Danielle Winnits, Denis Carvalho, Ary Fontoura, Jorge Fernando, Lavínia Vlasak, Patrícia Pillar e Glória Menezes.
O maior sucesso nacional do ano também não passa de uma grande bobagem. Além do ponto de partida já utilizado à exaustão, as situações criadas pelo roteiro são forçadas e sem graça. Além disso, a direção de Daniel Filho não consegue aproveitar os poucos momentos inspirados, elaborando momentos embaraçosos para Tony Ramos e Glória Pires. Saudade de Cidade de Deus...
SENTINELA (THE SENTINEL) – EUA, 2006 **1/2
De Clark Johnson. Com Michael Douglas, Kiefer Sutherland, Eva Longoria, Martin Donovan e Kim Basinger.
Sentinela é mais um daqueles filmes que Hollywood produz em série todo ano. Tudo é burocrático, mas feito de forma a jamais cansar o espectador. O roteiro possui alguns furos e trata os personagens de forma rasa, mas consegue prender a atenção. Colabora para isso o carisma de Douglas, a intensidade de Sutherland e a beleza de Longoria. Um filme nada mais que comum.
QUANDO UM ESTRANHO CHAMA (WHEN A STRANGER CALLS) – EUA, 2006 *1/2
De Simon West. Com Camilla Belle, Tommy Flanagan, Katie Cassidy, Tessa Thompson e Brian Geraghty.
Provalmente o filme mais chato do ano. Nada acontece durante os quase 90 minutos. A maior parte da obra é a sobre a mocinha recebendo ligações de alguém que não fala nada e saindo para investigar algum barulho. Só. Além da história repetitiva, o diretor Simon West apela para algumas das fórmulas mais idiotas do gênero, como o barulho produzido por um gato! Sobra apenas a bela Camila Belle.
A PROFECIA (THE OMEN) – EUA, 2006 **1/2
De John Moore. Com Liev Schreiber, Julia Stiles, David Thewlis, Pete Postlethwaite, Mia Farrow e Seamus Davey-Fitzpatrick.
Um dos filmes mais desnecessários desde que o cinema foi inventado. O diretor John Moore segue quase o mesmo roteiro que a obra original, sem acrescentar quase nada. Para piorar, não consegue reviver a tensão do filme anterior, além de Schreiber e Stiles serem atores muito mais fracos. A Profecia só não é um desastre porque a história ainda é interessante o suficiente.
DOZE É DEMAIS 2 (CHEAPER BY THE DOZEN 2) – EUA, 2005 **
De Adam Shankman. Com Steve Martin, Bonnie Hunt, Tom Welling, Hillary Duff, Piper Perabo, Eugene Levy e Carmen Electra.
Seqüência que mantém-se no mesmo nível do filme original, o que não significa grande coisa. A boa premissa é estragada por um roteiro sem imaginação, que cria situações óbvias e piadas sem graça. Martin ainda consegue cativar, mas até a sempre excelente Bonnie Hunt é desperdiçada.
PULP FICTION – TEMPO DE VIOLÊNCIA (PULP FICTION) – EUA, 1994 *****
De Quentin Tarantino. Com John Travolta, Samuel L. Jackson, Uma Thurman, Bruce Willis, Ving Rhames, Eric Stoltz, Tim Roth, Amanda Plummer, Christopher Walken e Rosana Arquette.
O filme que mudou a cara do cinema dos anos 90 continua impecável. Com uma originalidade refrescante, Quentin Tarantino construiu uma obra narrativamente irrepreensível. Diversas tramas se misturam de maneira genial, colocando na tela toneladas de violência, diálogos impagáveis e personagens sem a menor moral. Tarantino consegue tirar humor da violência e do absurdo, aliando uma técnica inovadora com roteiro inteligente e atuações memoráveis. Um filme – merecidamente – icônico.
CACHÉ – França/Áustria/Alemanha/Itália 2005 ***
De Michael Haneke. Com Daniel Auteuil, Juliette Binoche, Maurice Bénichou, Annie Girardot e Daniel Duval.
Com boas idéias e um ponto de partida interessantíssimo, Caché poderia ter sido muito mais. O estilo de Haneke é peculiar, não entregando nada de mão beijada para o espectador. Há um princípio de discussão sobre racismo, intolerância e invasão de privacidade, mas o roteiro parece não chegar onde pretendia. Quase um grande filme.
ENSINA-ME A VIVER (HAROLD AND MAUDE) – EUA, 1971 ***1/2
De Hal Ashby. Com Ruth Gordon, Bud Cort, Vivian Pickles, Cyril Cusack e Charles Tyner.
Considerada uma das grandes histórias de amor, Ensina-me a Viver acabou enfraquecendo com o tempo, apesar de continuar interessante. O amor entre um jovem adolescente e uma octogenária traz boas lições sobre a vida, a maioria vindo da personagem interpretada com energia contagiante por Ruth Gordon. Além disso, há deliciosos momentos de humor negro. Mas certos aspectos da produção acabaram se diluindo com o tempo, como o final, que hoje soa mais melodramático do que deve ter soado na época do lançamento.
VALENTÍN – Argentina/Holanda/França/Espanha/Itália, 2002 ****
De Alejandro Agresti. Com Rodrigo Noya, Carmen Maura, Julieta Cardinali, Alejandro Agresti e Mex Urtizberea.
Agradabilíssima história sobre um garoto lidando com os problemas de sua vida. Com um protagonista adorável e divertido (Noya), Alejandro Agresti mantém a atenção do espectador até o fim, que acompanha com prazer a combinação de comédia e drama proposta pelo diretor. Um belo e sensível filme, que ainda conta com a sempre ótima participação de Carmen Maura.
A NÉVOA (THE FOG) – EUA/Canadá, 2005 *
De Rupert Wainwright. Com Tom Welling, Maggie Grace, Selma Blair, Kenneth Walsh e DeRay Davis.
Um dos piores filmes dos últimos anos, A Névoa é um terror que não assusta em momento algum. O diretor Wainwright não consegue construir nenhuma tensão, enquanto o roteiro idiota parece não se preocupar com os imensos furos da história. As atuações são fracas (sobra apenas a beleza de Grace e Blair) e nem os efeitos especiais convencem.
VÔO UNITED 93 (UNITED 93) – França/Inglaterra/EUA ****1/2
De Paul Greengrass. Com Christian Clemenson, Trish Gates, David Alan Basche, Cheyenne Jackson e Polly Adams.
Paul Greengrass (Domingo Sangrento e A Supremacia Bourne) demonstra todo seu talento ao contar a – suposta – história do avião que não atingiu seu alvo em 11 de setembro. Dividindo seu filme em duas tramas paralelas igualmente interessantes, Greengrass literalmente joga o espectador no completo desespero daquelas pessoas, atingindo níveis estratosféricos de tensão. Sem apelar para clichês ou melodrama, Vôo United 93 emociona pelo seu realismo e por revelar os limites do ser humano em momentos como esse.