Viagem Literária

Apenas uma maneira de despejar em algum lugar todas aquelas palavras que teimam em continuar saindo de mim diariamente.

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Location: Porto Alegre, RS, Brazil

Um gaúcho pacato, bem-humorado e que curte escrever algumas bobagens e algumas coisas sérias de vez em quando. Devorador voraz de livros e cinéfilo assumido. O resto não interessa, ao menos por enquanto.

Tuesday, May 29, 2007

De doces e salgadas

Eis mais uma ironia derramada
Palavras doces conseguem abrir
O portão a uma lágrima salgada.

Monday, May 28, 2007

Rádio-relógio

E o rádio-relógio, coitado, preso eternamente em uma crise de identidade?

O QUE TERÁ ACONTECIDO A BABY JANE?

“Realizado por um diretor competente, com um roteiro exemplar e contando com duas atrizes em grande forma, O Que Terá Acontecido a Baby Jane? ocupa, com justiça, um espaço na história do cinema. É um brilhante exercício narrativo, cuidadoso na construção dos personagens, de suas relações e, conseqüentemente, na tensão que permeia toda a produção.”

Confiram minha crítica completa do clássico O Que Terá Acontecido a Baby Jane? em www.cineplayers.com.


Thursday, May 24, 2007

Na Última Quarta-Feira

"Na Última Quarta-Feira", texto sobre a heróica classificação de ontem contra o Defensor, já está na coluna "Sob a Bênção da Imortalidade".
Acessem http://www.finalsports.com.br/colunas_dupla/gremio.php, leiam, comentem, xinguem, elogiem.
Ninguém pára mais o Grêmio!

Monday, May 21, 2007

A Imortalidade em Noventa Minutos

Texto novo de minha autoria na coluna "Sob a Bênção da Imortalidade". É "A Imortalidade em Noventa Minutos", sobre a batalha da próxima quarta-feira contra o Defensor.

Apenas um Trabalho

Tudo o que ele queria uma cerveja. Nem precisava ser gelada. A intenção era somente que seu paladar sentisse o gosto amargo da cevada enquanto, sentado no balcão, pensaria na vida. Foi o que fez, cotovelos apoiados na madeira desgastada e fedorenta. Dois olhos fechados que enxergavam mais do que ele queria, revivendo as imagens dos erros que cometera durante os últimos dias.

Foi então que ele a viu. Sentada em uma mesa no canto, solitária, com uma Cuba Libre diante de si. A bebida parecia abandonada sobre a mesa, enquanto ela tragava seu cigarro com um estilo que ele jamais havia presenciado. Linda, ele pensou, nunca daria bola pra mim. Mas bem que ele precisava. Fazia mais de oito meses que não sabia o que era estar com uma mulher. Nesse momento da sua vida, com todos os problemas, aquilo seria um alívio.

Para surpresa dele, os olhares se cruzaram. Três segundos depois, ela levantou e foi na direção dele. Era mais bonita do que ele imaginava. Apesar de pequena em altura, tinha tudo no lugar. Seios firmes que sutilmente subiam e desciam a cada passo, ansiando por escapar de um vestido que só poderia ser alguns números menor. Pernas que fizeram-no pensar no desperdício que seria se permanecessem juntas por toda a noite. E o rosto. Que rosto.

- Tudo bem? – perguntou ela, com uma voz angelicamente maliciosa, enquanto sentava ao lado dele, cruzando as pernas.

- Oi – ele respondeu, ainda incrédulo que uma mulher daquelas estivesse dando-lhe atenção.

- Tudo bem com você? Parece meio abalado.

- Sim, estou com alguns problemas.
- Quero ajudar – disse ela, com um olhar que quase o fez derrubá-la no chão e possuí-la ali mesmo.

- O que você faz num lugar desses? – ele indagou, tentando descobrir por que uma mulher daquelas estava solitária em um bar de segunda categoria.

- Estou trabalhando.

Puta, pensou ele. Só podia.

- Legal. E o que você faz?

- Resolvo problemas.

- Tipo o meu?

- Tipo o seu.

Ele deu mais um gole da cerveja já quente. Perguntou:

- Quanto você cobra?

- O suficiente para deixar o cliente satisfeito.

- E se eu for exigente?

- Eu dou conta.

Ela ainda segurava o cigarro. Era tão linda que, saindo da boca dela, o cheiro da fumaça parecia um perfume.

- Por que não vamos para outro lugar? – ofereceu ela.

- Tipo onde?

- Seu apartamento.

- Agora?

- Agora.

Trocaram um rápido olhar e, sem mais nada dizer, levantaram-se. Ele jogou uma nota de alto valor sobre o balcão, sem pensar na gorjeta que dava. Saíram do ambiente esfumaçado para a rua fria. Ela colocou o casaco e passou o braço por entre o dele.

- Onde está seu carro? – ela perguntou.

- Logo ali.

A noite escura de inverno estava silenciosa. Passaram pelos restos de um cachorro atropelado na rua, o que fez voltar à mente dele as imagens que o perturbavam. Ninguém estava por perto.

Chegaram ao carro. Ele desligou o alarme e ela o puxou, ficando de frente um para o outro. Os rostos distanciavam-se apenas alguns centímetros. Ele ansiava por um beijo.

Ela o trouxe para mais perto de si e colou os lábios nos dele. O frio foi esquecido por breves e quentes segundos. O braço direito dela subiu, envolvendo o pescoço dele.

A faca entrou com a facilidade de quem já sabe o que faz. Na nuca, em um movimento de baixo para cima. Pouco sangue, morte rápida e eficiente.

Ela afastou o rosto do dele. A vida se esvaía lentamente daqueles olhos que viram e erraram demais. Ela adorava este momento, esta visão. Deleitava-se no poder que sentia ao ser responsável por uma morte.

O corpo caiu já sem vida. Ela olhou em volta, retirou a faca e a limpou. Luvas e roupas continuavam limpas como antes. Enrolou a arma em um saco plástico, guardou-o na bolsa e partiu.

Ele ficou deitado na rua, a apenas alguns metros da carcaça do cachorro atropelado.

Mais um contrato bem cumprido, ela pensou.

Friday, May 18, 2007

Às Compras


- Quero comprar um sorriso.

- Algum problema com o seu?

- Ele não funciona mais.

- Problema de fabricação?

- Não, ele funcionava bem. É que esgotou a esperança.

- E não é mais fácil comprar esperança para recarregá-lo?

- Seria, se ela não estivesse tão em falta.

Thursday, May 17, 2007

Na Próxima Quarta-Feira

“Na próxima quarta-feira, os guerreiros que entrarão em campo vestindo as mais poderosas três cores do planeta não disputarão uma partida de futebol, mas uma luta pela vida. Noventa minutos onde o suor dos uruguaios será pouco para conter o sangue que os gremistas destilarão pelos poros.”

Trecho de “Na Próxima Quarta-Feira, minha coluna de hoje no espaço “Sob a Bênção da Imortalidade”.

Acessem http://www.finalsports.com.br/colunas_dupla/gremio.php e confiram.

Wednesday, May 16, 2007

Violência

- Oi. Acho que perdi algo aqui.

- É mesmo? E o que foi?

- Uma bala.

- Uma bala?

- Sim. Viu-a por aí?

- Sim. Está lá com a minha filha. Guardou-a no coração.

Tuesday, May 15, 2007

CURTINDO A VIDA ADOIDADO

Tem crítica minha do inspirador Curtindo a Vida Adoidado em www.cineplayers.com. Confiram.

Monday, May 14, 2007

Papai é o Maior

Tem texto novo meu no espaço "Sob a Bênção da Imortalidade", em www.final.com.br
Acessem e confiram "Papai é o Maior", sobre como eu virei gremista.

Friday, May 11, 2007

Filmes de Abril

Depois de um tempo ausente, eis a lista dos filmes que vi no mês, com respectiva cotação e comentários.


A GENERAL (THE GENERAL) – EUA, 1927 ****1/2
De Buster Keaton. Com Buster Keaton, Glen Cavender, Jim Farley, Marion Mack e Frederick Vroom.

Um grande clássico do cinema americano, que faz jus à sua reputação. Praticamente impecável do início ao fim, A General é a prova de que filmes mudos não precisam ser chatos. Graças à genialidade e impressionante timing cômico de Buster “O homem que nunca ri” Keaton, a obra faz rir e ainda apresenta cenas elaboradas que impressionam até hoje.

ADAPTAÇÃO (ADAPTATION) – EUA, 2002 ****1/2
De Spike Jonze. Com Nicolas Cage, Meryl Streep, Chris Cooper, Tilda Swinton, Brian Cox, Maggie Gylenhall e Ron Livingston.

Charlie Kaufman não erra. O mais original roteirista americano e o diretor Spike Jonze deram seqüência ao sucesso de Quero Ser John Malkovich com esta obra que transpira criatividade. Utilizando-se de constantes exercícios de metalinguagem e críticas à indústria cinematográfica, Kaufman cria um filme surpreendente, que conta a história do próprio Kaufman escrevendo o roteiro de Adaptação. Como sempre, a premissa é bem explorada, rendendo momentos, diálogos e personagens impagáveis, encarnados com maestria pelo elenco.

36 (36 QUAI DES ORFÉVRES) – França, 2004 ****
De Olivier Marchal. Com Daniel Auteuil, Gerard Depardieu, André Dussollier, Valeria Golino e Daniel Duval.

Interessantíssimo policial francês que valoriza o desenvolvimento dos personagens no lugar da ação. O ritmo lento e introspectivo, apesar de arrastar o filme algumas vezes, auxilia na construção de um ambiente soturno e melancólico, refletindo o estado de espírito dos protagonistas. Com isso, os ótimos Auteuil e Depardieu ganham espaço, construindo personagens convincentes em situações realistas.

A FAMÍLIA DA NOIVA (GUESS WHO) – EUA, 2005 **
De Kevin Rodney Sullivan. Com Bernie Mac, Ashton Kutcher, Zoe Saldana, Judith Scott e Hal Williams.

Filme boboca que só consegue alguma coisa graças à dinâmica entre Kutcher e Mac. Bons comediantes, os atores superam a falta de criatividade e inspiração do roteiro (que não deixa de ser uma versão de Entrando numa Fria) em momentos esporádicos, mas nada que seja suficiente para tornar A Família da Noiva um divertimento recomendável.

RICKY BOBBY: A TODA VELOCIDADE (TALLADEGA NIGHTS – THE BALLAD OF RICKY BOBBY) – EUA, 2006 ***
De Adam McKay. Com Will Ferrel, John C. Reilly, Amy Adams, Michael Clarke Duncan, Sacha Baron Cohen e Leslie Bibb.

Assim como Jim Carrey, Will Ferrel é um cara disposto a fazer qualquer coisa para o público rir. Ricky Bobby: A Toda Velocidade é um poço de idiotice, um filme repleto de cenas imbecis e personagens mais ainda. No entanto, é engraçado. O besteirol é constante e, boa parte das vezes, funciona, com cenas realmente capazes de fazer o público rir. Ferrel é um ótimo comediante e aqui ainda recebe os acréscimos de um hilário John C. Reilly e do agora estrela Sacha Borat, ops, Baron Cohen.


O HOMEM URSO (THE GRIZZLY MAN) – EUA, 2005 ****
De Werner Herzog.

Belíssimo filme de Herzog sobre Timothy Treadwell, um homem que passou grande parte de sua vida estudando ursos, até ser morto por um deles. Mais do que um documentário sobre a carreira do explorador, Herzog investiga a fundo a personalidade de Treadwell, tentando descobrir os motivos que fizeram este homem virar as costas para a sociedade e preferir a companhia de animais. Um fascinante estudo sobre a natureza humana.

MENINA MÁ.COM (HARD CANDY) – EUA, 2005 ***1/2
De David Slade. Com Patrick Wilson, Ellen Page, Sandra Oh e Odessa Rae.

Surpreendendo desde os primeiros minutos, Menina Má.com é um filme muito interessante, passando-se quase que inteiramente no mesmo local e com pouquíssimos personagens. David Slade consegue arrancar boa tensão na relação entre Wilson e Page, contando com bons trabalhos dos dois atores e mantendo sua câmera sempre fechada no rosto dos protagonistas. O filme acaba se prejudicando um pouco por não ter tanta história para desenvolver, mas resulta como um suspense acima da média e exercício de estilo que merece ser visto.

VALE PROIBIDO (DOWN IN THE VALLEY) – EUA, 2005 **
De David Jacobson. Com Edward Norton, Evan Rachel Wood, David Morse, Rory Culkin e Bruce Dern.

Os dois primeiros atos de Vale Proibido são ótimos, com Norton construindo um personagem adorável e extremamente interessante. Infelizmente, o diretor Jacobson se perde na terceira parte do filme, quando surgem algumas revelações sobre o protagonista e a obra se estende de maneira incrivelmente tediosa por um caminho desnecessário. A mudança de tom quebra a apreciação por parte do espectador, que fica com aquele gostinho de que Vale Proibido poderia ter sido muito mais.

UM GRITO NO ESCURO (A CRY IN THE DARK) – EUA, 1988 ***
De Fred Schepisi. Com Meryl Streep, Sam Neill, David Reeves e David Hoflin.

Baseado em uma história real, Um Grito no Escuro é, principalmente, um veículo para mais uma brilhante interpretação de Streep. Ainda que o espectador saiba a verdade sobre o fato em questão, a atriz consegue criar dúvidas sobre a culpabilidade da personagem apenas através de suas expressões e postura. No mais, é um filme de tribunal comum, ainda que eficiente, feito sem ousadia ou criatividade.

TERRA DOS MORTOS (LAND OF THE DEAD) – EUA, 2005 *
De George A. Romero. Com Simon Baker, John Leguizamo, Dennis Hopper, Asia Argento e Robert Joy.

Apesar de ter praticamente criado os filmes de zumbi, Romero parece não ter percebido que o “gênero” acabou se tornando uma espécie de paródia de si mesmo. Levando-se a sério demais e sem a originalidade que Zack Snyder imprimiu em Madrugada dos Mortos, a última obra de Romero é surpreendentemente sem graça, sem tensão alguma ou personagens interessantes. Um esforço desnecessário para o grande mestre do gênero.

O PODEROSO CHEFÃO (THE GODFATHER) – EUA, 1972 *****
De Francis Ford Coppola. Com Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Richard Castellano, Diane Keaton, Talia Shire e John Cazale.

Escrever sobre O Poderoso Chefão é difícil, uma vez que palavras jamais farão jus à obra. Irrepreensível desde o monólogo inicial à sensacional cena de encerramento, o filme é talvez uma das mais completas peças cinematográficas já produzidas, com atuações magistrais, personagens moralmente complexos, direção com completo domínio narrativo e uma trama construída de maneira cuidadosa e surpreendente. Um dos melhores filmes de todos os tempo, que faz parte da cultura mundial. Impossível cansar de assistir.

BRUBAKER – EUA, 1980 ****
De Stuart Rosenberg. Com Robert Redford, Yaphet Kotto, Jane Alexander, Murray Hamilton, David Keith e Morgan Freeman.

Redford é o destaque nesta interessante versão da história real do diretor de uma prisão. Trazendo a clássica história do homem de princípios lutando pelo que acredita e contra o sistema, Brubaker perde pontos apenas por sua longa duração e o excesso de subtramas, mas é um filme que consegue fazer com que o espectador torça pelo protagonista até o final.

MISS SIMPATIA 2: ARMADA E PERIGOSA (MISS CONGENIALITY 2 – ARMED AND FABULOUS) – EUA, 2005 **
De John Pasquin. Com Sandra Bullock, Regina King, Enrique Murciano, William Shatner, Ernie Hudson e Treat Williams.

Continuação de Miss Simpatia, bastante inferior ao original, que já não era grande coisa. Sandra Bullock continua com boa presença em tela e agora recebe a companhia de Regina King, que normalmente rouba as cenas nos projetos em que aparece. Aqui, as duas são prejudicadas por um roteiro caótico e sem inspiração, que não cria piadas boas e não se preocupa em amarrar a trama. Uma ou outra cena é salva por Bullock e King, mas é muito pouco.

O PODEROSO CHEFÃO – PARTE II (THE GODFATHER – PART II) – EUA, 1974 *****
De Francis Ford Coppola. Com Al Pacino, Robert De Niro, Robert Duvall, Talia Shire, Diane Keaton, John Cazale, Lee Strasberg, Michael V. Gazzo e Bruno Kirby.

Ainda prefiro o filme original, mas O Poderoso Chefão – Parte II é tão bom quanto. Francis Ford Coppola dá continuidade à saga da família Corleone ao mesmo tempo em que mostra a ascensão de Vito. As duas tramas paralelas são compostas de maneira exemplar, uma contrapondo-se e dando valor à outra: enquanto Vito cria uma família, Michael, apesar de todos os seus esforços, acaba por destruir a sua. A construção dos personagens é fabulosa e as atuações idem, sem contar as dezenas de seqüências e diálogos que já entraram para a história. Assim como o primeiro filme, inesquecível.

UM BEIJO A MAIS (THE LAST KISS) – EUA, 2007 ***1/2
De Tony Goldwyn. Com Zach Braff, Jacinda Barrett, Rachel Bilson, Casey Affleck, Tom Wilkinson, Blythe Danner e Harold Ramis.

Um Beijo a Mais é a refilmagem de um sucesso recente do cinema italiano, O Último Beijo. Ainda que não mantenha a mesma qualidade da versão original, a tentativa americana é eficiente, com boas considerações sobre relacionamentos. Mas o filme de Tony Goldwyn não consegue dar o mesmo destaque a todos os personagens e as tramas secundárias perdem a força, inclusive aquela sobre os pais da protagonista. Além disso, o filme tem um final completamente anti-climático. A trama principal, no entanto, sobre os dois personagens principais, é boa, com diálogos interessantes e Braff e Barret têm boa química juntos.

O PODEROSO CHEFÃO – PARTE III (THE GODFATHER – PART III) – EUA, 1990 ****1/2
De Francis Ford Coppola. Com Al Pacino, Diane Keaton, Andy Garcia, Joe Mantegna, Talia Shire, Sofia Coppola, Eli Wallach, Bridget Fonda e George Hamilton.

Ainda que inferior às duas partes anteriores (o que, convenhamos, não é nenhum pecado), O Poderoso Chefão – Parte III é um belíssimo filme, que encerra de maneira justa a saga dos Corleone. Algumas seqüências parecem mera encheção de lingüiça e as atuações não são tão uniformes, mas o filme possui inúmeras qualidades, como o retrato amargurado de Michael Corleone e seqüências como a do tiroteio e o final na ópera. Não é uma obra-prima, mas não deixa de ser um grande filme.

SIN CITY – A CIDADE DO PECADO (SIN CITY) – EUA, 2005 *****
De Robert Rodriguez e Frank Miller. Com Bruce Willis, Benicio Del Toro, Jessica Alba, Mickey Rourke, Elijah Wood, Carla Gugino, Powers Boothe, Rutger Hauer, Clive Owen, Rosario Dawson, Michael Clarke Duncan, Nick Stahl, Devon Aoki, Alexis Bledel, Michael Madsen, Brittany Murphy e Josh Hartnett.

Mistura exuberante de um visual arrebatador com um roteiro inteligente, Sin City traz uma coleção impressionante de astros se divertindo à beça. Diálogos inteligentes e afiados são a cereja do bolo para uma galeria de personagens à margem da lei e um apuro estético sem igual. Rodriguez criou não apenas um deleite para os olhos com sua técnica, mas um filme divertidíssimo de se assistir, que ajudou a desenvolver uma nova maneira de fazer cinema.

SERPENTES A BORDO (SNAKES ON A PLANE) - EUA, 2006 ***
De David R. Ellis. Com Samuel L. Jackson, Julianna Margulies, Nathan Phillips, Rachel Blanchard e Flex Alexander.
O filme que gerou o maior buzz na internet não fez jus à expectativa. Assumidamente trash, Serpentes a Bordo foi prejudicado pela direção de Ellis e pelo roteiro, que levam-se a sério demais em diversos momentos. O clima de deboche ocasionalmente dilui-se na obra, mas Samuel L. Jackson continua “o cara” e a obra oferece momentos divertidos, bem ao estilo do gênero. Funciona, mas fica longe da obra-prima trash O Ataque dos Vermes Malditos.

NÓ NA GARGANTA (THE BUTCHER BOY) – Irlanda, 1997 ****
De Neil Jordan. Com Eammon Owens, Stephen Rea, Fiona Shaw e Alan Boyle.

O talentoso Neil Jordan acerta a mãe nesse filme narrativamente difícil. Combinando de maneira magistral fantasia e realidade, humor e drama, o cineasta cria um retrato perturbador da mente de uma criança problemática e as conseqüências às quais isso leva. O garoto Eammon Owens assume o papel com muita energia, nesse filme que causa impacto e faz pensar.

O MAIOR AMOR DO MUNDO – Brasil, 2006 ***1/2
De Cacá Diegues. Com José Wilker, Taís Araújo, Sérgio Brito, Deborah Evelyn, Hugo Carvana, Marco Ricca, Ana Sophia Folch e Stepan Nercessian.

O Maior Amor do Mundo é mais um acerto na recente cinematografia nacional. Apesar de alguns deslizes, como o protagonista ser um cara excessivamente tedioso e personagens que desaparecem sem muito sentido, a obra de Diegues tem momentos belos e boas soluções. A crítica social, de certa forma, é eficiente e a surpresa final é capaz de emocionar.

AS BRANQUELAS (WHITE CHICKS) – EUA, 2004 *
De Keenen Ivory Wayans. Com Shawn Wayans, Marlon Wayans, Jaime King, John Heard e Terry Crews.
Um dos maiores atentados à Sétima Arte. Simplesmente um dos filmes mais execráveis já produzidos. Tenebroso do início ao fim, com piadas grotescas e completamente sem graça, timing cômico reduzido a zero, tanto por parte dos atores quanto do diretor, e, claro, uma falta de lógica que chama o espectador de burro a todo momento. Algumas cenas fariam os irmãos Lumiére se revirar no túmulo, apenas por saber que sua invenção deu oportunidade para esse lixo.

MUITO BEM ACOMPANHADA (THE WEDDING DATE) – EUA, 2005 **1/2
De Clare Kilner. Com Debra Messing, Dermott Mulroney, Amy Adams, Jack Davenport e Sarah Parish
.
Comédia romântica sem sal, que até rende alguns bons momentos, mas segue à risca a fórmula do gênero. Messing e Mulroney têm certa química juntos, fazendo com que assistir a Muito Bem Acompanhada não se torne um problema. No entanto, faltam situações engraçadas no roteiro e mais cuidado no desenvolvimento do romance, que acontece de uma hora pra outra.

A COLHEITA DO MAL (THE REAPING) – EUA, 2007 **
De Stephen Hopkins. Com Hilary Swank, David Morrissey, Idris Elba, AnnaSophia Robb e Stephen Rea.

Se funciona em sua primeira metade, A Colheita do Mal colapsa desastrosamente na parte final. O ponto de partida é intrigante o suficiente para manter o espectador interessado por um tempo, mas as soluções propostas e a falta de lógica da trama jogam tudo por água abaixo. Nem a talentosa Swank consegue salvar o filme, que culmina em excessos desnecessários, inclusive em termos de efeitos visuais.

Burra

De que me valem teus beijos
Se dentro de teus belos olhos
Por algo procuro e nada vejo?

Thursday, May 10, 2007

Eles são apenas humanos

Nós somos imortais.

Acessem e leiam minha coluna sobre a batalha de ontem: http://www.finalsports.com.br/colunas_dupla/gremio.php

Wednesday, May 09, 2007

Santa Visita

Pergunto-me se a visita do papa ao Brasil realmente merece tanta atenção. Está em tudo o que é lugar na mídia, pessoas e autoridades se mobilizando, as cidades “honradas” com a presença do pontífice modificando sua rotina. Tudo isso por um velhinho alemão que não vai trazer nada para o país. Se estou enganado, que me provem o contrário.

Deixando qualquer crença (ou falta dela) de lado, pergunto o que a visita do milionário pontífice tem a oferecer de bom para o Brasil. Ideologicamente, a Igreja é uma instituição quase falida, que a cada dia perde mais fiéis e seguidores por manter-se presa a tradições, conservadorismo e uma visão radical sobre fatos que mudaram muito ao longo dos anos. A Igreja, talvez a maior responsável por mortes em toda a História do mundo, parece ter parado no tempo, recusando-se a aceitar novos pensamentos e a ouvir a razão.

Nisso, o papa vem nos visitar. Nada contra aquele velhinho simpático. Parece ser um cara legal, gente boa, mas – porra! – a gente tem mais para se preocupar do que ficar puxando o saco desse senhor que vive no meio do ouro, do luxo e que acha que vai solucionar os problemas do mundo pedindo ajuda pra um barbudo invisível.

Se ele quer visitar o Brasil, que o faça como um turista normal. Que vá conhecer as belas praias do nordeste, andar no bondinho do Pão de Açúcar, se enfiar no meio do Pantanal. Mas, sinceramente, não vejo motivo para que exista toda essa comoção em torno da visita do ex-nazista. Investir, por exemplo, no Pan-Americano é outra coisa: haverá um retorno na economia durante a competição, além da clara visibilidade que o país recebe. Mas o papa? Quem dá bola se o papa está aqui? E o que ele pode fazer por nós?

Pelo que eu sei, o Bento que não é Chico vem pras terras tupiniquins com o principal objetivo de aproximar a Igreja Católica dos jovens, o que, por si só, já é algo discutível: se, por um lado, a Igreja consegue colocar valores humanitários nas cabeças em formação, por outro ela é capaz de doutrinar e prender através de uma lavagem cerebral que impede as pessoas pensarem. Então, essa aproximação dos padres com os jovens (quem pensou em pedofilia nessa frase foram vocês, essa não foi minha intenção) já merece ser vista com certa desconfiança.

Mas não há nada que se possa fazer. O bom velhinho está chegando, mas não vai dar presentes pras criancinhas. Nem ajudar ninguém. Ele vem pra falar algumas coisas, continuar tentando substituir o carisma do JP, ficar em hotéis de luxo, comer do bom e do melhor e deu. Nada vai mudar. Depois disso, volta pro Velho Mundo, pro seu aconchegante, dourado e reluzente Vaticano, e continua trabalhando contra a evolução do pensamento e da razão.

Então chega de holofotes pra cabeça branca do pontífice. Vamos nos preocupar com o que realmente interessa.

HOMEM-ARANHA 3




Em poucas palavras, Homem-Aranha 3 é uma decepção. Gosto do primeiro filme da série e adoro o segundo, colocando-o lado a lado com X-Men 2 como a melhor adaptação de quadrinhos para o cinema. No entanto, apesar de a equipe envolvida ser a mesma, a terceira aventura do aracnídeo é a mais irregular delas. Não é um filme ruim, que fique claro. Sam Raimi continua acertando ao trabalhar o personagem de Peter Parker, jamais esquecendo suas características humanas. Em certo momento do filme, por exemplo, o próprio Parker diz: "No fundo, ainda me considero apenas um nerd do Queens", um exemplo de como o roteiro busca tirar do Homem-Aranha a imagem de um herói indestrutível. Claro que, para isso, Tobey Maguire tem grande função, com sua cara de vizinho boboca que jamais passaria por defensor dos fracos e oprimidos. Além disso, Homem-Aranha 3 apresenta uma série de cenas bacanas, como a primeira aparição do Homem de Areia (talvez a melhor cena do filme) e o clímax. Mas, há diversas coisas a reclamar. A primeira delas é o excesso de personagens. Há, no mínimo, cinco que podem ser considerados protagonistas: Parker/Aranha, Mary Jane, Harry/Duende, Marko/Areia e Brock/Venon, isso sem contar as dezenas de outros, como J. J. Jameson, Gwen Stacy, Tia May e o policial Stacy. Com essa caravana de personagens, é óbvio que não há possibilidade de desenvolvê-los de forma satisfatória, o que deixa a sensação de que estão lá apenas para agradar aos fãs mais ardorosos (leia-se: nerds). Além do desperdício de talento de atores como James Cromwell e Bryce Dallas Howard, este excesso de personagens importante impede que Raimi crie um foco na trama, perdendo-se em subtramas que soam superficiais e desnecessárias. Com isso, Homem-Aranha 3 chega a excessivamente longos 150 minutos de projeção, com uma história repleta de altos e baixos. Outro problema é a abrodagem na questão do simbionte. O que parecia ser o aspecto mais interessante da trama (a luta de Peter contra seu "lado negro") acaba sendo tratado de maneira errônea por Raimi. As cenas de conflito interior proporcionadas pelo "invasor alienígena" são poucas - ainda que eficientes -, porque o diretor prefere criar seqüências incrivelmente embaraçosas e completamente fora de tom com Parker virando uma espécie de bad boy sedutor. São momentos constrangedores e que desperdiçam o grande potencial da obra (é impossível não rir quando Maguire aparece com aquela franjinha e os olhos maquiados de preto). Tudo isto acaba prejudicando a apreciação de um filme que, com um pouco mais de objetivo e seriedade, tinha tudo para dar certo. Não é uma obra ruim e vai continuar lotando os cinemas. Mas não é o que poderia ser. Não é, por exemplo, um Homem-Aranha 2.
Nota: 6.0

Tuesday, May 08, 2007

O Homem de Gelo - Confissões de um Matador da Máfia


Bastante conhecido nos EUA e nem tanto no Brasil, Richard Kuklinski é um dos mais famosos assassinos de todos os tempos. Apelidado de Homem de Gelo, por congelar algumas de suas vítimas com o objetivo de atrapalhar a polícia a descobrir o tempo da morte, Kuklinski era um homem que matava por puro prazer, tornando-se assassino de aluguel para diversas famílias da máfia italiana. Ao mesmo tempo, Richard era um pai de família, capaz de fazer tudo por suas filhas e que amava sua esposa, que jamais desconfiou sobre o monstro com o qual havia casado. Essa história perturbadora e real é trazida ao público pelo autor Phillip Carlo no livro O Homem de Gelo – Confissões de um Matador da Máfia, depois de passar mais de 200 horas entrevistando o assassino para formar um retrato apavorante de um homem sem a menor consideração pela vida alheia. Ainda que o texto de Carlo não seja dos melhores, a vida de Richard é suficiente para manter o leitor preso às páginas, perplexo diante da crueldade do assassino. O prazer e a satisfação que ele sentia ao torturar e executar suas vítimas são inacreditáveis, assim como o próprio número de pessoas assassinadas por Kuklinski, que estima-se em mais de 200. Carlo forma a personalidade de Kuklinski desde a infância problemática (o maior arrependimento da vida dele foi não ter matado o pai), colocando semente na discussão sobre se ele é assim de nascença ou se apenas virou um monstro em função dos abusos do pai. É um livro com uma história impressionante sobre um ser humano que conseguia demonstrar amor por sua família e um sentimento apenas de desprezo por todos os outros homens. Ainda que o autor demonstre gostar de Kuklinski, sentimento que fica bem claro nas páginas finais e que não deixa de ser moralmente reprovável, é fascinante acompanhar essa viagem na psicologia e na história de um dos maiores serial killers de todos os tempos.

P.S.: Casagrande, foi por esse livro que troquei O Caçador de Pipas, ok?

Monday, May 07, 2007

Sob a Bênção da Imortalidade

Novidade.
Há algum tempo, pouco antes do título do Inter na Libertadores, recebi um e-mail com um texto. Era sem autor e tratava-se de uma carta do clube Internacional para o clube Grêmio. Senti-me compelido a responder e redigi um texto como se fosse o clube Grêmio respondendo para o clube Internacional. O texto circulou pela internet e chegou até o autor colorado, que entrou em contato comigo.
Tivemos conversado por e-mail e orkut desde então. Há algum tempo, ele me disse que estava com planos de implementar um projeto no site no qual trabalha, www.final.com.br, um respeitado portal sobre esportes, principalmente futebol, gaúcho.
A idéia era criar um espaço diário para que autores selecionados escrevessem sobre o Grêmio e sobre o Inter. Diariamente. Eu fui convidado para ser um dos autores gremistas, obviamente. São três para cada lado, cada um assumindo dois dias por semana. Meus textos serão veiculados nas segundas e nas quintas.
A diferença entre outros sites de esportes é que este é um espaço para torcedores, não jornalistas. Então, os textos não são de notícias, mas redigidos com emoção, com paixão de torcedor. O lado gremista recebeu o nome "Sob a Bênção da Imortalidade" e o colorado está denominado "À Sombra dos Eucaliptos".
E por que estou falando disso hoje? Porque hoje, segunda-feira, 07/05, foi publicado o primeiro texto. De minha autoria. Amanhã será outro autor, quarta outro e quinta eu volto. E assim por diante.
Então, visitem. O site é www.final.com.br. Visitem não apenas os meus, mas os outros também. Deixem aí nos favoritos e entrem diariamente. Leiam, comentem, xinguem, elogiem e divulguem. Se futebol é tema pra discussão, nossos textos também devem ser.
Abraços

Sunday, May 06, 2007

Dono


É, co-irmãos, sinto dizer, mas esta terra tem dono.

Friday, May 04, 2007

O Trono

Cagar é um dos maiores estímulos culturais da humanidade. Em dias nos quais cada segundo é contado e o tempo é cada vez mais precioso, os ricos minutos da ida ao toalete são uma opção para colocar a leitura em dia e acelerar a mente com novas idéias. A inevitável hora da cagada é um argumento contra a desculpa dos preguiçosos que dizem não ter tempo para ler, uma vez que todo mundo caga, inclusive a Gisele Bündchen.

Particularmente, não vou ao banheiro sem uma leitura em mãos. Na falta disso, já levei até calculadora pra ficar brincando com os números e descobri composições químicas de shampoos e sabonetes. Mas nada supera uma boa revista com a qual se entreter na hora do esforço. Os banheiros da minha casa, por exemplo, têm opções das mais variadas: revistas de variedades, palavras cruzadas, gibis da Turma da Mônica e, de vez em quando, livros. Tudo para proporcionar aos moradores e aos nossos visitantes uma cagada repleta de cultura e excitação intelectual.

Claro que livros não são a melhor pedida para os momentos de confinamento solitário no banheiro. Como essa tarefa, salvo algumas exceções, é realizada em poucos minutos, o acompanhamento de um livro pode ser um exercício decepcionante, já que é possível ler apenas poucas páginas. Por isso, nada como uma boa revista e jornais. São leituras rápidas, com conteúdo e entretenimento, quase que criadas para estes momentos.

Que o tempo é o principal ponto a favor da cagada como estímulo à leitura não resta dúvida. Ninguém quer ficar cinco minutos encarando um azulejo. Mas há outros motivos que fazem da casinha um local mais do que propício à absorção de cultura. O principal deles é o silêncio. Ninguém por perto gritando, nada de televisão ou telefones. Paz total. Concentração cem por cento. Exceto, claro, aquelas cagadas que exigem mais da gente. Mas estas são raras.

Até agora me detive apenas na leitura, mas o momento do despejo das excreções também dá oportunidade à grandes reflexões. Quando não se tem nada pra ler e como não se tem nada pra enxergar (só se olha o dejeto depois de pronto, lembram?), sobra o pensamento. Soltar a imaginação. Imaginem quantas grandes idéias que facilitam nossa vida atualmente tiveram sua origem em cagadas.

Newton, por exemplo. Conta a lenda que ele começou a elaborar a teoria da gravidade sentado embaixo de uma árvore. Já se perguntaram o que ele fazia ali? E quantas idéias para cinema, literatura, música ou qualquer outra forma de arte devem ter surgido no banheiro? Quem disse que o cara que inventou o palito de dentes não teve essa luz enquanto cagava? Ou o criador do clips? Do forno microondas?

E a idéia para esse texto? De onde será que surgiu?

Thursday, May 03, 2007

O erro do São Paulo



O São Paulo cometeu um erro fatal no jogo de ontem: ganharam do Grêmio. Isso é provocar um gigante. Os paulistas teriam mais chance de se classificar se tivessem perdido o jogo. Agora eles vão enfrentar o mesmo Grêmio que patrolou o Caxias. O mesmo Grêmio que despachou o Cerro. E vão enfrentar o adversário da foto acima. Erro de estratégia são-paulina: ganhar o primeiro jogo do Grêmio é assinar uma sentença de morte.